Até recentemente, não entendia a razão de alguma certa esquerda lusa e brasileira
(e claro, mundial), que vai se orientando à custa da luta anti-ucraniana, de chamar os
terroristas do leste da Ucrânia de “revolucionários”. Depois de ver os anúncios
“imobiliários” dos últimos finalmente percebi a razão...
Para contrariar a imagem dos brutamontes analfabetos especializados nos assaltos
às lojas e hipermercados (ver METRO), neste momento os separatistas se viraram às
atividades mais nobres: venda e aluguer dos apartamentos “abandonados”. Isso é,
o apartamento é classificado pelos terroristas de “abandonado” desde que lhes
parece apetecível, por qualquer motivo que seja.
No seu twitter, a “imobiliária”
separatista publicita o aluguer dos diversos apartamentos:
“Sloviansk. Avenida Pushkin. Apartamento T0 abandonado. Quase toda a
mobília e electrodomésticos são intactos. Preço diário 100 UAH / dia (8,8 USD)”
(publicado em 11 de Junho de 2014, às 10h16).
Aos verdadeiros proprietários dos imóveis e às pessoas que ficaram
indignados com o surgimento dessa veia capitalista dos “revolucionários”, estes
respondem em boa velha linguagem do “poder popular”:
“Todos os descontentes informamos – os apartamentos são a propriedade da
república popular de Donetsk. Quem fugiu (da cidade) – traiu nós e pagou pela
traição pela (disposição) da lei militar” (publicado em 11 de Junho de 2014, às
17h28).
A “imobiliária” terrorista informa que negoceia os apartamentos em Donetsk,
Luhansk, Mariupol, Sloviansk, Kramatorsk, Yenakievo, etc., aceitando o pagamento
em rublos, UAH, dólares e Euro. Os terroristas dizem que “garantem 100% a
segurança dos moradores”, no caso de necessidade podendo “disponibilizar-lhes
os seguranças”.
Além disso, os terroristas informam que os apartamentos por si apropriados pertenciam
aos “donos que se mudaram para Ucrânia” e que eles, os “revolucionários”, já
mudaram as fechaduras dos mesmos. O facto de os terroristas afirmarem que possuem
os documentos de propriedade de alguns apartamentos, faz duvidar da entrega “voluntária” dos mesmos à “imobiliária”.
É bem possível que os moradores locais que deixaram a cidade temporariamente
vão ficar surpreendidos quando reconhecerem as suas próprias casas nas fotos
publicadas na Internet. Mas mesmo a participação no “referendo” separatista não
irá lhes valer muito, se os terroristas os consideram os traidores não haverá nada
a fazer.
No fim, voltamos aos nossos idiotas úteis da esquerda e aos “revolucionários
imobiliários”. Caso estejamos perante o “poder popular” que advoga a “expropriação
dos expropriadores”, estes terríveis burgueses, digo nazis, digo ucranianos, então
realmente estamos perante os “revolucionários”. Pois nenhuma revolução
socialista pode prescindir do roubo sagrado, digo a destruição da propriedade
privada e da redistribuição das riquezas. E ai, quem estiver fora de Donetsk é
capitalista!
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