As legislativas
ucranianas do passado dia 28 ofereceram algumas surpresas agradáveis. A principal
é a ascensão da Coligação VO Svoboda
(Liberdade) ao estatuto do partido nacional.
Se nas legislativas de
2006 a VO Svoboda obteve 0,4% dos votos; em 2007 passou para 0,7%, neste
momento já está a alcançar o marco de 10,32%. Mais as vitórias já confirmadas
nos círculos uninominais permitem ao partido ter o grupo parlamentar de 30-35
deputados.
Na capital ucraniana,
em Kyiv, a VO Svoboda teve apoio dos cerca de 20% dos eleitores; partido
consegui eleger o seu primeiro deputado no centro-leste do país, na cidade de Poltava,
onde Yuriy Bublyk com 36,45% dos votos (29.974
eleitores), superou uma dúzia de candidatos técnicos do Poder.
Corrupção massificada
Um dos marcos das
eleições de 2012 foi a corrupção massificada, intimidação dos adversários e o uso
do “recurso administrativo” por parte do Partido das Regiões e do governo ucraniano.
um grupo de "jornalistas" tenta intimidar VO Svoboda foto @Roman Chornomaz |
No círculo uninominal №
223 (cidade de Kyiv), a Comissão Nacional de Eleições registou oficialmente o
facto de falsificação de dados a favor do candidato independente (apoiado pelo
poder) Viktor Pylypyshyn, cujo adversário principal é Yuri Levchenko da VO Liberdade
(no 4º dia da contagem de votos nesta assembleia foram contabilizados apenas
64,35% dos votos!)
Como resultado, o chefe
da comissão eleitoral tentou abandonar o local de apuramento de dados, foi
detido pelos cidadãos (a polícia de segurança pública não exerce a sua autoridade,
mantendo a “neutralidade” perante atropelos da Lei eleitoral), escreve Aratta-ukraine.com
Nos círculos uninominais
№ 217 e № 215 (Kyiv), o chefe da comissão eleitoral, Ihor Krinytsya informou
que foi vítima da tentativa de suborno no valor de 13.000 dólares, em troca de
falsificação dos resultados da votação. Ele afirmou também que a tentativa foi
feita pelo representante do Partido das Regiões. No círculo № 215 concorrem a secretária
permanente do conselho municipal de Kyiv, Halyna Gerega (independente apoiada pelo
poder) e Andriy Ilchenko da VO Svoboda (Andriy finalmente ganhou superando o adversário
em apenas 191 voto, 3 dias após o fecho das urnas!)
Oposição informa ainda que
no círculo № 216 (Kyiv), onde ganhou a candidata da oposição Xenia Lyapina, os
membros da comissão eleitoral receberam a proposta de suborno no valor de 10.000
dólares (para cada membro da comissão) pela falsificação dos resultados
eleitorais, escreve página LB.ua
Quo vadis?
As eleições foram
falsificadas, o ato eleitoral não foi democrático, nem transparente. A tentativa
do poder em alegar a honestidade das eleições através do uso de câmaras de CCTV
ou de urnas transparentes revelou-se fracasso total. Poder ucraniano tenta
implementar o modelo autoritário da “democracia dirigível”.
A oposição fortificou as
suas posições. A 2ª posição é ocupada pelo bloco próximo à Yulia Tymoshenko que
iniciou a greve de fome para protestar contra as falsificações. O parlamento
irá renovar-se, serão criados os novos grupos parlamentares: UDAR (pugilista
Vitaly Klitschko) e VO Svoboda.
Os perdedores
O maior perdedor foi o
partido “Sonho Ucraniano”, criado pelo Poder como simulacro da oposição. A sua
líder, Natália Korolevska, que teve o poder econômico para contratar o ex-futebolista
Andriy Shevchenko não conseguiu ultrapassar a barreira de 5% de votos
(amealhando cerca de 1,58%). Isso, apesar de possuir o orçamento mais que robusto,
aplicado em todo o tipo de publicidade, incluindo dissimulada, nos diversos
canais de distribuição: TV, rádio, jornais, Internet, painéis, etc.