sábado, janeiro 29, 2022

Donbas: a regra da primeira frase

Estação de Caminhos-de-ferro de Donetsk, Primavera de 2014. Imagem ilustrativa
Donbas é uma região específica, quando os idosos se atiram à você, em primeiro você os mandava para o alho, imediatamente, de forma muito rude, à bruta, em russo. 

Na primavera e no verão de 2014, tive um problema principal em Donetsk e Luhansk – não mostrar nenhuma identificação. Se mostrar os documentos que sou um jornalista americano residente na região de Kyiv é mau/ruim demais. Poderia ser um jornalista americano de Odessa, de Kharkiv, mas não de Kyiv, pior só seria a cidade de Lviv. 

Funcionava a regra da primeira frase. 

Junto à administração regional de Donetsk estavam os mais vigilantes – moradores locais, velhotes sob a forte influência da TV [russa]. À vista de qualquer jornalista novo, eles corriam na sua direcção aos gritos: “De onde é? De Kiev? Identificação!” Se você não mostrar-lhes os documentos, eles chamavam os guardas para que essa pessoa seja detida e levada às masmorras. 

Donbas é uma região específica, quando os idosos se atiram contra você, em primeiro você os mandava para o caralho, imediatamente, de forma muito rude, à bruta, em russo. 

Eles perdem a fala, sentem instantaneamente quem manda aqui, e é você, sem perder o tempo, fala conciliativamente: “Moscovo/u, jornalista”. E eles imediatamente olham para você com respeito. 

Eles sentem a humilhação, o entendem claramente como russo. Os humilhou – significa que você é um “deles”, ninguém mais pensará lhe pedir os documentos. 

Esta é uma pequena passagem do livro da fotojornalista ucraniano Efrem Lukatsky, contada, de forma livre, pelo próprio. No livro ele descreve mais de 30 anos de trabalho em diversos pontos quentes ao redor do globo (fonte).

quinta-feira, janeiro 27, 2022

O poder antitanque de alta precisão das Forças Armadas da Ucrânia

Segundo as fontes abertas, até 25 de janeiro de 2022, os aliados da Ucrânia, principalmente os EUA e o Reino Unido efectuaram os diversos fornecimentos de armamento defensivo, escreve o jornalista ucraniano Yuriy Butusov.

700 mísseis antitanque Javelin;

2200 morteiros antitanque NLAW;

200 morteiros de assalto BDM;

Certas quantidades de granadas cumulativas de fragmentação de 40 mm para morteiros automáticos;

Certas quantidades de munição 12,7 mm com efeitos incendiários e de alta perfuração.

O número total de armamentos antitanque de alta precisão no poder das Forças Armadas da Ucrânia até o dia 25 de Janeiro: 

Mísseis antitanque Javelin – 1.200 unidades;

Sistemas de lançamentos de Javelin – mais de 150;

Morteiros antitanque NLAW – 2.200 unidades;

Mísseis guiados antitanque de fabrico ucraniano: Stugna / Korsar / Barrier – cerca de 7.800;

Sistemas de lançamento dos mísseis Stugna / Korsar / Barrier – cerca de 700.

Drones Bayraktar com mísseis e bombas guiadas antitanque – 12 aparelhos. 

As armas de alta precisão é um meio de fortalecimento da defesa antitanque de alta qualidade das forças terrestres, na defesa antitanque também participam outros tanques, artilharia, sistemas de mísseis antitanques, assim como milhares de morteiros antitanque reutilizáveis ​​e descartáveis ​​de produção ainda soviética. 

As entregas dos mais recentes recursos antitanques de 3ª geração fabricados nos Estados Unidos continuam diariamente, o número dos Javelin fornecidos estão aumentando diariamente. Também, num futuro próximo estão previstas novos fornecimentos dos mísseis, vindos dos Países Bálticos e os Estados Unidos. Obviamente, a ponte aérea e os volumes de entrega serão aumentados de forma significativa após o possível início do ataque russo. 

Os instrutores da NATO/OTAN já estão realizando o treino/treinamento com um grande número de militares ucranianos para dominar novas armas. 

No momento, nas unidades russas, desdobradas em torno da Ucrânia devem existir entre 800 à 1.200 blindados MBL. De acordo com Military Balance a Rússia têm cerca de 3.300 tanques MBL operacionais. 

A preparação e implantação de grupos de combate móveis equipados com Javelin nas rotas da invasão provável das Forças Armadas da federação russa e, especialmente, na Donbas, irá permitir aplicar as perdas irrecuperáveis ao inimigo, quer durante uma guerra convencional, quer durante as hostilidades locais. Ucrânia tem a capacidade de construir múltiplas camadas de defesa antitanque no caminho dos invasores russos. 

A vantagem especial do Javelin no inverno escuro é a presença de um visor térmico efetivo e contraste térmico de motores de equipamentos militares no tempo frio, o que garante a precisão do sistema de apontamento dos mísseis. A mira do Javelin oferece ao operador a oportunidade única de primeiro avistar um alvo no campo de batalha, mantendo-se a uma distância segura, fora do alcance eficiente de detecção de dispersão térmica Sosna-U usado pelo exército russo. 

A maioria dos blindados russos não possui os meios eficazes de combate contra os modernos sistemas de mísseis antitanque, e especialmente Javelin e NLAW. Apenas um pequeno número de tanques russos estão equipados com complexos de sistema da defesa ativa “Arena”, mas dado que este sistema não foi testado no campo de batalha real, e sua eficácia real é desconhecida.

O Ministério da Defesa da Ucrânia, tendo em conta a situação atual, deveria assegurar o fornecimento de sistemas de lançamento equipados com visores térmicos para mísseis ucranianos Stugna, Korsar, Barrier, o que irá expandir significativamente as capacidades de combate de infantaria ucraniana, especialmente no período noturno. E também adquirir os visores térmicos para todos os outros sistemas de mísseis ucranianos.

domingo, janeiro 23, 2022

Cinismo alemão e a sua gritante falta de empatia perante Ucrânia

Enquanto os aliados da Ucrânia lhe fornecem urgentemente o armamento defensivo, Alemanha promete fornecer hospitais de campanha, pelo menos, desta vez, não foram os caixões, graças à Deus. 

“Fornecimento, pela Alemanha, de equipamento apenas de proteção (capacetes balísticos e coletes táticos) não seria mais do que um passo puramente simbólico. Ucrânia precisa do Berlim imediatamente do armamento da defesa realmente poderoso, que forneceria proteção eficaz contra um ataque em grande escala da Rússia como a única maneira séria de assustar Putin!” 

Este apelo do Embaixador da Ucrânia na Alemanha Andriy Melnyk foi publicado hoje numa das revistas alemãs mais populares - Der Spiegel (4,7 milhões de leitores) e se tornou uma das principais notícias. 

Numa outra entrevista, ao jornal Handelsblatt – o chefe da missão diplomática ucraniana acrescenta: “A gravidade da situação exige que o “governo semáforo” repense imediatamente e mude radicalmente o rumo da questão do [fornecimento] das armas à Ucrânia”. O embaixador alertou Berlim que “não nos cansaremos por um segundo de continuar convencendo tanto o governo alemão, quanto a oposição da necessidade de fornecer armas de defesa à Ucrânia”. 

No contexto desta campanha massiva na imprensa/mídia, que também levou a um escândalo vergonhoso com o comandante da marinha de guerra alemã, o vice-almirante Kay-Achim Schönbach (que no entanto já pediu a sua demissão e já foi demitido), o Ministério da Defesa em Berlim começou a “vacilar”, procurando uma maneira adequada a de mostrar até que ponto os alemães ajudam “fortemente” a Ucrânia. 

E não acharam nada melhor do que anunciar com orgulho a transferência para Ucrânia, já em fevereiro, o hospital de campanha no valor de 5,3 milões de Euros (spoiler: a embaixada da Ucrânia trabalhou nesta questão nos últimos 5 anos!) 

Mas a decisão da ministra da Defesa alemã, a social-democrata Christine Lambrecht, expos publicamente a falta do senso mais básico de tato e da empatia. O eco da decisão criou a ressonância tão ampla que mesmo um dos jornalistas e blogueiros alemães mais influente Jan Böhmermann (2,5 milhões de seguidores no Twitter) não resistiu, escrevendo essa postagem brilhante: “O governo alemão quer enviar um hospital de campanha para Ucrânia. É difícil dizer de forma mais elegante o seguinte: “Estamos convencidos de que nas próximas semanas Putin atacará o vosso país”. 

É tudo que você precisa saber sobre o cinismo estatal alemão. Ponto final.

Mas não podemos confundir o Estado com a sociedade civil. Sob pressão da imprensa e da opinião pública, o chefe da Marinha alemã, vice-almirante Kay-Achim Schönbach, após suas palavras de que a Ucrânia não recuperará a Crimeia, pediu a demissão e foi imediatamente demitido! A punição merecida chegou em menos de 24 horas!

Danke an alle, die dazu beigetragen haben!

A piada do momento: “temos que informar os alemães de que o pacto Molotov-Ribbentrop já não é valido, não há necessidade de segui-lo”.

sábado, janeiro 22, 2022

Cinema contemporâneo da Ucrânia: Terykony (Boney Piles)

O documentário Terykony (Boney Piles) do realizador ucraniano Taras Tomenko foi selecionado ao 72º Festival de Cinema de Berlim. É uma história sobre crianças, cuja infância foi profundamente marcada pela guerra russa no leste da Ucrânia. 

O filme conta as histórias das crianças ucranianas que presenciam a guerra diariamente e sobre sua infância que continua apesar da guerra. Terykony (os montões de terra trabalhada e descartada) é o lugar onde a ação acontece e, ao mesmo tempo é uma alusão de vidas humanas “gastas” e abandonadas. A história de crianças que sofreram com os bombardeamentos, que perderam seus pais e entes queridos, mas que continuam a viver e amar onde a vida deixou esperança para os outros. 

A personagem principal do filme é Nastya. Ela tem 15 anos e mora na pequena cidade mineira de Toretsk, localizada no leste da Ucrânia e até agora numa “zona cinzenta”. A cidade está na linha de demarcação: isso significa que está sob fogo quase todos os dias. Nastya tem a síndrome pós-traumática. Em 2015, na véspera de Ano Novo, três mísseis “Grad” destruíram a sua casa. Nastya está se escondendo do mundo real na realidade virtual: ela vive com a música da Internet e procura as esperanças na Internet. A escola, que Nastya raramente frequenta, está localizada a 800 metros das posições dos terroristas e tornou-se repetidamente alvo das tropas russas. 

Mais de 10.000 crianças ucranianas que vivem nas “zonas cinzentas” no leste do país estão em situação semelhante. 

O realizador Taras Tomenko tem estudado este tema desde o início da guerra na Donbas em 2014. Em 2021, o filme Terykony” foi exibido na secção Work in Progress do Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary e recebeu o primeiro prêmio da TV ucraniana “Ukraïna” na seção Work in Progress do Festival Internacional de Cinema de Odessa. 

Generation é uma das seções de competição da Berlinale. É dedicado aos filmes sobre crianças e está dividido em duas partes de acordo com a idade: Geração Kplus (crianças) e Geração 14plus (adolescentes). O diretor Taras Tomenko já ganhou o Prémio Panorama de Melhor Curta-Metragem no 51º Festival de Cinema de Berlim por seu filme “Tyr” (Campo de Tiro).

sexta-feira, janeiro 21, 2022

A guerra esquecida na Donbas: Ucrânia não pode ser deixada sozinha

Uma exposição de fotografias do fotógrafo e jornalista alemão Till Mayer “Donbas: Guerra na Europa” será aberta na Alemanha. O autor contou sobre seu trabalho na Ucrânia e compartilhou seus pensamentos sobre esse conflito. 

Escola destruída pelos separatistas, Shyrokyne, verão de 2019

Militar ucraniano Vadym, a sua última foto, Shyrokyne, 2019

Na mina de Butivka, nos arredores de Donetsk, 2018
Uma exposição do jornalista e fotógrafo alemão Till Mayer “Donbass: Guerra na Europa” será inaugurada em 22 de janeiro no Museu do Exército da Baviera em Ingolstadt. O autor da exposição visitou a zona de conflito nas regiões de Donetsk e de Luhansk por 12 vezes desde 2017. Suas fotografias cobrem tanto a vida cotidiana dos militares ucranianos nas trincheiras desta guerra quanto a vida dos civis na zona de guerra, que ainda precisam se esconder dos bombardeios nos porões. Em entrevista à DW, Mayer disse que isso o motiva a voltar à Ucrânia de novo e de novo e que quer mostrar aos alemães. Após a exposição em Ingolstadt, disse o fotógrafo, pretende mostrar fotos em Colônia. 
Nos arredores de Shyrokyne

Deutsche Welle: na exposição você mostrará fotos de seu livro “Guerra Esquecida”. Você acha que os alemães esqueceram o que está acontecendo na Donbas? 

Jovem usa a capa do seu pai que este usou no Exército Soviético

Cemitério de Lychakiv em Lviv, mãe procurou 6 meses pelo filho...

Minas e obuses irão minar o futuro dos ucranianos por desenas de anos...
A princípio, foi planeado dar à exposição o mesmo nome do livro. No entanto, devido à concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia, a imprensa/mídia alemã voltou a mencionar esta guerra, e parece que não está tão esquecida. Decidimos enfatizar que esta é uma guerra na Europa, muito próxima. É uma pena que haja uma guerra na Europa no século XXI. E ninguém presta atenção nisso até que haja algum agravamento novamente. Só pode ser uma pena. Quaisquer que sejam as razões para isso, não fazer nada é horrível e simplesmente perigoso. Considero inaceitável que as fronteiras da Europa estejam mudando à força. Se permitirmos isso, será um caminho para o inferno. 

Ler mais: A culpa histórica da Alemanha perante Ucrânia

quinta-feira, janeiro 20, 2022

A culpa histórica da Alemanha perante Ucrânia

Alemanha não vende atualmente armamento à Ucrânia apelando, à sua culpa perante a URSS na II G.M. Na realidade, Alemanha nazi, está muito mais culpada perante os ucranianos pelos crimes cometidos na Ucrânia. 

Ler mais sobre a política alemã dos Ostarbeiter na Ucrânia ocupada 1941-1944 


Infografia em português 

Os historiadores ucranianos, no processo de preparação do “Livro da Memória”, como resultado do trabalho nos arquivos estabeleceram que as perdas militares irreparáveis da Ucrânia Soviética totalizaram 4,1 milhões de pessoas. 


Infografia em inglês

Mais de 5,7 milhões de pessoas (4,148 milhões de civis e 1,571 milhão dos POW, prisioneiros de guerra) morreram na Ucrânia ocupada pelos nazis(tas). Os nazis também exterminaram 1,5 milhão de judeus ucranianos. 

Outros 2,4 milhões de ucranianos foram deportados à força da Ucrânia, entre 400 a 450 mil deles morreram. 

Infografia em alemão

Ver mais detalhes e mais infografia sobre a ocupação alemã da Ucrânia: https://texty.org.ua/projects/103854/occupation_eng

quarta-feira, janeiro 19, 2022

Os ostarbeiters ucranianos na Alemanha na II G.M.

Em 18 de janeiro de 1942, o primeiro comboio com 1.117 jovens ucranianos deixou Ucrânia ocupada pelos nazis rumo à Alemanha. Assim começou na Ucrânia a política alemã dos Ostarbeiter. 

Desta forma Alemanha tentou resolver a falta da mão-de-obra na indústria e na agricultura. Os primeiros Ostarbeiters foram para a Alemanha voluntariamente. Os nazis(tas) lançaram uma campanha em larga escala no meio de um inverno rigoroso e apertado, prometendo aos voluntários um salário decente, refeições quentes e assistência aos parentes durante a permanência do trabalhador na Alemanha. 

No entanto, não havia voluntários suficientes para resolver a falta de pessoal, então à partir dos meados da primavera de 1942 começaram as rusgas e envio forçado dos jovens ucranianos para Alemanha. Para fazer isso, a polícia e os soldados da Wehrmacht começaram a organizar as rusgas em massa nas cidades e aldeias ucranianas ocupadas. Isso possibilitou ao 3º Reich conseguir mais de 1 milhão de pessoas dos territórios orientais ocupados até o final do ano, a maioria dos quais eram ucranianos. 

Após a guerra, a maioria dos Ostarbeiters retornou à União Soviética – todos os que estavam na zona de ocupação soviética, britânica ou francesa eram deportados para a URSS à força. Na zona de ocupação americana as deportações forçadas à URSS deixaram de ser usadas desde outubro de 1945, o que permitiu que muitos Ostarbeiters partissem para o Ocidente ou restantes países do Mundo Livre, como Argentina ou Brasil. 

As autoridades comunistas soviéticas trataram os Ostarbeiters como traidores. Eles eram considerados socialmente perigosos e, após as verificações exaustivas nos campos de triagem ou nos campos do NKVD, os aguardavam novas repressões. Apenas 59% dos retornados conseguiram voltar junto às suas famílias. Os 20% dos homens foram mobilizados à força ao Exército Vermelho (principalmente aos batalhões de punição), outros 14% foram enviados aos trabalhos forçados e 7% foram presos. 

Fonte: Instituto Ucraniano da Memória Nacional

Foto inicial: deportação da população ucraniana aos trabalhos forçados na Alemanha. Kyiv, 1942. O autor é desconhecido.

Blogueiro: o tratamento dado aos ucranianos dependia, em grande medida, do patronato. Na agricultura, tudo dependia dos patrões, havia os que tratavam bem os seus empregados, outros, seguiam a ideologia nazi(sta) e eram mais severos. Nas fábricas, o tratamento era mais uniformizado, possivelmente ligeiramente melhor do que nas fábricas soviéticas da mesma altura. O tratamento dado aos Ostarbeiters ucranianos se baseava, em grande escala, no puro e desapaixonado pragmatismo germânico.   

terça-feira, janeiro 18, 2022

Os morteiros antitanque britânicos NLAW são entregues à Ucrânia

O Reino Unido iniciou as entregas à Ucrânia de morteiros antitanque NLAW – os melhores morteiros do mundo para combate urbanos, sem análogos na Rússia. 

A aviação britânica em dois dias efectuou 6 voos dos Boeing C-17A Globemaster III, iniciando as entregas à Ucrânia de um grande lote (mais de 1.000 unidades) das mais modernas armas antitanque do estoque do exército britânico. O Reino Unido está fornecendo as armas modernas – morteiro NLAW – um dos melhores morteiros antitanque do mundo, de calibre 150 mm, uma arma ideal para os combates urbanos e destruição de qualquer tipo de tanques russos. 

Este é um produto desenvolvido em conjunto pelo Reino Unido e Suécia. O que torna NLAW tão eficaz? Explicação do jornalista ucraniano Yuriy Butusov:

1. NLAW é um Javelin de curto alcance que atinge o alvo com tecnologia de “disparou e esqueceu”. O operador monitora o disparo pelo através da sistema computadorizado Trijicon TA41 NLAW 2.5x20, marca o alvo, espera a captura e aperta o gatilho, o sistema se programa para calcular a distância, trajetória de voo, correção do vento. A visão é óptica, não existe telêmetro a laser e o sistema de detecção de radiação dos morteiros não o detectará.

2. Tempo de reação é curto. De acordo com os dados na página do criador/desenvolvedor Saab, desde o momento que o sistema está ligado até o momento em que o alvo é capturado e iniciado, são suficientes até no máximo de 5 segundos.

3. Arma ótima para disparar de espaços fechados, de trás de abrigos, dos andares superiores dos edifícios ou dos porões. Esta é uma diferença importante dos RPG soviéticos/russos convencionais. A corrente de jato não prejudicará o operador, que poderá escolher abrigos confiáveis ​​em espaços fechados, atirar mesmo que o piso ou o teto estejam próximos, o que é importante para os combates urbanos. O lançador é descartável – isso permite otimizar o peso - 12,5 kg, pode ser movido rapidamente.

4. O alcance máximo de tiro direcionado é de 600 metros para unidades mais antigas, 800 metros para novas. A precisão é quase 100%. O alcance mínimo de lançamento é de 20 metros.

5. O morteiro tem dois modos de disparo. Para destruir tanques, o modo de ataque de cima é ativado – o míssil voará à um metro acima do ponto de mira, a carga detonará para atingir o tanque à partir de cima. Segundo o fabricante, a ogiva de função dupla penetrará 500 mm de blindagem. E para derrotar alvos levemente blindados ou as paredes de um prédio, o modo de ataque direto é ativado. E então a ogiva detonará instantaneamente ao entrar em contato.

6. NLAW tem uma vida útil de 20 anos, nenhuma manutenção de rotina é necessária, a mira é fixada de forma rígida. A preparação é simples, a arma é simples.

7. NLAW não é uma arma descartável como RPG-26 – é uma arma cara para os combates urbanos de alcance próximo. Este é um reforço de qualidade para infantaria leve treinada profissionalmente para os combates urbanos. O Ministério da Defesa britânico forneceu à Ucrânia suas melhores armas para combate urbano de alto contacto. Um sistema tão único e caro só pode ser confiado por operadores com excelente pensamento tático como parte de unidades bem treinadas para entender exatamente onde e quando disparar esse míssil.

8. Primeiro-ministro Boris Johnson não seguiu o caminho de Arthur Chamberlain em 1938. Uma nova Munique não acontecerá – no caso de uma invasão russa, o Ocidente realizará as entregas de armamento moderno, de emergência e de forma maciça. Muito obrigado ao governo britânico, à sua sociedade civil. E mais uma vez, graças à todos aqueles, graças à quem o mundo inteiro acredita que Ucrânia lutará desesperadamente pela sua liberdade – aos militares ucranianos, aqueles que estão agora na linha da frente, aqueles que já combateram, aqueles que tombaram pela independência da Ucrânia. 

Blogueiro: como se pode ver no mapa, os aviões britânicos que entregam o armamento evitam a passagem pelo espaço aéreo alemão. Alemanha já declarou que não interditou o seu espaço aéreo para aviação militar britânica. No entanto, de momento, Alemanha é o país que não vende, sob nenhuma circunstância, o armamento à Ucrânia, não autoriza as vendas dos terceiros e faz tudo por tudo para que Ucrânia não receba o armamento que lhe permitisse defender a sua soberania nacional. 

Como recorda o jornalista ucraniano Vakhtang Kipiani, os ucranianos nem sequer são considerados como pessoas iguais para a classe dominante alemã, como tal, as elites alemãs não sentem pena dos ucranianos. Devemos lembrar que em 1941-1944 os nazis(tas) alemães mataram metodicamente tantos ou mesmo mais ucranianos civis quanto os comunistas soviéticos durante o Holodomor.

segunda-feira, janeiro 17, 2022

Made in Ucrânia: XADO Snipex Alligator e T-Rex

Os sistemas ucranianos XADO Snipex Alligator e T-Rex foram adotados pelas Forças Armadas da Ucrânia. Perfuram as placas blindadas de 10 mm à uma distância de 1,5 km. O alcance máximo é de até 7 km.

 

ALLIGATOR é uma espingarda/rifle anti material 14,5 × 114 mm de repetição de carregamento manual. Um rifle de ferrolho alimentado por carregador. Projetado, levando em consideração todos os requisitos de armas para tiro de alta precisão.




Arma usa um carregador, que fornece maior velocidade de fogo. O carregador de munição é destacável, contém cinco cartuchos. O cano flutuante está em recuo livre durante o tiro. Arma demonstra um nível aceitável de recuo durante o disparo. O recuo é suprimido devido ao freio de boca, ao efeito de um isolador de recuo e ao peso perfeitamente equilibrado. 

T-Rex é uma espingarda/rifle anti material 14,5× 114 mm de carregamento manual de um único tiro. Desenvolvido para atingir alvos móveis e imóveis, incluindo os blindados ligeiros. Projetado, levando em consideração todos os requisitos de armas para tiro de alta precisão. A precisão é garantida pelo cano flutuante, que está em recuo livre durante o tiro. A precisão também é afetada por alguns recursos de design.


Conferir os dados técnicos Alligator & T-Rex

sexta-feira, janeiro 14, 2022

Ucrânia é um dos países mais acessíveis do turismo de sky/esqui da Europa

A publicação britânica The Travel Daily avaliou os países europeus mais acessíveis do turismo de sky/esqui – Ucrânia está no 2º lugar. 

Em segundo lugar está Ucrânia, com uma viagem de sky/esqui entre a Grã-Bretanha e Ucrânia custando cerca de £73 (cerca de 87,4 Euros) por pessoa a viagem de ida e volta e uma noite num hotel. Embora possa não ser um destino bem conhecido para desportos/esportes de inverno, há mais de 40 áreas de esqui no país com mais de 185 quilómetros de pistas de esqui em toda a nação. Na Ucrânia fica Bukovel, a maior estância de sky/esqui da Europa Oriental, que recebe em cada inverno mais de um milhão de visitantes.

Todos os preços estão em libras

A Europa continua à descobrir as mais-valias da Ucrânia.

quinta-feira, janeiro 13, 2022

Ajuda alimentar americana à faminta União Soviética

A imagem do kit da ajuda alimentar americana enviada à União Soviética. Americanos chegaram à alimentar todos os dias cerca de 10 milhões de pessoas. No total, em 1921-1923, os cidadãos da URSS receberam 1.163.296 destes kits. 

Toda ajuda americana era canalizada através da American Relief Administration (ARA). ARA assinou um acordo especial e separado com o governo comunista da Ucrânia Soviética em 10 de janeiro de 1922. Os principais tipos de assistência eram o envio de pacotes alimentares, oferta de alimentos cozinhados em salas de jantar especiais e fornecimento de medicamentos às instituições médicas. 

As primeiras salas de jantar, abertos à todos os famintos, independentemente da sua origem étnica, começaram a operar na Ucrânia Soviética desde abril de 1922. De maio, do mesmo ano, com a assistência do governo local, a rede dessas salas de jantar começou a se expandir. Em 15 de agosto, no pico da assistência, a ajuda alimentar era recebida na Ucrânia por 848 mil crianças e 800 mil adultos, que é perfazia 44% dos famintos registados. 

O conteúdo calórico diário era de 460 kcal por dia. Em outubro de 1922, ARA assinou um novo acordo com o governo da Ucrânia Soviética. O conteúdo calórico diário foi aumentado para 660 kcal. No entanto, o número de famintos que recebia ajuda diminuiu. Isso foi causado, em particular, a retirada do seio da ARA da maioria das organizações, que anteriormente eram os seus membros. 

Durante os anos da sua actividade ARA entregou 180,9 milhões de kits alimentares, os medicamentos no valor de mais de 3 milhões de dólares (aos preços de 1921-23), distribuiu na Ucrânia Soviética 400.000 mil kits alimentares no valor de 10 dólares cada e 11.000 kits de roupa no valor de 20 dólares cada. ARA desempenhou um papel importante no salvamento das vítimas de fome na Ucrânia. O tamanho da sua ajuda alimentar excedeu a assistência de outras organizações estrangeiras e foi maior do que ajuda do próprio governo da Ucrânia Soviética. Acusada, pelos bolcheviques, de usar o seu aparelho para apoiar “os elementos contrarrevolucionários e de espionagem”, as autoridades comunistas soviéticas proibiram as atividades da ARA na URSS em junho de 1923. 

Durante o Holodomor de 1921-1922 e a fome de 1923, na Ucrânia morreram de fome, segundo várias estimativas, de 2 a 5 milhões de pessoas. Sem ajuda das organizações internacionais, em primeiro lugar – as americanas, o número de vítimas do Holodomor de 1921-1922 poderia ser muito maior. 

É de recordar que a grande fome de 1921-22 e de 1923 na Rússia e na Ucrânia eram as consequências directas das políticas soviéticas de “comunismo de guerra”. Políticas tão desastrosas que obrigaram o estado soviético aderir à restauração parcial da iniciativa privada durante a vigência da Nova Política Económica (NEP). 

Dez anos depois, durante o novo Holodomor, que atingiu Ucrânia, Cazaquistão e a região russa de Kuban, de predominância étnica ucraniana, o estado soviético adotou uma política absolutamente oposta. A própria existência da grande fome foi veemente negada, mesmo com ajuda ativa de alguns “idiotas úteis” ocidentais. Os cereais eram compulsivamente retiradas das comunidades e das famílias, milhões de ucranianos foram condenadas à uma morte cruel e deliberada pela política agrícola soviética.

segunda-feira, janeiro 10, 2022

Cazaquistão: a vida após a invasão do novo “pacto de Varsóvia”

Após os protestos contra a subida dos preços de gás o Cazaquistão foi invadido pelo novo “pacto de Varsóvia”, embora o estatuto da OTSC permite a entrada de militares num país-membro apenas no caso de uma invasão estrangeira. 
As filas às ATM para levantar o dinheiro

Os postos de controlo na entrada de Almaty

O miniautocarro queimado nas ruas de Almaty

Equipamentos militares da OTSC no aeroporto de Almaty

Os militares russos no aeroporto de Almaty

Evacuação dos cidadãos russos do Cazaquistão

Pelos dados da imprensa independente desde início dos protestos morreram 164 pessoas, incluindo algumas crianças. Pelos dados oficiais estão detidos cerca de 8.000 pessoas. Os cidadãos russos estão sendo evacuados do Cazaquistão, a entrada e circulação nas grandes cidades está sendo controlada pelos militares e os cidadãos formam as filas intermináveis às ATM´s, pois o sistema dos pagamentos POS deixou de funcionar, devido a corte da Internet pelas autoridades governamentais. 

Exército de Quirguistão prepara-se à entrar no Cazaquistão 

Restos das barricadas em Almaty

Uma viatura ligeira metralhada nas ruas de Almaty

Postos de controlo na entrada de Astana (Nur-Sultan)

Postos de controlo nas imediações do palácio presidencial em Nur-Sultan

As ruas de Nur-Sultan

Os cidadãos russos retirados do Cazaquistão

Um conhecido músico de Quirguistão, pianista e jazzista Vicram Ruzakhunov, a quem as autoridades do Cazaquistão apresentaram na imprensa/mídia como desempregado quirguiz, que veio ganhar 200 dólares nos protestos em massa no Cazaquistão, foi libertado e voltou para casa. Com vestígios de fortes espancamentos no seu rosto, ele disse à imprensa que não foi nada torturado e que até foi muito bem tratado pela polícia do Cazaquistão, inventando a história de participar nos protestos “apenas para ser deportado mais rapidamente para casa”. 

Jazzista Vicram Ruzakhunov após a "não tortura", foto RIAN

Vicram Ruzakhunov é um cidadão famoso, foi rapidamente reconhecido pelos internautas e a sua libertação imediata foi exigida por mais altas autoridades do seu país natal, Quirguistão. Os cidadãos menos famosos de diversos países podem ser facilmente acusados no Cazaquistão de serem terroristas e até confessarem rapidamente as suas supostas ações subversivas. A tortura, largamente usada pelo NKVD soviético, continua ser amplamente usada nas ditaduras despóticas contemporâneas da Ásia Central.