Toda ajuda americana era canalizada através da American Relief Administration (ARA). ARA assinou um acordo especial e separado com o governo comunista da Ucrânia Soviética em 10 de janeiro de 1922. Os principais tipos de assistência eram o envio de pacotes alimentares, oferta de alimentos cozinhados em salas de jantar especiais e fornecimento de medicamentos às instituições médicas.
As primeiras salas de jantar, abertos à todos os famintos, independentemente da sua origem étnica, começaram a operar na Ucrânia Soviética desde abril de 1922. De maio, do mesmo ano, com a assistência do governo local, a rede dessas salas de jantar começou a se expandir. Em 15 de agosto, no pico da assistência, a ajuda alimentar era recebida na Ucrânia por 848 mil crianças e 800 mil adultos, que é perfazia 44% dos famintos registados.
O conteúdo calórico diário era de 460 kcal por dia. Em outubro de 1922, ARA assinou um novo acordo com o governo da Ucrânia Soviética. O conteúdo calórico diário foi aumentado para 660 kcal. No entanto, o número de famintos que recebia ajuda diminuiu. Isso foi causado, em particular, a retirada do seio da ARA da maioria das organizações, que anteriormente eram os seus membros.
Durante os anos da sua actividade ARA entregou 180,9 milhões de kits alimentares, os medicamentos no valor de mais de 3 milhões de dólares (aos preços de 1921-23), distribuiu na Ucrânia Soviética 400.000 mil kits alimentares no valor de 10 dólares cada e 11.000 kits de roupa no valor de 20 dólares cada. ARA desempenhou um papel importante no salvamento das vítimas de fome na Ucrânia. O tamanho da sua ajuda alimentar excedeu a assistência de outras organizações estrangeiras e foi maior do que ajuda do próprio governo da Ucrânia Soviética. Acusada, pelos bolcheviques, de usar o seu aparelho para apoiar “os elementos contrarrevolucionários e de espionagem”, as autoridades comunistas soviéticas proibiram as atividades da ARA na URSS em junho de 1923.
Durante o Holodomor de 1921-1922 e a fome de 1923, na Ucrânia morreram de fome, segundo várias estimativas, de 2 a 5 milhões de pessoas. Sem ajuda das organizações internacionais, em primeiro lugar – as americanas, o número de vítimas do Holodomor de 1921-1922 poderia ser muito maior.
É de recordar que a grande fome de 1921-22 e de 1923 na Rússia e na Ucrânia eram as consequências directas das políticas soviéticas de “comunismo de guerra”. Políticas tão desastrosas que obrigaram o estado soviético aderir à restauração parcial da iniciativa privada durante a vigência da Nova Política Económica (NEP).
Dez
anos depois, durante o novo Holodomor, que atingiu Ucrânia, Cazaquistão e a
região russa de Kuban, de predominância étnica ucraniana, o estado soviético adotou
uma política absolutamente oposta. A própria existência da grande fome foi
veemente negada, mesmo com ajuda ativa de alguns “idiotas úteis” ocidentais. Os
cereais eram compulsivamente retiradas das comunidades e das famílias, milhões
de ucranianos foram condenadas à uma morte cruel e deliberada pela política
agrícola soviética.
1 comentário:
O povo ucraniano é grato ao povo americano pela a nobre ajuda. Tenho certeza que os EUA enviariam dezenas de toneladas de suprimentos, caso a URSS permitisse em 32-33.
Já os russos "cospem no prato que comeram" como diz um ditado português. A foto mais icônica que já vi sobre a história da Rússia é a de um bando de camponeses famintos agradecendo de joelhos o apoio americano.
A história da Rússia é uma história de sofrimento e privação. E, infelizmente, ela quer que outros povos sigam esse tenebroso caminho.
Enviar um comentário