No
dia 9 agosto de 1942 em Kyiv decorreu o jogo de futebol entre a equipa “Start”,
formada pelos jogadores ucranianos profissionais e a equipa amadora “Flakele”,
formada pelos militares alemães. A propaganda soviética chamou este encontro de
«jogo da morte».
O
jogo decorreu no estádio «Zenit» (rua Kerosynna № 24, hoje rua Sholudenko 28/4),
entre, a equipa “Start” (oficialmente a “Equipa de [panificadora] «Hlibzavod» №1”),
formada pelos jogadores profissionais das equipas ucranianas «Dynamo Kyiv» e «Lokomotiv»)
e a equipa amadora alemã “Flakele”, formada pelos pilotos e técnicos da
Luftwaffe, com a participação dos militares da força antiaérea alemã.
Na
equipa ucraniana alinharam os seguintes jogadores: Mykola Trusevich; Oleksiy Klimenko,
Ivan Kuzmenko, Mykhaylo Svyrydovskiy, Mykola Korotkih, Fedir Tutchev, Mykhaylo
Putystin, Vasyl Sukharev, Volodymyr Balakin, Mykhaylo Melnyk; Makar
Honcharenko; Pavlo Komarov, Yuriy Cherneha e Petró Sytnyk. Oito pertenciam ao
Dynamo Kyiv e três ao Lokomotiv de Kyiv.
Segundo
a propaganda soviética, a equipa de alemã “Flakele” pertencia à elite de
Luftwaffe e viajou especialmente da Alemanha para Kyiv para levantar o espírito
dos alemães. Alegadamente nunca tinha perdido nos territórios ocupados pelo 3º
reich. Na realidade era uma equipa amadora da linha da frente, formada pelos
aviadores, técnicos e pessoal da defesa antiaérea.
O
primeiro jogo que decorreu no dia 6 de Agosto “Flakele” perdeu por 1 à 5. No
jogo “da desforra”, ocorrido em 9 de agosto, os alemães perderam novamente, por
3:5 (e não 0:6, como dizia a propaganda soviética). Assim terminou o famoso «jogo
da morte».
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Cartaz do famoso "jogo da morte" |
Anteriormente,
decorreram vários outros jogos, sempre ganhos pela equipa «Start»:
Dia
7 de Junho: “Start” contra militares alemães, 4:1, jogo terminou
antecipadamente, pela decisão do árbitro.
17
de Junho: «Start» contra alemã «PZS» (composta pelos militares da divisão de
blindados), 6:0.
19
de Julho: «Start» contra equipa do exército húngaro «MSG Wal», 5:1.
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A foto conjunta entre os ucranianos (camisas escuras) e futebolistas húngaros (camisas tricolores) |
26
de Julho: «Start» no jogo de desforra contra a reforçada «MSG Wal», 3:2.
Outro
jogo decorreu em 16 de Agosto: «Start» contra «Rukh» (equipa amadora ucraniana,
composta pelos operários e funcionários da administração municipal). Também terminou
com a vitória do “Start”.
Como
contou o participante do jogo/partida, Makar Honcharenko (1912 – 1997), na sua entrevista
de 1992, os futebolistas ucranianos não receberam nenhumas ameaças antes do
jogo, no final da partida eles abandonaram livremente o estádio e foram para
suas casa. No entanto, nove dias depois alguns dos jogadores de “Start” foram
detidos pelos alemães devido ao roubo de pão na panificadora, onde todos eles
trabalhavam. Três deles fofam fuzilados 5 meses depois, um morreu sob a custódia
da polícia alemã.
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A campa do Makar Honcharenko em Kyiv |
No
dia 24 de fevereiro de 1943, no campo de concentração de Syrets, em Kyiv, os
nazis fuzilaram os jogadores do «Dynamo Kyiv»: Mykola Trusevich, Oleksiy
Klymenko, Ivan Kuzmenko, anteriormente Mykola Korotkih morreu durante a sua
detenção pela Gestapo. O destino final do Mykola Komarov simplesmente está
desconhecido, ele foi levado pelos alemães fora da Ucrânia e desapareceu sem
deixar o rasto.
Os
restantes jogadores— Mykhaylo Svyrydovskiy, Makar Honcharenko, Mykhaylo
Putystin e Fedir Tutchev sobreviveram a II G.M.
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A campa do Fedir Tutchev em Kyiv |
Em
2005, a procuradoria da cidadã alemã de Hamburgo fechou o processo, aberto em 1974,
dedicado ao «jogo da morte», sem estabelecer nenhuma ligação entre a morte dos
jogadores ucranianos e a sua vitória nos jogos.
O caso tive direito à três monumentos, todos erguidos
na cidade de Kyiv. Uma placa memorial de 1971 no estádio “Dynamo”. A composição
arquitetónica de 1981 no estádio «Zenit», rebatizado em «Start». E um cubo de granizo,
nas proximidades do local, onde os nazis fuzilavam os prisioneiros do campo de
concentração de Syrets…
Ler mais @Volodymyr Prystayko “Existiu o “jogo da morte”? Documentos testemunham. - Kyiv:
2005. 168 páginas (ISBN 966-96587-1-3)