sexta-feira, agosto 13, 2021

Cidadãos politicamente “não-confiáveis”: os párias do regime comunista soviético

Ucrânia tornou público o arquivo soviético dos cidadãos que o poder comunista considerava politicamente «não confiáveis». O arquivo pode ser consultado online e contem os dados de mais de 135.000 pessoas, apenas os moradores da cidade de Kyiv e da região de Kyiv. 
A "culpa" do Bumaha N. "recebia os envios do dinheiro do estrangeiro".

Os cartões individuais contêm o nome da pessoa, sua data de nascimento e o endereço. Uma parte dos cartões menciona a sua profissão e dados dos familiares. A linha «passado político» explica a razão de poder soviético considerava essa pessoa como «politicamente não-confiável». As razões mais comuns eram a recepção dos alimentos, fundos ou cartas do estrangeiro; possuir os familiares no estrangeiro; emigrar ao estrangeiro (mesmo que a emigração ocorrer antes de 1917!); ser membro das organizações ou partidos ucranianos entre 1917 à 1919; submeter o pedido oficial de emigrar ou tentar obter a cidadania estrangeira. 

A "culpa" do Punia (?) Belorushets: "recebia os bens do estrangeiro".

Os originais destes documentos estão guardados no Arquivo Estatal da Região de Kyiv (http://dako.gov.ua). A base de dados foi criada entre 1951 à 1964, mas a informação nela contida está se baseando nos dados de décadas de 1920–30. Na época soviética estes documentos eram classificados de «secretos». À partir da proclamação da Independência da Ucrânia não podiam se tornar públicos antes de completar 75 anos da sua criação. Neste momento estão acessíveis ao público geral. 

No total, o Arquivo da Região de Kyiv contém mais de 1 milhão e 250 mil documentos online, referentes ao século XX. Milhares de pessoas conseguiram achar a informação sobre os seus familiares, diariamente as pessoas enviem ao arquivo novo e novos pedidos. 

A "culpa" da Marfa Belous: "Possui familiares na América".

Visitar o arquivo online:

https://babynyar.org/ua/archive/15/card-index/12

Blogueiro: é simplesmente espantoso como após as diversas ondas das repressões soviética em massa, após o Holodomor de 1932-33, após a carnificina da II G.M., em que o terror nazi e comunista que ceifou milhões de vidas, na época razoavelmente mais “humanista” do poder soviético, este mesmo poder se via rodeado por tantos “inimigos”, com as suas “culpas” tão “indesculpáveis” como receber os alimentos do estrangeiro…   

Bónus 

Ler e baixar o ensaio do investigador Rafael Lemkin “Genocídio na Ucrânia Soviética” (1953), dedicado ao Holodomor ucraniano:

https://holodomormuseum.org.ua/wp-content/uploads/2019/04/978-966-2260-15-1.pdf

2 comentários:

Anónimo disse...

me arrependo amargamente de um dia ter apoiado a URSS, DNR, LHP. Peço desculpas ao povo ucraniano. Hoje conhecendo a Rússia e a mentalidade da maioria do povo russo, entendo que a resistência ucraniana é legítima.

Anónimo disse...

Normal. Que sirva de exemplo para que outras pessoas não caiam na mesma enrascada sua. Não fique chateado. Você não é o único. Agora você compreende o importante trabalho que o blogueiro "Ucrania-Moazambique" desempenha para o público lusófono?

"O Kremlin é um reflexo da cultura russa milenar, repugnante para qualquer ocidental que o descubra, assim como foi repugnante para o astronauta americano C. Michael Foale, que mergulhou nela em Star City, o centro de voos espaciais fora de Moscou, em 1995:

Foale logo se tornou conhecido como o mais russo dos americanos. Quanto mais Foale aprendia sobre a cultura russa, porém, mais ele a odiava, pelo menos a velha estrutura de poder soviético. “Eu odeio - absolutamente odeio - a cultura comunista russa de poder e controle masculino”, diz ele hoje. "Isso não remonta a 80 anos, à revolução. Isso remonta a milhares de anos. É a mesma cultura, de uma oligarquia masculina russa. A cultura deles não mudou. Apenas evoluiu. É um punhado de homens poderosos controlando tudo."

https://willzuzak.ca/lp/putin/putin12.html