sexta-feira, maio 18, 2012

Recordar a deportação dos tártaros da Crimeia

O dia 18 de maio é mais um aniversário da deportação massificada dos tártaros da Crimeia fora da sua terra natal, para a Sibéria, região dos Urais e Ásia Central, decisão da responsabilidade do Estaline e do poder comunista soviético.

A ação conduzida na noite de 17 à 18 de maio de 1944 pelo Ministério da Defesa Soviético e pelo NKVD resultou em deportação dos cerca de 200 mil tártaros
 da Crimeia, durante a deportação e nos primeiros anos do exílio, entre 20 à 46% deles acabaram por morrer em resultado da deportação...
A foto, publicada pela ONG americana Minority Rights Group em 1971,
mostra a família Mamut,deportada pelas autoridades soviéticas fora da Crimeia
(estãção dos caminhos-de-ferro Novoolekssivka na região ucraniana de Kherson)
Neste momento na Crimeia vivem mais de 260 mil tártaros da Crimeia, outros 150 gostariam de voltar à sua terra natal. O Serviço Federal de Segurança (FSB) russo continua à não aceitar tornar públicos os documentos relevantes sobre a deportação forçada dos tártaros da Crimeia, enquanto Cazaquistão já enviou à Ucrânia mais de 10.000 dossiers pessoais dos deportados. SBU publica estes dossiers na sua página, entregando os originais às famílias das vítimas do genocídio estalinista.

Apenas em setembro de 1967 foi publicado o Decreto do Presídio do Conselho Supremo da URSS «Sobre os cidadãos da nacionalidade tártara que residiam na Crimeia». Este Decreto abolia a acusação anterior de colaboração coletiva dos tártaros da Crimeia com a Alemanha nazi, mas afirmava que estes “se enraizaram no território do Uzbequistão e outras repúblicas da União (Soviética)”.

Ler mais sobre Musa Mamut
Apesar disso, muitos tártaros da Crimeia entenderam o Decreto com a permissão de voltar para as suas casas. No entanto, o poder local na Crimeia socialista recebeu as instruções secretas para não efetuar o registo oficial domiciliário dos recém-retornados (na URSS a residência sem o registo domiciliar era considerada o delito administrativo, que no entanto poderia ser sancionado com uma pena de prisão efetiva), não registar o direito a propriedade, não admitir as crianças tártaras da Crimeia nas escolas da Crimeia, não empregar os tártaros da Crimeia nas empresas estatais (públicas) da região.
Musa Mamut (20.02.1931-28.06.1978), tártaro da Criméia e ativista político que se imolou em 23.06.1978 na Crimeia em sinal de protesto contra a repressão soviética exercida sobre os tártaros da Criméia (Foto @ullstein bild via Getty Images)
Tudo isso originava novas tragédias, como a do tártaro da Crimeia Mussa Mamut, que imolou-se vivo protestando contra a terceira (!) deportação ilegal da sua família da aldeia Donske, nos arredores de Simferopol em 28 de junho de 1978.


No dia 17 de maio na praça de Independência de Kyiv decorrerá a ação memorial “Acende a vela no seu coração”, organizada pelo Centro Juvenil dos Tártaros da Crimeia e os ativistas ucranianos anónimos.
Na embaixada da Ucrânia em Berlim será demonstrado o filme Mustafa
Mais informação pode ser confirmada com a ativista Tamila Tasheva

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