Tal como aconteceu no Mundial da África do Sul e nos Jogos Pan-Africanos em Maputo, o governo ucraniano traça cenários extremamente otimistas da chegada dos turistas estrangeiros. O que segue é uma visão de até que ponto estes cenários são reais, já que 88% dos pedidos da compra dos bilhetes para os jogos partiram da Ucrânia e da Polónia.
por: Taras Stadniychuk
Primeiramente um pouco da estatística. Durante o Euro, Ucrânia irá sedear 15 jogos, o que multiplicado pela capacidade dos seus estádios dará de 730.000 lugares. Tendo em conta os tais 88% dos pedidos provenientes das nações – organizadores e calculando que Ucrânia e Polónia pedem o mesmo número dos bilhetes, significa que para os estrangeiros fica apenas cerca de 450.000 bilhetes. Não é mau, mas longe dos “milhões” prometidos.
Quem conhece a Europa, sabe que hoje em dia os jovens europeus viajam alugando um carro (ou procuram bilhetes aéreos low-cost). Praga, Berlim, Barcelona ou Amsterdão se enchem-se de jovens das outras cidades e países que chegam para divertir-se, visitar os clubes, beber a cerveja, namorar ou simplesmente descansar.
O Campeonato europeu torna-se apenas um argumento extra para este tipo de turismo, quando a ideia previa já estava a “pairar no ar”. O futebol per si, não é o atrativo demasiadamente forte para os obrigar a visitar o país – organizador no caso de não possuírem nenhum interesse anterior de visita-lo.
Além disso, este tipo de viagens não envolve preparativos longos e não são financeiramente difíceis para um europeu médio.
O que neste aspeto oferece Ucrânia?
A eliminação do visto de entrada para os cidadãos da União Europeia fez com que haja mais turistas ocidentais em Lviv, mas não em Kyiv ou outras cidades ucranianas. Enquanto Polónia é visitada pelos turistas da UE durante todos o fim-de-semana, mesmo agora, ainda sem Euro algum.
O mercado ucraniano de viagens aéreas possui apenas um único operador de low-cost, além disso, existe o “quase low-cost”, MAU, com um serviço melhorado, mas este dificilmente poderá oferecer a viagem London – Kyiv abaixo dos 200 Euros (ida e volta).
A situação não é melhor com o alojamento (tirando o alojamento extremamente caro nos pacotes all-inclusive), a maioria dos turistas irá procurar hotéis ou outro tipo de alojamento que custam até 50 Euros por dia. A página booking.com oferece apenas 54 propostas em Kyiv, comparados com 188 hotéis em Varsóvia. Situação nas outras cidades ucranianas é bastante pior.
Blogueiro
Bem, talvez nem tudo é tau mau, pessoalmente já recebi os pedidos dos jornalistas portugueses para indicar o alojamento em Lviv e Donetsk. Mas é claro, uma centena de jornalistas europeus não irão salvar o Euro do facto do nosso turismo ser bastante caro, principalmente se for comparado com quase total desconhecimento do mercado ucraniano na Europa. 20 anos após a sua independência política, continuamos ser uma terra-incógnita aos olhos da maioria dos europeus.
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