Tal como o comunismo, o
passado soviético, a “Grande Guerra Patriótica” e o dia 9 de maio se tornaram, na rússia, definitivamente um verdadeiro culto religioso com todo o respetivo cerimonial. Se preparando para lidar com a exaltação religiosa extremista, em 2023 Letónia proibiu a celebração deste culto totalitário no país.
por: Mykola Malukha
Sobre a vitória em
termos religiosos escrevem os próprios trovadores do império soviético. O chefe-editor
do jornal “Zavtra”, Alexander
Prokhanov, no seu artigo “Vitória – religião, Estaline – santo”, escreveu: “A
vitória na Grande Guerra Patriótica deve ser equiparada à criação do Adão,
salvamento da vida humana na arca do Noé e o advento à terra do Jesus”. Todos
aqueles que não professam a fé “verdadeira” – são objetos das repressões e da perseguição
pela heresia e blasfémia.
Por isso decidimos
analisar detalhadamente as parcelas integrantes do novo culto religioso:
Estaline – messias,
parecido com Jesus Cristo que veio para este mundo para vencer o satanás. Tal
como Cristo, ele foi o autor dos diversos milagres, por exemplo “recebeu a
Rússia com a charrua e a deixou com a bomba atómica”.
Hitler – satanás,
também conhecido como Lucífero. Primeiramente estava ao lado das forças da luz,
por isso foi lhe conferida a tarefa gloriosa de ocupar os “malvados dos polacos”.
Mas tal, como na história bíblica, encabeçou a sublevação contra o Deus
(Estaline), por isso, posteriormente foi derrotado e exilado.
Os generais do exército
– são apóstolos. O seu papel era de seguir o Profeta e difundir a “boa nova”
sobre ele. Aos mais fieis era prometido a paz terrestre, glorificação posterior
e claro, entrada no paraíso. Georgi Zhukov até ganhou o direito de ter o
monumento praticamente no local sagrado.
A Praça Vermelha – não é
menos importante do que a Gólgota na fé cristã. Aqui se passaram os
acontecimentos mais dramáticos que ditaram o andamento posterior da guerra.
Traidor Andrey Vlasov – Judas e canalha
absoluto. As esperanças enormes eram colocadas nele, ele foi chamado de “comandante
amado pelo Estaline” e “salvador do Moscovo”. Até estavam preparados para
escrever o livro, “Cabo-de-guerra do Estaline”, do género “vidas dos santos”. E
aqui, ele, escória, foi encantado pelo Lucifero, caiu na tentação e passou para
o lado do mal. Por isso foi enforcado, tal como Judas, embora este parou na
garrote pela vontade própria.
NKVD – a “santa inquisição”
que tinha a tarefa de reforçar as leis de Deus, e no caso do cisma, julgar qualquer
blasfémia com toda a dureza.
Campos de concentração –
purgatório, para onde foram enviados todos os pecadores, ainda não absolvidos.
O homem soviético estava sobrecarregado com os pecados, que não o deixavam
entrar livremente na casa de Deus, recebia a “purga” e só depois entrava no
paraíso.
O Estado soviético após
a II G.M. é uma espécie de paraíso, onde tentava entrar todo o cidadão soviético
temente da lei. Este país tinha tudo – a linguiça barata, a medicina gratuita, a
educação acessível, as guias aos santórios. Simplesmente aquilo tudo sobre o que
um coitado capitalista – imperialista ocidental só podia sonhar.
As paradas militares –
uma espécie de cruzadas para a afirmação da bondade na terra. Geralmente eram
acompanhadas de bandeiras (pendões) e retratos do messias (ícones). Durante a
vida do Estaline não havia as paradas, pois o homem – deus era modesto por
natureza e por isso evitava as honras devidas.
Os túmulos dos
combatentes soviéticos – relíquias sagradas. As visitas às relíquias melhoram a
carma, fortalecem as sabedorias (patriotismo, dedicação, firmeza ideológica, etc.)
e até permitem ao cidadão subir na hierarquia profissional soviética.
As visitas aos
monumentos e aos túmulos com a colocação das flores é uma peregrinação às “terras
santas”. Toda a sua importância é descrita no ponto anterior.
Nacionalistas
ucranianos, bandeiristas
– são demónios, tal como anjos caídos, eles foram tentados pelo Lucífero e o
seguiram, renegando o Deus. As criaturas que continuamente disparavam nas
costas, nos cús. Mas foram derrotados pelos bravos funcionários do NKVD.
“Se levanta, grande país!
Se levanta para a luta mortífera” (A Guerra Sagrada) – como a
maioria das peças musicais daquele tempo, essa composição cumpria a papel dos
hinos religiosos. A sua meta – aumentar o autoconhecimento religioso e levar
até a êxtase religioso.
A faixa
de São George é uma espécie de cruxifixo. Permite saber quem pertence à fé
verdadeira e quem é apóstata. Quanto mais as tiver é melhor, pois faixa defende
da influência diabólica e dos nacionalistas ucranianos. De preferência a
colocar no lugar mais visível. A faixa é multifuncional – pode ser colocada nas
antenas dos carros, nas carteiras femininas, nos balcões das lojas, e outros
lugares.
Essa lista de
simbologia religiosa e cerimonial do dia 9 de maio não é definitiva. Vocês
podem ajudar a aumentar. Pois apenas conhecendo a verdade, vocês se tornem
livres!
Fonte:
Sem comentários:
Enviar um comentário