sábado, outubro 24, 2015

Nas trincheiras do leste da Ucrânia

Dois jornalistas da Aljazeera English, repórter Jean Carrere e fotógrafa Virginie Nguyen Hoang visitaram uma unidade do batalhão “Donbas” que mantêm as suas posições antiterroristas no leste da Ucrânia, nos arredores da cidade de Mariupol.
No abrigo durante os bombardeamentos russo-terroristas
Quem são os voluntários ucranianos que recebendo o mínimo do estado (apenas AK-47 e um capacete), ganham pelo seu serviço o equivalente aos 200 dólares por mês?
Comandante Nikrasov (24) na frente e na base do batalhão com a sua guitarra

Nikrasov (24) é o comandante da primeira linha da defesa ucraniana nos arredores da vila de Shyrokine. É morador de Kyiv, pertence à classe média alta (na sua própria avaliação), é pai de três filhos, tradutor do italiano e russo, com experiência de vida na Itália, em Nápoles. Não teve nenhuma experiência militar antes de se juntar ao batalhão “Donbas”, onde tive o curso básico de três meses. Nikrasov explica a sua decisão de deixar o conforto de capital e se engajar ativamente na defesa da Ucrânia de seguinte maneira: “Você não vai querer lutar numa guerra perto de casa, perto das pessoas que você ama. Eu não quero acordar um dia com as tropas russas nos arredores de Kyiv e ter que lidar com isso”.

Ena é franco-atirador da unidade, tártaro da Crimeia, ele deixou a península e a sua quinta de cavalos, juntando-se aos voluntários ucranianos. Ena é muito reservado no que toca a sua vida pessoal.
Linza (Lente) é o voluntário mais amigável da unidade (na foto em cima com o gato). O ex-professor brinca constantemente e abomina a violência, ele apoia outros voluntários: cuida dos feridos, cozinha ou prepara um novo lote de chá com as mesmas folhas velhas. Linza fala um inglês próximo à perfeição, considera-se à si mesmo como “um grande nerd”, ama o cinema francês e jogos de vídeo (desejando nunca na vida jogar os jogos de guerra).
Lucky (Felizardo) é batedor e franco-atirador da unidade. Recentemente, ele foi atingido por franco-atirador terrorista, mas sobreviveu, graças ao seu capacete. Lucky, que ganhou o seu nom de guerre após pisar uma armadilha terrorista e sobreviver sem nenhum aranhão, desta vez teve uma contusão e espera pela evacuação para ser visto pelo médico.
O comandante Nikrasov e Angel
Angel é batedor de um outro batalhão, parece gostar de estar na guerra, o seu sonho é alistar-se na Legião Estrangeira Francesa, após o fim da guerra na Ucrânia. Angel usa um lenço na cabeça e maneja a metralhadora M-60.
Voluntário "Dragão"
O voluntário "Zinco" dorme na base do batalhão que outrora pertencia à um dos filhos do Yanukovych.
Os militares dormem na parte que era destinada aos serviçais, na parte do senhorio
dormem as suas famílias quando os visitam. As revoluções têm destas coisas.
O gato apareceu na unidade alguns dias antes, todos o chamam de Koshmar (Pesadelo), apenas o voluntário “Dragão” o chama de Popil (Cinza).
Quando o repórter Jean Carrere encontra uma pequena missão da OSCE, comandada pelo James Pal, que tenta chegar ao Shyrokine, ele denuncia o uso, pelas forças russo-terroristas da artilharia de 120 mm (proibida pelo acordo de Minsk-2). Em resultado, na semana que se segue, numa conferência de imprensa da OSCE, o seu chefe monitor,  Alexander Hug, falou sobre a presença de artilharia proibida em “ambas as partes”.

Ler a reportagem original em inglês “In the trenches of Eastern Ukraine”:

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