sábado, março 07, 2015

Agressão da Rússia contra Ucrânia

Devemos começar a recuperar o bom uso das palavras para descrever as situações. Na Ucrânia não há um “conflito” entre as duas partes, mas existe a “agressão” de uma das partes – da Federação Russa, chefiada por Vladimir Putin – contra uma outra parte, a agredida República da Ucrânia. Não é trivial o uso dos termos corretos, se você realmente quer entender o que está acontecendo, o seu alcance e as consequências e como deve reagir a comunidade internacional para parar a agressão, fazer respeitar os direitos de soberania da Ucrânia e punir adequadamente aqueles que rude e injustificadamente tem violado as normas mais elementares do direito internacional, e até mesmo os seus próprios compromissos.

por: Javier Rupérez, o Embaixador da Espanha na ONU

São desnecessários os relatórios confidenciais da CIA para saber que no leste da Ucrânia, os que estão invadindo o território ucraniano não são separatistas locais, mas os soldados russos, equipados e armados pela Federação Russa. Nem é preciso ter muita imaginação, apenas um pouco na memória recente para se lembrar que a Rússia anexou ilegalmente Crimeia com o uso direto de suas forças armadas, mas também em violação das leis internacionais de guerra, seus elementos não ostentavam as insígnias que os identificassem e eram conhecidos como os sinistros “homens verdes”.

Ninguém quer a guerra. Ninguém, além do Putin que já mostrou o suficiente nesta ocasião, como fez em outros, dentro e fora da Rússia, sua total falta de escrúpulos quando se trata de usar a força para alcançar os seus objectivos. Neste dilema, quando os que pretendem parar a agressão, começam por dizer que a situação “não tem a solução militar”, estão dizendo exatamente o que o autocrata russo quer ouvir: que o único disposto a usar elementos militares é ele, garantindo a vantagem de que isso dá em colocar os ganhos e perdas no campo de batalha ou na mesa de negociações. Pelo menos Obama, mesmo com as suas hesitações, já anunciou que “todas as opções estão sobre a mesa”. Tanto poderia custar os tímidos líderes europeus dizer o mesmo, embora não ousarem fazê-lo?

Nem você precisaria de criar a bola de cristal para prever que Putin vai continuar a assombrar os ucranianos no leste do território e que ele vai continuar a tentar obter o que quer ver de forma clara: a divisão da Ucrânia, a obtenção pela Rússia da sua parte oriental, a consagração da anexação da Crimeia e criação no resto do território de uma república que pagará fidelidade à Moscovo. Um vigoroso programa de sanções pode atrasar e mesmo condicionar as pretensões imperiais do novo autocrata do Kremlin, mas é precisa existir a coerência, unidade e paciência, sempre com uma forte manifestação do óbvio: a situação será regularizada apenas quando as tropas russas deixarem a Ucrânia, devolvendo a Crimeia e Putin parar de interferir violentamente nos assuntos deste e de outros países vizinhos.

O sonho de uma noite de verão? A alternativa é equivalente à agressão gratificante e, assim, animará ainda mais o agressor, que tem em seus alforjes vorazes outros objetivos: Letónia, Estónia, Lituânia, Geórgia, Azerbaijão, Moldova e se surgir a ocasião e o Ocidente ainda parecer dúbio, a Polónia. Por que não? Assim aconteceu na década de 1930 do século XX, com um tipo de origem austríaca com bigode, marginal e dado às reivindicações territoriais. O seu nome era Adolf Hitler. Soa familiar?

“Pelo que eu vi nos meus amigos e aliados russos durante a guerra, estou convencido de que não há nada que admiram mais do que a força e nada que respeitam menos do que fraqueza, especialmente a fraqueza militar” – Winston Churchill, no discurso sobre a “Cortina de Ferro” no Westminster College, Fulton, Missouri, 5 de março de 1946.

Fonte:

A chegada do “mundo russo”

Na aldeia de Troitske, no distrito de Popasna da província de Luhansk, os terroristas do grupo separatista “lnr” usaram o sistema “Grad” para destruir uma igreja ortodoxa, construída em 1840 e com estatuto de monumento arquitectónico da Ucrânia.
Governador Gennadiy Moskal

Os projécteis terroristas perfuraram o telhado e rebentaram no interior da igreja, danificando o altar, ícones, as paredes. “Os ortodoxos não se comportam assim”, – disse o governador de Luhansk, o general Gennadiy Moskal.


 

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