Diário íntimo e pessoal de uma artista ucraniana

Ucraniana Viktoria Protsyuk, moradora de Kyiv, faz desenhos eróticos e envia parte do lucro das vendas às Forças Armadas da Ucrânia. As obras da artista estão penduradas nos abrigos da linha da frente e nos dormitórios militares, e agora a sua exposição acontece em Berlim. «Isso realmente me emociona, estou loucamente apaixonada pelos homens e mulheres que protegem o nosso país», disse ela à DW.

A artista ucraniana mais provocante (e já existem muitos concorrentes a este título), a imprensa de Berlim chama a frágil Viktoria Protsyuk, que chegou à capital alemã de Kyiv em março. Ela pinta aquarelas e pinturas a óleo que o Instagram bloqueia, e nos também não podemos mostrar tudo. Suas pinturas eróticas de pequeno formato não irão surpreendê-lo com o enredo. São duas ou mais pessoas quase nuas de diferentes gêneros e cores de pele que fazem sexo - se considerarmos esse conceito o mais amplo possível. Os corpos (ou partes individuais dos corpos) são representados da forma mais natural possível, sua interação é mostrada de forma inequívoca - você não pode confundi-los com nada. Isso é sexo, do qual todos os participantes obtêm grande prazer.

«Pinto apenas o que vivi»

Em 16 de dezembro, o bar Repeat de Berlim (realizar exposições em bares subterrâneos com seus corredores sinuosos, e não em galerias é uma característica de longa data de Berlim) abriu uma exposição de Victoria. “Comecei a desenhar erótica em Kyiv, mas não foi tão fácil com as exposições lá”, diz ela, a poucos passos do DJ (nenhuma exposição de Berlim se faz sem ele). “As pessoas não estavam prontas para cenas explícitas. Aqui é o oposto, eles dizem, por favor, faça-nos algo mais depravado."

O correspondente da DW já viu a exposição e entende que não é fácil torná-la «mais depravada»: composicionalmente, as pinturas de Victoria lembram screenshots de pornografia. Mas eles não terminam aí. O sexo pode ser retratado de diferentes formas, e o artista escolhe uma combinação tão nervosa, cáustica e excitante de cores e formas que você começa a ficar nervoso ao olhar para ela. Isso é feito de propósito: Victoria recusa a distância entre o espectador e a imagem, colocando o observador no meio das coisas. Segundo ela, não há distância entre o autor e a obra em si.

«Eu desenho apenas o que vivi. Se não entendo como chegar a isso, obtenho apenas uma bela imagem sem emoções e paixão. Mostro desejo e brinco entre as pessoas - muitas vezes pessoas reais, apenas mudam de rosto.» Ela explica. Podemos dizer que o diário íntimo de Victoria está pendurado nas paredes do bar de Berlim. De fato, o espectador de vez em quando encontra nas pinturas um rosto que se parece com a própria artista. Ao mesmo tempo, não é tão importante quem era Victoria no processo de trabalho - uma espectadora, uma participante ou tudo o que acontecia em sua fantasia. O principal é que o espectador sinta o nervo.

Pinturas nas trincheiras

Outra trama na vida da artista ucraniana mais provocante de Berlim é sua participação na defesa de seu país. «Quando a guerra começou, parecia-me que minha arte havia chegado ao fim. Quem vai precisar? Ela simplesmente cairá no esquecimento. Acontece que não. E pode ajudar», diz ela. Quase imediatamente, soldados ucranianos da frente começaram a escrever para Victoria. Eles disseram que suas pinturas inspiram e pediram para enviar mais. Reproduções de pinturas estão penduradas em abrigos e dormitórios de soldados, e ela mesma organizou exposições e vendas, cuja renda remetia para as necessidades das Forças Armadas da Ucrânia.

“Isso me emociona e me emociona muito, sou loucamente apaixonada pelos homens e mulheres que protegem nosso país”, diz ela.

Se você pensar no que Viktoria inovador trouxe para o mercado de arte da capital alemã, esses claramente não são os enredos de suas pinturas. Berlim viu muito mais. No entanto, em suas pinturas há uma paixão real e inimaginável e um desejo real. E causa uma nova impressão - mesmo em uma Berlim cansada. «E o desejo é o que nos faz viver e fazer alguma coisa», diz ela.