Pouca
gente sabe, mas antes da atual guerra russo-ucraniana, a cidade de Luhansk era
chamada de capital do golfe ucraniano. Em 2004, o influente, na época, político
local, Oleksandr Kobitev, ocupando, no passado, o posto do vice-governador da
província de Luhansk, fundou na região o “Primeiro clube de golfe”. Alguns anos
depois, o clube recebeu o primeiro campeonato ucraniano da modalidade.
por:
Denis
Kazansky (blogueiro e ativista ucraniano)
O
clube se situava no distrito de Slavyanoserbsky, à 10 minutos de viagem de
Luhansk. O campo de golfe foi inaugurado apenas em 2008, mas desde ai foi
bastante popular entre os amantes da modalidade. Era, praticamente, a única
particularidade da cidade que não existia em Donetsk. Os influentes barões de
Donetsk costumavam aparecer no clube para jogar. O seu diretor era o filho de
Kobitev – Roman.
Assim
descrevia a época dourada do clube a publicação “Comments.ua”:
“Os
campos verdes se estendem por 85 hectares. Quanto trabalho foi necessário para
investir nesta relva, na qual até olhar cai suavemente, sabem seguramente somente
aqueles que fizeram crescer essa relvinha delicada. O clube de golfe contratou
os especialistas no estrangeiro: no nosso país não sabemos criar disso.
O
“Primeiro clube de golfe” – tão simples e sem as pretensões especiais se chama este
lugar. Sem pretensões – porque é uma simples constatação. O golfe na Ucrânia já
existe vários anos, o campeonato nacional se realiza pela quinta vez, mas até
agora não existiam os campos de nível adequado. Por isso, todos os torneios se realizavam
no exterior: na República Checa, Eslováquia, Polónia, Rússia, Turquia”.
Na
Internet ainda é possível ver as fotos do “Primeiro clube do golfe”, vejam, são
muito bonitas...
Essas
são as fotos dos campos verdes da página do “Primeiro clube do golfe” na rede
social OK:
Se
folhear as fotos e ler os comentários abaixo, você pode ver os primeiros sinais
de aproximação da morte súbita do golfe de Luhansk. São os comentários deixados
no inverno de 2014 (grafismo e pontuação do original):
“No
dia 26 DE JANEIRO ao LUHANSK VEIO A COLUNA DE AUTOCARROS com o pessoal do Euromaidan
à fim de OCUPAR os prédios administrativos. De acordo com as estimativas
preliminares, eles são cerca de DOIS MIL. Apelo às pessoas não indiferentes de
Luhansk e da região, capazes de apoiar não por palavras, mas por ações, NÃO
FICAR DE BRAÇOS CRUZADOS e, juntos, ENFRENTAR OS INVASORES que querem, à sua
maneira suja, nos subjugar à sua vontade”.
A
dita coluna de autocarros, como é sabido, nunca chegou ao Luhansk e dois mil nacionalistas
ucranianos ignominiosamente desapareceram em algum lugar nas estepes de Donbas.
Mas as mensagens idiotas, que no início provocavam somente o riso, finalmente fomentaram,
nos moradores de Luhansk, uma reação assassina. Na primavera de 2014 eles
decidiram, eles próprios, ocupar os edifícios administrativos, sem esperar por
qualquer autocarro do Euromaidan. Depois disso, na cidade começou a anarquia,
saques e assassinatos. Depois veio a guerra, sem sentido e sem piedade, como tudo
que acontece em Luhansk.
Muito
rapidamente o clube de golfe se viu no epicentro dos acontecimentos. No dia 17
de junho de 2014, não muito longe de lá, se deu o famoso combate entre o
batalhão “Aydar” contra os terroristas da “lnr”, em que foi capturada Nadiya Savchenko
e durante o qual os voluntários ucranianos sofreram as perdas significativas. Na
altura, os militares ucranianos ainda tinham visto o clube neste estado.
Dois
anos após a “libertação” de Luhansk da sangrenta junta ucraniana e da
proclamação da “república popular”, o “Primeiro clube de golfe” ganhou uma aparência
bem distinta.
Quem
é que precisa do golfe se a região tem a sua própria “lnr”? Pessoal do Luhansk
não necessita dos miminhos!
Rússia! Rússia!
Referendo!
Referendo!
¡No
pasarán! da Crimeia!
Na
Crimeia ocupada o pessoal, pelos vistos, também não quer ficar por trás e assim,
no dia 17 de junho viu ser consumido pelo fogo o que restava do festival
da música eletrónica KaZantip,
um dos maiores festivais musicais da Europa Central. Organizado anualmente sob
o regime da Ucrânia opressora, entre 1991 e 2013, em março de 2016 o festival
foi finalmente proibido pelo regime ocupacional da Crimeia, devido “numerosas
violações da lei federal, incluindo as do combate de incêndios e antiterrorismo”.
Rússia!
Rússia!
Referendo!
Referendo!
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