No
dia 20 de julho, às 7h45 de manha, na cidade de Kyiv foi assassinado o
jornalista belaruso-ucraniano, Pavel Sheremet. A viatura,
pertencente à sua esposa civil, Olena Prytula, jornalista
e co-editora
da influente edição online Pravda.com.ua,
explodiu, devido ao rebentamento da carga explosiva equivalente aos 0,4-0,6 kg
de TNT. O jornalista foi retirado da viatura ainda com a vida, mas não resistiu
aos ferimentos e acabou por falecer.
A
investigação ucraniana coletou os vídeos das câmaras CCTV situadas no local do
crime. Como escreve a edição ucraniana online Strana.ua,
citando as fontes de próximas de investigação, os investigadores possuem o
vídeo em que pode se ver a mesma pessoa se aproximar à viatura mais tarde usada
pelo jornalista.
O
momento da explosão:
Os
dados avançados pela TV russa TV Rain, apontam
que Pavel Sheremet e a sua esposa civil, notaram que durante algum tempo
estavam sendo seguidos. A Direção-geral da Polícia Nacional da Ucrânia está conduzir
as diligências operativas, colhendo os depoimentos das testemunhas, colegas e
amigos do jornalista. Foi aberto o processo criminal no âmbito do Artigo 115.2
do Código Penal da Ucrânia (“assassinato premeditado, cometido de forma que
coloca em perigo as vidas de várias pessoas”).
Segundo
a ordem do Presidente da Ucrânia, Petró
Poroshenko, será criado um grupo operativo misto de investigação, com a
participação dos peritos do FBI dos EUA e, possivelmente, da Europol. Pela
informação avançada pela “Ukrayinska Pravda”, os investigadores do FBI devem
chegar à Ucrânia já nesta quinta-feira. O ministro dos Negócios Estrangeiros da
Ucrânia, Pavló Klimkin, recebeu a tarefa de convidar os representantes da Europol
à participarem na investigação. Na tarde do dia 20 de julho, na Administração
Presidencial decorreu o encontro dos representantes do grupo operativo
ucraniano, composto pelo chefe da secreta SBU Vasyl Hrytsak, pelo
Procurador-geral da Ucrânia Yuri Lutsenko e pela chefe da Polícia Nacional da
Ucrânia Khatia Dekanoidze.
Da esquerda à direita: Vasyl Hrytsak, Yuriy Lutsenko, Khatia Dekanoidze e Petró Poroshenko |
O
assessor do chefe do SBU, Yuriy Tandem, apresentou
quatro principais versões do assassinato do jornalista que são seguidas pela investigação:
a sua atividade profissional, motivos ou hostilidades do foro pessoal, a pista russa
(desestabilização da situação no país) e a tentativa do assassinato da co-fundadora
e co-proprietária da publicação “Ukrayinska Pravda”, Olena Prytula, escreve
agência ucraniana Interfax.com.ua.
Devido essa última possibilidade, o presidente Poroshenko tomou a decisão de conceder
a proteção especial à jornalista.
Na
reunião com o Presidente, o Procurador-geral Yuriy Lutsenko sugeriu que nos
próximos dias na Ucrânia podem ocorrer as provocações, por exemplo, durante os
comícios em massa. A chefe da Polícia Nacional, Khatia Dekanoidze, sugeriu a
instalação dos detectores de metais nestes eventos, nomeadamente na procissão,
organizada pela Igreja Ortodoxa – Patriarcado de Moscovo que pretende se manifestar
em Kyiv no próximo dia 27 de julho.
A
pista russa. O Presidente ucraniano exortou as forças de segurança não excluir nenhuma
versão. “Nestas circunstâncias, em tempo de guerra, da agressão, eu,
nomeadamente, não descarto aqui a presença de interesses estrangeiros”, – disse
ele. Sobre a pista russa também falou o assessor do ministro do Interior,
Zorian Shkiryak. Ele acrescentou que, de acordo com uma outra versão, Sheremet
poderia ter as relações hostis com as “pessoas não identificadas”.
Reação
fora da Ucrânia
As
condolências à família e aos colegas do Pavel Sheremet foram expressas pela
representação da União Europeia em Belarus e pela Embaixada dos EUA em Kyiv. O
assassinato foi condenado pela ex-Representante da OSCE na questão da Liberdade
de Imprensa, Dunja Mijatovic e pela organização “Repórteres sem Fronteiras”. Os
representantes das autoridades da Belarus, ainda não reagiram ao sucedido. O porta-voz
do presidente russo, Dmitry Peskov, também expressou as suas condolências aos familiares
e amigos da jornalista e manifestou a esperança de uma investigação imparcial e
rápida do crime.
Quem era Pavel Sheremet?
Pavel
Sheremet nasceu em 1971 na cidade de Mensk (Minsk). No início da década de 1990
trabalhou na imprensa belarusa, era correspondente do canal televisivo russo ORT
em Belarus. Sheremet foi fundador da publicação independente belarusa Belarus Partisan, em 1997 ele
foi preso e condenado à dois anos de pena suspensa por causa da sua reportagem
sobre o estado real da fronteira entre Belarus e Lituânia. O jornalista foi
acusado de atravessar ilegalmente a fronteira do Estado, receber dinheiro de
agências de inteligência estrangeiras e de realização das atividades
jornalísticas ilegais. O próprio Sheremet classificou a sua sentença de política, da vingança pela crítica ao presidente belaruso Alexander Lukashenka.
Na
Ucrânia Pavel Sheremet trabalhava desde 2012, nomeadamente ele mantinha um blog pessoal na
publicação “Ukrayinska Pravda”, era jornalista da rádio “Vesti” e do canal televisivo noticioso “24”.
Pavel
Sheremet será sepultado em Mensk, no Cemitério do Norte.
Blogueiro:
para já, a versão mais forte da morte do jornalista é sem dúvida a pista russa.
Nas vésperas da chegada em Kyiv da horda ortodoxa comandada pela igreja
subordinada ao Moscovo, seria de todo do interesse do Kremlin a
desestabilização da Ucrânia. Por isso, é bem possível que o alvo era Olena
Prytula e não Pavel Sheremet. Basta lembrar que a Revolução Laranja de 2004-05 foi,
em parte, motivada pela morte do Georgiy Gongadze, o jornalista,
fundador e primeiro editor da publicação “Ukrayinska Pravda”. Embora o
jornalista foi raptado e assassinado em setembro de 2000, em novembro do mesmo
ano ao público veio o Escândalo
de Cassete que implicou na sua morte o presidente ucraniano em funções, Leonid Kuchma.
Na
sua última postagem,
publicada no seu blogue no dia 17 de julho e chamada “'Azov',
a responsabilidade e os batalhões voluntários” e dedicado ao regimento “Azov” e
ao seu líder Andriy Biletskuy, Pavel Sheremet escreveu:
E
este exemplo mostra que quando as pessoas conscientes de diferentes agências
das forças de segurança – o SBU e o “Azov” – encontram a linguagem comum,
nenhum absurdo terrível acontecerá.
É
necessário, claro, continuar à acompanhar Andriy Biletsky. Ele está progredir muito
nos últimos dois anos e está crescendo, mas a sua juventude radical [...] ainda,
ocasionalmente, se faz sentir. Mas temos a capacidade de distinguir os erros do
patriota responsável do oportunista desonesto.
E
nestes voluntários, casos de “Azov” do Biletskiy ou “Myrotvorets” do [Andriy] Teteruk temos que nos à
orientar [confiar].
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