A
posição russa na questão da presença dos seus cidadãos na guerra
russo-ucraniana mudou bastante nos últimos dois anos. De negação total em 2014 até
a confirmação da presença dos “voluntários” e dos “ex-militares nas férias” em
2016. Mas quantos são, onde estão e quem são continua sendo questão pouco
conhecida. O advogado ucraniano dos terroristas russos, Valentin Rybin, conta à Gazeta.ru
sobre os seus clientes.
O
advogado Valentim Rybin é conhecido por defender o sargento do GRU Alekandr
Aleksandrov, capturado em combate na Ucrânia em 2015. No entanto, ele
defende diversos mercenários e terroristas russos “perdidos” na guerra
russo-ucraniana, assim como defende os separatistas ucranianos, membros dos
grupos terroristas de “dnr” e “lnr”.
Valentim
Rybin: «Os russos que lutaram pela dnr não são apreciados por outros presos das
cadeias ucranianas, são maltratados por eles».
No
total, pelos dados do representante do MNE russo, Konstantin Dolgov, Ucrânia
acusou formalmente mais de 130 cidadãos russos pela sua participação na guerra
no leste do país. «De acordo com nossos dados, mais de 100 cidadãos russos
estão agora nas prisões. Mais de 130 cidadãos russos são acusados ... no âmbito
do conflito armado na [região de] Donbass», — disse Dolgov.
Os
primeiros clientes em 2014
Rybin
começou por defender Roman Bannych
(1985), preso em 5 de abril de 2014 na região de Luhansk. O sujeito tinha como
endereço registado a unidade militar № 13204 que pertence ao GRU do Estado
Maior General das Forças Armadas da Federação Russa. Em 15 de setembro de 2014
ao pedido da contraparte russa foi trocado juntamente com outros sabotadores
russos pelos POW ucranianos.
Depois
veio o caso da terrorista Mariya Koleda
(1991), cidadã russa muito ativa nos movimentos separatistas nas regiões
Kherson e Mykolaiv, foi detida em 8 de abril de 2014 durante a tentativa dos separatistas
pró-russos de ocupar a Administração Estatal na cidade de Mykolayiv. Em 16 de
setembro de 2014 foi libertada numa troca de prisioneiros.
Uma
outra “cliente” famosa era Olga Kulygina
(1972), agente dos serviços secretos russos e próxima aos terroristas Girkin e Bezler,
em setembro de 2014 foi trocada por 14 (17) militares ucranianos.
O
advogado defendia o terrorista Fedor Ustinov (1983), cidadão russo, morador da
cidade de Novorossiysk, preso em combate pelas forças ucranianas no fim de 2014 na
cidade de Debaltseve. No momento da sua detenção possuía o documento de identificação
da organização terrorista “dnr”, a metralhadora RPK-74 com munições e
lança-granadas RPG-18 «Mukha». O
sujeito era tão fortemente zumbificado que durante os primeiros 40 dias na
cadeia se recusava a comer a comida ucraniana. Libertado na troca de prisioneiros
em 26 de
dezembro de 2014.
Os
clientes atuais
O
criminoso russo do delito comum, Ruslan Gadzhiev
(1973), era mecânico
condutor do blindado T-64 do bando terrorista “Avgust”, foi preso na batalha de
Debaltseve, no combate pela colina 307,5 (o ponto de controlo ucraniano “Valera”),
conhecido como “Estalinegrado sob Sanzharivka”. Na batalha de 25 de janeiro de 2015 os
terroristas russos avançaram com 5 blindados, apoiados pelos blindados ligeiros
BTR e infantaria. Até a colina chegaram apenas três blindados, um T-72 e dois T-64.
No decorrer do combate os blindados terroristas esmagavam os defensores ucranianos
com as suas lagartas. No final, as forças ucranianas liquidaram todos os
terroristas, Gadzhiev foi único sobrevivente. De momento no tribunal ucraniano decorre
o processo contra Gadzhiev, acusado de participação na “guerra agressiva contra
Ucrânia”. O terrorista é acusado na participação ativa na morte dos 9 e
ferimentos dos 12 militares ucranianos e enfrenta entre 15 anos de cadeia e
prisão perpétua.
Os outros clientes são Oleg Khlyupin (1985), colaborador do GRU, deportado da Ucrânia em 25 de março de 2016 e Ogor Kimakovskij (1972) detido pelo SBU em 2015 pela espionagem à favor da Rússia e grupo terrorista “dnr”, colocado na lista para a possível troca de prisioneiros.
Os outros clientes são Oleg Khlyupin (1985), colaborador do GRU, deportado da Ucrânia em 25 de março de 2016 e Ogor Kimakovskij (1972) detido pelo SBU em 2015 pela espionagem à favor da Rússia e grupo terrorista “dnr”, colocado na lista para a possível troca de prisioneiros.
Valentim
Rybin conta que nas cadeias ucranianas estão detidos pelo menos 20 cidadãos
russos, acusados de participação nos atos de separatismo e terrorismo, este
número figura nas listas mais recentes elaboradas pelo consulado russo em Kyiv.
Possivelmente mais cidadãos russos estão detidos por cometerem diversos crimes
configurados nos artigos do Código Penal da Ucrânia.
Ajuda
à investigação
Como
conta o advogado, o sargento do GRU Aleksandrov, estava na Ucrânia na
posse do telemóvel pessoal que continha as fotos dos seus documentos militares russos,
as ordens militares da sua unidade militar em Togliatti, um monte de
correspondência pessoal, etc., tudo isso facilitou sobremaneira o trabalho dos
investigadores ucranianos.
As
tarefas do advogado do diabo
O
advogado conta que foi contactado pelos familiares dos pelo menos quatro
cidadãos russos que desapareceram nos territórios ocupados pelos terroristas da
“dnr” e “lnr” em 2014-15. Numa situação normal, os “desaparecidos” poderiam ser
procurados pelo sinal dos seus telefones celulares. Mas sendo terroristas russos,
eles entraram na Ucrânia ilegalmente, ou seja, “eles não estão lá”. Em dois
anos da guerra diversos russos terroristas russos foram liquidados ou
simplesmente desapareceram na Ucrânia, sem deixar o rasto. O advogado pretende
procurar estas pessoas ou as suas campas...
Bónus
Os ucranianos que
lutaram pela dnr e lnr são deportados da Rússia. Os milicianos [de
nacionalidade (oficial) ucraniana] que lutaram no Donbas são detidos no
território da Federação Russa. Já existem às dezenas. Aqui [na Rússia] eles apenas
violaram o regime de permanência de 90 dias. E estão sujeitas à expulsão
imediata pelos serviços de migração. Tudo, segundo a lei.
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