Dr. Grigory Vorobiev na sua casa em Chicago |
Segundo
a confissão do respeitado médico russo Grigory Vorobiev
(1929–2019), desde 1984 existiu na URSS um plano concertado de dopagem de atletas olímpicos,
arquitectado pelo clínico Sergey
Portugalov (banido do desporto de forma indefinita em 2017), antes disso o médico chefe da Federação Russa de Atletismo.
Vorobiev,
que nos últimos cinco anos vive nos EUA divulgou vária documentação até agora
secreta. E é escandalosa.
O pai do moderno doping soviético e russo, Dr. Sergey Portugalov em 28/02/2008 |
Portugalov,
entretanto banido pelos organismos internacionais, e que se suspeita continuar
a ser um «consultor», escreveu e recebeu várias cartas confidenciais, agora
divulgadas, onde sugere o uso maciço de substâncias como o Retabolil e o
Stromba. Em 2010 ele desempenhava as funções do vice-diretor do Centro Federal de
Investigação Científica de Cultura Física e Desporto (VNIIFK).
A
atleta russa e informadora da WADA, Yuliya Stepanova,
contou que Portugalov (não só era o membro ativo da rede da venda de doping, mas
também injetava pessoalmente (!) as substâncias proibidas aos atletas russos),
recebia cerca de 5% dos lucros de cada atleta. Em troca, ele ajudava a elaborar
o programa de uso de doping – dynatrope, eritropoietina e
testosterona.
O
relatório (nas imagens), escrito em 1983 e com a referência de uma “reunião de
trabalho” de 24 de novembro do mesmo ano, indica ainda a consciência dos
perigos médicos envolvidos no «programa farmacológico especial para
desenvolvimento de capacidades desportivas».
Os
boatos sobre estes documentos foram dissipados com a confirmação dos mesmos
pelo New
York Times e pelo anúncio de Vorobiev de que falaria sobre o assunto com
mais detalhe.
Em
maio de 1984, cerca de cinco meses após o plano estatal de dopagem, delineando
no documento e endereçado à mais alta liderança desportiva soviética, a União Soviética
retirou-se dos JO de Los Angeles, alegando as “ações anti-olímpicas das
autoridades norte-americanas e dos organizadores dos Jogos”. “Os sentimentos
chauvinistas e uma histeria anti-soviética estão empolados no país”, dizia a
declaração soviética.
Em
2016, presidente Putin negou a existência de um sistema de doping estatal russo,
afirmando que todas as acusações são políticas, mas ainda assim ordenou
a suspensão e demissão de pessoas alegadamente envolvidas (fontes @Nuno Rogeiro; NYT).
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