Myroslav Symchych é um lendário comandante
do Exército Insurgente Ucraniano (UPA), prisioneiro político ucraniano que passou 32 anos, 6
meses e 3 dias nas cadeias e campos de concentração soviéticos.
Perseguido
e torturado, ele nunca cedeu aos seus carrascos. Atrás das grades ele conheceu
e fez amizade com diversos intelectuais ucranianos, da geração de 1960:
escritor e publicista Yevhen Sverstyuk, poetas Ivan Svitlycny e Ihor Kalynets, jornalista Valeriy Marchenko. Estes invencíveis conseguiram derrotar a URSS, quando passaram
para Ocidente a sua carta – protesto, que foi publicada na imprensa europeia e
americana.
No
final da década de 1940, Myroslav Symchych (“Kryvonis”), comandava a centena de
Berezy, que por sua vez fazia parte do Kurin (unidade tática básica) dos
Cárpatos do UPA. Os serviços secretos soviéticos contabilizam cerca de
40 combates que a sua centena travou com as tropas do NKVD. Em apenas dois
deles os guerrilheiros ucranianos não saíram vitoriosos.
–
Na realidade, estes combates e estas vitórias eram muito mais numerosas, – com
um sorriso malandro diz Myroslav Symchych.
Mas
o seu combate mais famoso se deu no dia 15 de janeiro de 1945 nos arredores da
aldeia Rushir, na entrada da aldeia de Kosmach (tida como a
capital da guerrilha ucraniana), quando a sua centena (cerca de 250 combatentes),
derrotou e exterminou o 256° batalhão das guardas do NKVD. Juntamente com o seu
comandante, tenente-coronel (por vezes referido como o general), Aleksey
Dergachov (1913 – 1945, desde agosto de 1944 o comandante do 256° batalhão da
36ª divisão das guardas do NKVD da Circunscrição Ucraniana).
“Tínhamos
que esconder os 250 homens para que o inimigo não desconfiar de nada.
Encontramos uma boa localização. As montanhas circundavam o caminho em forma de
ferradura. Pensei, foi o próprio Deus que criou as nossas montanhas para podermos
exterminar nelas os visitantes importunos”, – lembre-se Symchych.
Os
seus homens possuíam 22 metralhadoras ligeiras, um lança-minas, um
lança-granadas, mais de 20 pistolas automáticas, cerca de 15 carabinas semiautomáticas,
os restantes guerrilheiros estavam armados com espingardas e granadas.
A
coluna inimiga apareceu de manha cedo: entre 12 à 15 camiões Studebaker (das cerca de 500 mil unidades produzidas nos EUA, 477.000
foram fornecidas à URSS segundo o programa de Lend-Lease), a abarrotar de soldados
e um carro ligeiro que parou em frente da ponte, que os guerrilheiros acabavam
de desmontar. Todos estavam ao alcance do tiro…
Em
duas horas e meio do combate, foram aniquilados cerca de 405 soldados e
oficiais do batalhão, juntamente com o seu comandante, tenente – coronel Dergachov.
–
Quantos carrascos do NKVD vocês lá arrumaram, se pergunta ao Symchych.
–
Não tínhamos tempo de contar, pessoalmente foi ferido com uma bala dum-dum na
mão direita, apenas consegui fazer a estimativa de cerca de 200 pessoas. Assim
escrevi no meu relatório. Já em 1968, durante a pós-investigação, soube que
NKVD intercetou o meu relatório.
–
Tu não mataste os nossos 200 homens, chiava maldosamente o investigador, só em
combate morreram 375 pessoas, outros 50 morreram no hospital dos ferimentos…
No
gabinete do investigador, o prisioneiro Symchych encontrou a viúva e o filho do
tenente-coronel Dergachov. O investigador lhes propôs “olhar nos olhos” daquele
que despachou ao inferno o seu “pai e marido”. Quando o NKVDista lhe perguntou sobre
o tipo de castigo que insurgente ucraniano merecia a receber, a viúva do
carrasco respondeu decididamente:
–
Apenas a pena capital, apenas a pena capital…
Myroslav Symchych (1º à esquerda) no processo de reconhecimento pela testemunha, 1968 @arquivo do SBU |
Ver
o filme histórico “O inverno quente de 1945. A batalha de Kosmach” no YouTube, 15’14’’:
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