sábado, dezembro 20, 2025

Invasão soviética do Afeganistão e a contestação pacífica do regime comunista

Em dezembro de 1979 a União Soviética começou a sua inglória guerra colonial no Afeganistão (1979-1989), no decorrer da qual os cidadãos soviéticos eram perseguidos por escrever e divulgar os poemas e panfletos contra a guerra, e simplesmente por se manifestarem. A resistência pacífica ao regime comunista teve os seus heróis.

Ao saber da invasão do Afeganistão pela URSS, a pintora e desenhadora de Leningrado, Natalia Lazareva, escreveu o “Apelo às Mulheres do Mundo”, condenando a invasão. Ficou insatisfeita com o texto — guardou-o em uma pasta e esqueceu-se de sua existência. Nove meses depois, o texto foi descoberto, por acaso, por agentes do KGB que revistaram o estúdio da artista.

A princípio, Lazareva foi acusada de “disseminar, conscientemente, falsificações que difamam o Estado soviético e o seu sistema social” (Artigo 190-1 do Código Penal da rússia socialista). No entanto, como era a pratica soviética comum da era Brejnev, a pintora foi julgada sob um artigo “comum”, isso é apolitico: acusada de falsificar uma anotação na sua caderneta laboral. Lazareva foi condenada a 10 meses de prisão. Cumpriu metade de sua pena na famosa prisao “Kresty” em Leninegrado e a outra metade numa prisão feminina na região de Leningrado.

“Depois de passar por isso, não podia mais ficar de braços cruzados e não me envolver na defesa dos direitos humanos, que na época era considerado 'atividade antissoviética'”, dizia Lazareva mais tarde. Em março de 1982 — menos de um ano após sua libertação — ela foi condenada novamente. Desta vez, por “agitação e propaganda antissoviética” [artista participou na produção de uma revista pacifista]. Atividade lhe valeu quatro anos em um campo de prisioneiras políticas na Mordóvia.

“A carnificina sangrenta da aventura afegã”

As autoridades soviéticas chamaram a invasão do Afeganistão de “ajuda internacionalista” — a mesma narrativa já usada antes — por exemplo, durante o esmagamento, pelo bloco comunista, da Primavera de Praga em 1968.

A propaganda soviética enfatizava que no Afeganistão estava presente apenas um “contingente limitado de tropas” e que os militares estavam ocupados principalmente na “construção de estradas, hospitais e escolas”. Os cidadaos soviéticas nao tinham absolutamente nenhuma noção da dimensão das perdas: quantos soldados soviéticos ou quantos civis afegãos morreram — e, como tudo realmente aconteceu.

Apesar da falta de informações confiáveis, havia muitas pessoas na URSS que se opunham à invasão do Afeganistão. No entanto, cidadaos não podiam expressar abertamente suas opiniões sobre a guerra. A constituição soviética garantia aos cidadãos a liberdade de reunião e de expressão — mas apenas no “interesse do povo trabalhador”. Esses interesse, por sua vez, era determinado por decisao da mais alta liderança do partido comunista (PCUS).

Os cartoons da resistência anti-soviética afegã 

Todo o espaço público era controlado e pertencia ao Estado. Cidadão até podia tentar fazer um piquete individual, mas, na melhor das hipóteses, isso resultaria na prisão administrativa. Os cidadãos soviéticos não tinham como expressar suas opiniões sobre nada sem serem reprimidos.

Entao, os disidentes optaram pelos apelos formais, feitos por escrito — dirigidos tanto às autoridades soviéticas, quanto aos líderes ocidentais. Por exemplo, em 21 de janeiro de 1980, os ativistas de direitos humanos soviéticos, membros do Grupo de Helsinquia do Moscovo/ou (MHG) adotaram o “Documento 119”, exigindo a implementação da resolução da Assembleia Geral da ONU sobre a “retirada imediata das tropas estrangeiras do Afeganistão”. Os membros do MHG sofriam pressão e perseguição constante do KGB durante toda a existência da organização, fundada em 1976 e forçada a encerrar as suas atividades em 1982.

O mais famoso e respeitado ativista de direitos humanos da URSS, o físico e Prémio Nobel da Paz, académico Andrei Sakharov, também criticou a invasão, tanto em cartas pessoais, quanto em entrevistas as publicações ocidentais. Apenas um mês após o início da guerra, em 22 de janeiro de 1980, Sakharov foi preso junto com sua esposa, Elena Bonner. Sem um julgamento formal, os dois foram deportados para a cidade de Gorky (atual Nizhny Novgorod), que na época era interdita as visitas de cidadãos estrangeiros.

É difícil avaliar a dimensão geral dos protestos contra a invasão soviética do Afeganistão, pois esses protestos eran individuais e sem relação entre si. Por exemplo, Valerian Morozov, um economista de Nizhny Tagil (morreu no Hospital Psiquiátrico Regional de Sverdlovsk em 26 de janeiro de 1989), Pyotr Siuda (1937 – 1990), um operário de Novocherkassk e Viktor Tomachinsky (1945 – 1983, morreu na prisao), um mecânico que consertava carros de dissidentes, manifestaram-se contra a guerra de forma independente.

Cidadãos desconhecidos escreviam “Liberdade para o Afeganistão!” em vagões do metrô de Moscovo/ou. Os panfletos convocando as pessoas a lutarem contra as autoridades soviéticas e a não morrerem “pela terra de outros” apareceram por toda a Ucrânia Soviética.

A revista “Posev”, publicada pela organização anti-comunista russa União Operária Popular dos Solidaristas (NTS) na Alemanha Ocidental e distribuída clandestinamente na URSS, divulgava os depoimentos de refugiados afegãos e descrevia as mortes de “estudantes do ensino médio de ontem, abandonados pela mão benevolente do governo [soviético] ao banho de sangue da aventura afegã”. A revista clandestina “Maria”, criada por ativistas do movimento feminista sovietico, pedia às mães que não enviassem seus filhos para a guerra colonial e apresentava as memórias de recrutas que haviam retornado. O grupo “Doverie” («Grupo da Confiança»), uma organização dissidente pacifista, tentou repetidamente organizar manifestações anti-guerra em Moscovo/ou e Leningrado.

Revista «Posev», 1983, Nr. 2, tamanho 4,64 MB

Possivelmente não houve mais protestos, pois mesmo antes da invasão do Afeganistão, em meio aos preparativos para os Jogos Olímpicos de Moscovo de 1980, KGB prendeu ou deportou, de Moscovo/ou e de várias otras cidades mais importantes, varios disidentes e ativistas dos direitos humanos.

Os opositores da guerra eram geralmente perseguidos criminalmente com base em dois artigos do Código Penal da russia soviética: o Artigo 190-1 (“divulgação de informações sabidamente falsas e difamatórias contra o Estado e o sistema social soviéticos”) e o Artigo 70 (“agitação e propaganda antissoviética”). O primeiro previa pena de até três anos de prisão, enquanto o segundo previa pena de até sete anos em um campo de trabalhos forçados e cinco anos de exílio (e dez anos em um campo de trabalhos forçados no caso da segunda condenação).

Vários dissidentes foram enviados ao “tratamento” punitivo forçado em hospitais psiquiátricos, onde eram submetidos ao uso de medicamentos poderosas e métodos punitivos, que, em alguns casos levavam à sua morte ou à incapacidade física permanente.

Alguns exemplos de como os cidadãos da URSS protestaram contra a guerra colonial no Afeganistão (e como o Estado soviético os punia):

Rádio. O Caso de Vladimir Danchev

Vladimir Danchev era locutor do Serviço Mundial da Rádio Moscovo/ou, que transmitia internacionalmente em mais de 70 idiomas. Era membro do PCUS e aparentava ser um “cidadão soviético exemplar”.

Até que em 1982, Danichev viu um erro de digitação no boletim de notícias. O erro mudava completamente o significado da frase, pela partícula 'não' inserida acidentalmente. Leu a noticia tal como este estava digitalizado. No caso de ser descoberto, pensou, que sempre poderia culpar o erro de digitação.

Mas ninguém percebeu o erro no ar, e Danchev começou gradualmente a alterar os textos por conta própria. A sua “rebeldia” continuou por cerca de um ano. Num programa de notícias de 18 de maio de 1983, Vladimir Danchev relatou que “líderes tribais afegãos convocaram uma luta contra os ocupantes soviéticos”. Em 20 de maio, ele disse: “A União Soviética demonstrou mais uma vez que não está preparada para desenvolver soluções construtivas para limitar as armas nucleares na Europa”. No dia 23 de maio, ele condenou a invasão do Afeganistão em três noticiários consecutivos.

A direção da rádio soube da situação pela imprensa/mídia ocidental. Por seu “erro pessoal”, Vladimir Danchev foi suspenso do cargo, expulso do PCUS e deportado de Moscovo/ou ao Tashkent, a sua cidade natal. Lá, o ex-locutor foi submetido a “tratamento” psiquiátrico forçado. Em 1990, Vladimir Danchev contou ao jornal russo “Sobesednik” que jornalistas franceses o ajudaram a sair  do hospital. [Outros dados apontam que Danichev era filho de um importante funcionario do PC do Uzbequistao. O seu enternamento no hospital psiquatrico e o tratamento bastante “light” que lé recebeu, permitiu escapar a prisão efetiva e até voltar a trabalhar na mesma rádio, embora nunca como locutor. O seu destino posterior é desconhecido].

Samizdat. O Caso de Iosif Dyadkin e Sergei Gorbachev

O principal interesse de pesquisa de Iosif Dyadkin era a geofísica nuclear. Nascido na cidade de Bila Tserkva na Ucrania em 1928, ele vivia na cidade russa de Kalinin (atual Tver), conheceu dissidentes e, alguns anos depois, decidiu realizar um estudo demográfico. No seu trabalho, intitulado “Estatistas”, o cientista analisou dados oficiais da população da URSS e concluiu que entre 10 e 15 milhões de pessoas morreram de repressão e fome entre 1928 e 1941.

Dyadkin digitou este estudo, assim como outros artigos livres da censura (seus e de outros autores), e os distribuiu para amigos e conhecidos. Em abril de 1980, foi preso sob a acusação de “disseminar informações falsas de forma consciente”. Segundo os investigadores, Dyadkin “caluniou” as autoridades soviéticas não apenas por escrito, mas também verbalmente — por exemplo, em conversas privadas com colegas do Instituto de Pesquisa Geofísica na cidade de Kalinin. Entre outras coisas, Dyadkin chamou o socialismo de “um regime de violência e extermínio em massa de povos”, dizia que a “ajuda” soviética à Checoslováquia e ao Afeganistão era, na verdade, uma agressão e também afirmou que a política externa da União Soviética levou ao início da Segunda Guerra Mundial.

«Poiski». Revista moscovita livre. Nº 4. — Paris, PDF

Um conhecido de Dyadkin, Sergei Gorbachev, de 27 anos, um funcionário cibernético júnior, foi julgado juntamente com ele. KGB prendeu Gorbachev no final de junho de 1980, durante o seu interrogatório. No entanto, o jovem, nao sendo dissidente, recusou-se categóricamente a testemunhar contra o amigo. Em forma do castigo, Gorbachev foi formalmente acusado de imprimir e divulgar as cópias da brochura “Cartas Não Políticas” da autoría do pesquisador do Gulag e ex-prisioneiro político Mikhail Rozanov, que debatia o totalitarismo soviético e as melhores maneiras de resistir a este.

Dyadkin e Gorbachev se recusaram de “confessar” a sua suposta culpa. Iosif Dyadkin (faleceu em 2015) foi condenado aos três anos de prisão e Sergei Gorbachev (1952) aos dois.

Poesia. O Caso de Boris Mirkin

Boris Mirkin, um técnico de laboratório sênior do Instituto de Pesquisa de Medicina Militar, era conhecido no trabalho como um homem “calmo, pacífico e tranquilo” que compunha canções e adorava tocar guitara/violão. Sua prisão em maio de 1981 causou grande surpresa e confusão.

Um mês antes, durante uma verificação secreta de rotina, na sua posse foram encontrados “materiais datilografados em forma poética”. Neles, Mirkin, de 44 anos, condenava a invasão soviética do Afeganistão.

Os trechos de seu poema “O Caminho para o Sul”:

Invadimos aqui sem permissão, como inimigos,

Indesejados e estrangeiros ao povo daquele país,

Em uma tentativa de impor a eles o sistema do meu país. <…>

Por que estão trazendo pessoas para os vales afegãos,

Como um rebanho para o abate, grupos de jovens.

O KGB considerou que os poemas de Mirkin eram “fabricações maliciosas contra o sistema estatal soviético, as políticas internas e externas da URSS”, contendo, entre outras coisas, “apelos à prática de um crime de Estado particularmente perigoso e à derrubada do governo soviético”. Durante o interrogatório, Mirkin negou qualquer culpa. Seus colegas oficiais no instituto militar também não encontraram nada de criminoso nos poemas.

Em agosto de 1981, Boris Mirkin foi condenado a três anos e meio de prisão por “agitação antissoviética”. Ele cumpriu sua pena no famoso campo de prisioneiros políticos “Perm-35”, onde se formou como operador de torno. Após sua libertação, continuou trabalhando como operário, dado que foi proibido de prosseguir com o seu trabalho científico. Faleceu em São Petersburgo em 2019.

Panfletos. O Caso de Yevgeny Denisov

Em 1984, o arqueólogo Yevgeny Denisov (1949), nascido em Dushanbe, no Tadjiquistão, passou vários dias escavando perto da fronteira com o Afeganistão. Testemunhou as incursões da aviação soviética contra o territorio afegão. Apos voltar das escavações percebeu que alguma coisa mudou na sua mente, ele não podia mais de ficar indiferente.

Durante o ano seguinte, no seu tempo livre, Denisov usou a velha máquina de escrever para digitar os panfletos, exortando a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão. Em dezembro de 1986, Denisov, então com 35 anos, fez uma viagem ao Moscovo/ou, enviando quinze cartas aos editores de revistas e jornais de Moscovo/ou e mais três aos seus amigos.

Ele escreveu: “Sei que vocês não compartilham da minha posição, mas mesmo assim, se pudessem, de alguma forma, contrabandeiam esses textos para o Ocidente...”. Mais tarde descobriu que as cartas nunca chegaram a dois dos destinatários pretendidos. Seus conhecidos em Dushanbe queimaram a terceira carta imediatamente após lê-la.

Após enviar as cartas, Denisov foi diretamente à loja de departamentos GUM, subiu até o último andar e começou a lançar ao ár os panfletos contra a guerra. Ao terminar, esperou calmamente para ser detido. Passou pelo hospital psiquiátrico especial, anexo a cadeia de detenção preventiva “Matrosskaya Tishina”, posteriormente foi mantido numa cela na cadeia de “Lefortovo”, pertencente ao KGB.

A pesar da vigência de Perestroica, sob a acusação formal de “agitação antissoviética”, o tribunal enviou Denisov para “tratamento” compulsório no hospital psiquiátrico especial de Chukursay, em Tashkent, no Uzbequistao. “Porque uma pessoa normal não pode se manifestar contra a guerra no Afeganistão”, ironizou o arqueólogo. Yevgeny Denisov foi libertado em setembro de 1988. Desde 1990 vive na Alemanha, onde reside em Berlim. Escreve poesía pacifista e textos sobre atualidade que publica na imprensa alemã.

[***]

No fim de dezembro de 1989, o Parlamento da URSS (Segundo Congresso dos Deputados do Povo) condenou a invasão soviética do Afeganistão. Mas até 1991, quando a Lei de Reabilitação das Vítimas da Repressão Política foi aprovada, os tribunais soviéticos negavam a reabilitação dos cidadaos perseguidos e presos por condenarem a guerra colonial.

Frequentemente, os mesmos responsáveis que, por exemplo, haviam anteriormente mantido as sentenças contra dissidentes deveriam zelar por essas reabilitações. Algumas dessas pessoas, permanecem no poder na rússia até hoje — e perseguem seus oponentes da mesma maneira: “O presidente [putin], que participou nas rusgas e buscas domiciliares aos dissidentes na década de 1970, e o presidente do Supremo Tribunal, Vyacheslav Lebedev, que julgou ativistas de direitos humanos na década de 1980. O novo é o velho, não suficientemente esquecido”, escreve Meduza.io

“A história está se repetindo”

Segundo a página russa OVD-Info, desde o início da invasão russa da Ucrânia em 24.02.2002 e até abril de 2023, mais de seis mil e quinhentos processos administrativos por “descrédito” foram abertos — por casos como exibição da bandeira ucraniana ou a bandeira russa não colonial branca-azul-branca (“sem a faixa sangrenta”), cartazes com as palavras “paz” ou slogans “não à guerra”, recitais de poesia e até mesmo por usar roupas amarelas e azuis. Sessenta e uma pessoas foram acusadas de “descrédito” reincidente (Artigo 280.3 do Código Penal russo).

Na URSS, a “agitação antissoviética” era punida com até sete anos de prisão (o exílio posterior também era possível). Reincidências resultavam em pena de até dez anos. Hoje na rússia a primeira acusação de “descrédito do exército” é punível com multa. Se a “acusação de descrédito” ao exército ocorrer mais de uma vez em um ano, ou se resultasse em consequências graves, a pena passa a ser criminal — até cinco ou sete anos de prisão.

Além disso, na URSS, “divulgar informações sabidamente falsas” era punível com pena de prisão de até três anos. As “falsificações” sobre a guerra na rússia moderna, podem “valer” as penas prisionais de até 15 anos.

A poesia do Mayakovsky é sancionada pelo regime neofascista russo

Um tribunal em Ecaterimburgo multou um residente de Kirovgrad, na região de Sverdlovsk, por “desacreditar” o exército russo devido a um protesto contra a guerra, ao qual compareceu com um cartaz contendo os trechos de um poema de Vladimir Mayakovski.

O protesto, segundo a Sotavision, ocorreu em Ecaterimburgo em 7 de dezembro de 2025. Dmitry Rykov carregava um cartaz com um trecho do poema “Abaixo!” de Mayakovski.

A guerra é um vendaval com o fedor de cadáveres.

A guerra é uma fábrica de produção dos miseráveis.

A sepultura imensa em profundeza e largura nos olhos,

Fome, imundície, tifo e piolhos.

A juíza Ekaterina Geiger, do Tribunal Verkh-Isetsky de Ecaterimburgo, multou Rykov em 49.000 rublos (cerca de 536 Euros). Ele se declarou inocente, afirmando que “não era contra uma guerra específica, mas contra qualquer guerra”. Acrescentou que não entendia como o exército poderia ser desacreditado.

Outra acusação administrativa de “desacreditar” o exército russo foi apresentada contra Rykov por um protesto no centro de Ecaterimburgo em 13 de dezembro de 2025. Rykov carregava um cartaz com a letra da música popular soviética Que Sempre Haja o Sol.

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