sábado, julho 18, 2020

As guerras entre Arménia e Azerbaijão: como tudo começou

Nos últimos dias reacenderam os combates entre Arménia e Azerbaijão. Ambas as partes usam artilharia de longo alcance, drones e blindados. A guerra no ponto de discórdia – região disputada de Alto Karabakh começou mais de 30 anos atrás.

História de Alto Karabakh

Já no século XVIII a região era habitada maioritariamente pelos arménios. Embora Alto Karabakh durante muito tempo pertencia à jurisdição azeri.

Em 1905-1907 e em 1918-1920 região novamente viveu conflitos étnicos, azeri-arménios, no decorrer dos quais foi vertido sangue e perdidos os bens materiais. Em 1920, com a ocupação da Arménia e Azerbaijão pela Rússia bolchevique, Moscovo decidiu a “entrega” do Karabakh ao Azerbaijão socialista. Na década de 1960 a região, por algumas vezes viveu tumultos em massa, devido aos problemas sociais e económicos.

Em fevereiro-março de 1988 o jornal oficial da região, «Karabakh Soviético», que tinha mais de 90.000 assinantes apoiou e divulgou a ideia da entrega da região à Arménia. Os deputados locais proclamaram Karabakh como parte integrante da Arménia.

Guerra na Karabakh. Início.

02. No inverno de 1988 nas cidades azeris de Sumqayit e Ganja decorreram os pogroms arménios. A propaganda soviética sonegou a informação e os culpados pelos pogroms foram julgados pelo “hooliganismo”, sem nenhuma menção de ódio étnico. Nas duas cidades foram colocados as unidades do exército soviético.

03. Tropas soviéticas nas ruas da capital azeri – Baku:

04. Conflito é apoiado pela imprensa, se alastra e produz os primeiros refugiados no fim da década de 1980 arménios fogem do Azerbaijão e azeris saem da Karabakh, ódio mútuo apenas aumentava.

05. Guerra se alastra, embora no início de ambos os lados combates pequenos grupos de milícias da defesa territorial — muitas vezes sem patentes, nem os fardamentos unificados.

06. Em janeiro de 1990 na fronteira azeri-arménia começam os primeiros bombardeamentos da artilharia. No dia 15 de janeiro o poder soviético proclama recolher obrigatório em Karabakh e os distritos circunvizinhos arménios e azeris, assim como na fronteira estatal soviética naquela região.
Crianças junto à uma peça de artilharia azeri.

07. Exército azeri usa os fardamentos mais diversos, muitos deles voluntários.

08. Os voluntários azeris se inscrevem para defender o seu país:

09. População civil é atingida pelo conflito, pois a guerra passa pelas idades e vilas.

10. Ambas as partes olham o conflito como a “guerra santa”, cerimónia de recepção dos heróis azeris tombados na batalha:

11. Em 1991 os combates se reativam — entre os finais de abril até início de junho em Karabakh decorre a operação «Koltso» (literalmente Anel), marcada pelos novos combates entre azeris e arménios.

12. Após a derrocada da União Soviética em 1991 o Azerbaijão “herdou” o 4º exército de infantaria (4 divisões de infantaria motorizada), três brigadas da defesa anti-aérea, uma brigada de operações especiais, quatro bases aéreas e uma parte da frota do Mar Cáspio, vários depósitos de munições.
Arménia ficou em 1992 com armamento e equipamentos da 15ª e 164ª divisões do 7º exército de infantaria soviético. Todo este armamento foi usado no conflito em Karabakh.

13. Os combates ativos decorreram em 1991, 1992, 1993 e 1994, com vitórias esporádicas de ambas as partes.
Forças azeris numa escola na linha de combates, transformada na caserna:

14. Caserna na sala de aulas:

15. Forças arménias numa das aldeias:

16. As ruínas na cidade de Shusha em Karabakh.

17. Os civis mortos no conflito...

18. Os refugiados:

19. Vida na linha da frente.

20. Campo de refugiados azeris na cidade de Imishli.
Último grande acordo da paz foi alcançado em 12 de maio de 1994, depois disso o conflito se transformou numa fase latente. Alto Karabakh se separou do Azerbaijão, mas não se tornou (de jure) a parte da Arménia. A guerra ceifou cerca de 20.000 vítimas, destruiu naquela região algumas cidades e vários monumentos culturais...

Fotos: GettyImages | Texto: Maxim Mirovich

Blogueiro: na atual guerra ucraniano-russa na Donbas a maioria dos arménios, muito provavelmente apoia a parte russa e maioria dos azeris apoia Ucrânia. Ucrânia apoia a unidade territorial do Azerbaijão. Arménia não reconhece Holodomor ucraniano e Ucrânia não reconhece, oficialmente, o genocídio arménio. O primeiro manifestante, assassinado pelo destacamento da polícia “Berkut” na rua Hrushevsky em Kyiv em janeiro de 2014 foi arménio étnico Serhiy Nigoyan... 
Vinicultura com sabor político: vinhos azeri Susha e Agdam, duas cidades de Alto Karabakh,
em poder dos arménios, Susha bastante danificada e Agdam simplesmente destruída

1 comentário:

Daniel Agl disse...

Hoje a Armênia e alguns estados americanos reconhecem a independência da República de Artsakh, o que deixa o reconhecimento jurídico em uma situação diferenciada.
O que antes os azeris "podiam" argumentar ser uma tentativa de anexação por parte de uma nação estrangeira, agora é indício de que uma nação (etnia+cultura) estava exercendo seu direito de autodeterminação.