Nos
últimos dias reacenderam os combates entre Arménia e Azerbaijão. Ambas as
partes usam artilharia de longo alcance, drones e blindados. A guerra no ponto
de discórdia – região disputada de Alto Karabakh começou mais de 30 anos atrás.
História de Alto Karabakh
Já no século XVIII a região era habitada maioritariamente pelos arménios. Embora Alto Karabakh durante muito tempo
pertencia à jurisdição azeri.
Em
1905-1907 e em 1918-1920 região novamente viveu conflitos étnicos, azeri-arménios,
no decorrer dos quais foi vertido sangue e perdidos os bens materiais. Em 1920,
com a ocupação da Arménia e Azerbaijão pela Rússia bolchevique, Moscovo decidiu
a “entrega” do Karabakh ao Azerbaijão socialista. Na década de 1960 a região,
por algumas vezes viveu tumultos em massa, devido aos problemas sociais e
económicos.
Em
fevereiro-março de 1988 o jornal oficial da região, «Karabakh Soviético», que
tinha mais de 90.000 assinantes apoiou e divulgou a ideia da entrega da região
à Arménia. Os deputados locais proclamaram Karabakh como parte integrante da
Arménia.
Guerra
na Karabakh. Início.
02.
No inverno de 1988 nas cidades azeris de Sumqayit e Ganja decorreram
os pogroms arménios. A propaganda soviética sonegou a informação e os culpados
pelos pogroms foram julgados pelo “hooliganismo”, sem nenhuma menção de ódio
étnico. Nas duas cidades foram colocados as unidades do exército soviético.
03.
Tropas soviéticas nas ruas da capital azeri – Baku:
04.
Conflito é apoiado pela imprensa, se alastra e produz os primeiros refugiados
no fim da década de 1980 arménios fogem do Azerbaijão e azeris saem da Karabakh, ódio mútuo apenas aumentava.
05.
Guerra se alastra, embora no início de ambos os lados combates pequenos grupos
de milícias da defesa territorial — muitas vezes sem patentes, nem os
fardamentos unificados.
06.
Em janeiro de 1990 na fronteira azeri-arménia começam os primeiros
bombardeamentos da artilharia. No dia 15 de janeiro o poder soviético proclama
recolher obrigatório em Karabakh e os distritos circunvizinhos arménios e azeris,
assim como na fronteira estatal soviética naquela região.
Crianças
junto à uma peça de artilharia azeri.
07.
Exército azeri usa os fardamentos mais diversos, muitos deles voluntários.
08.
Os voluntários azeris se inscrevem para defender o seu país:
09.
População civil é atingida pelo conflito, pois a guerra passa pelas idades e
vilas.
10.
Ambas as partes olham o conflito como a “guerra santa”, cerimónia de recepção
dos heróis azeris tombados na batalha:
11.
Em 1991 os combates se reativam — entre os finais de abril até início de junho em
Karabakh decorre a operação «Koltso» (literalmente Anel), marcada pelos novos combates entre
azeris e arménios.
12.
Após a derrocada da União Soviética em 1991 o Azerbaijão “herdou” o 4º exército
de infantaria (4 divisões de infantaria motorizada), três brigadas da defesa
anti-aérea, uma brigada de operações especiais, quatro bases aéreas e uma parte
da frota do Mar Cáspio, vários depósitos de munições.
Arménia
ficou em 1992 com armamento e equipamentos da 15ª e 164ª divisões do 7º
exército de infantaria soviético. Todo este armamento foi usado no conflito em
Karabakh.
13.
Os combates ativos decorreram em 1991, 1992, 1993 e 1994, com vitórias esporádicas
de ambas as partes.
Forças
azeris numa escola na linha de combates, transformada na caserna:
14.
Caserna na sala de aulas:
15.
Forças arménias numa das aldeias:
16.
As ruínas na cidade de Shusha em
Karabakh.
17.
Os civis mortos no conflito...
18. Os refugiados:
19.
Vida na linha da frente.
Último grande acordo da paz foi alcançado em 12 de maio de 1994, depois disso o conflito se
transformou numa fase latente. Alto Karabakh se separou do Azerbaijão, mas não
se tornou (de jure) a parte da Arménia. A guerra ceifou cerca de 20.000 vítimas,
destruiu naquela região algumas cidades e vários monumentos culturais...
Fotos:
GettyImages | Texto: Maxim
Mirovich
Blogueiro:
na atual guerra ucraniano-russa na Donbas a maioria dos arménios, muito provavelmente
apoia a parte russa e maioria dos azeris apoia Ucrânia. Ucrânia apoia a unidade
territorial do Azerbaijão. Arménia não reconhece Holodomor ucraniano e Ucrânia
não reconhece, oficialmente, o genocídio arménio. O primeiro manifestante,
assassinado pelo destacamento da polícia “Berkut” na rua Hrushevsky em Kyiv em janeiro de
2014 foi arménio étnico Serhiy
Nigoyan...
Vinicultura com sabor político: vinhos azeri Susha e Agdam, duas cidades de Alto Karabakh, em poder dos arménios, Susha bastante danificada e Agdam simplesmente destruída |
1 comentário:
Hoje a Armênia e alguns estados americanos reconhecem a independência da República de Artsakh, o que deixa o reconhecimento jurídico em uma situação diferenciada.
O que antes os azeris "podiam" argumentar ser uma tentativa de anexação por parte de uma nação estrangeira, agora é indício de que uma nação (etnia+cultura) estava exercendo seu direito de autodeterminação.
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