domingo, junho 19, 2011

Tragédia da Ucrânia Ocidental, os crimes do comunismo soviético


Pátio interno da cadeia na rua Lonckoho, cidade de Lviv, julho de 1941 
Ucrânia Ocidental foi ocupada pela URSS em 1939. O regime comunista imposto foi responsável pelos fuzilamentos em massa e pela deportação de cerca de 10% da população da região aos trabalhos forçados na Sibéria. Os ucranianos, polacos e judeus tornaram-se as vítimas inocentes da política de sovietização coerciva.
Hitler invadiu Polónia no dia 1 de Setembro de 1939. A URSS invade Polónia no dia 17 de Setembro, sob o pretexto formal de “defender a população ucraniana e belarusa em consequência de desintegração da Polónia”. O Ocidente desconhecia a existência do Pacto Molotov-Ribbentrop que dividia a Europa entre as esferas de influência do nazismo alemão e do comunismo soviético.

Os primeiros meses da ocupação soviética eram pacíficos. O ensino em muitas escolas da Ucrânia Ocidental passou do polaco/polonês para a língua ucraniana. A Universidade de Lviv recebeu o nome de Ivan Franko. Foram nacionalizados os bancos, empresas comerciais e industriais, pertencentes, na sua maioria, aos judeus e polacos. No dia 22 de Outubro de 1939 foram organizadas as eleições para o Conselho Popular, naturalmente, quase todos os deputados foram eleitos sem nenhuma alternativa. No dia 26 de Outubro o Conselho votou a decisão unânime da Ucrânia Ocidental de se juntar à URSS, pedido formalizado no dia 26 de Novembro de 1939.
Desde essa data as regras soviéticas começaram se instalar no território. Ucrânia Ocidental foi inundada pelos diversos funcionários do partido, do aparelho do estado e outros burocratas. Todos eles recebiam os apartamentos apetrechados com as mobílias e outros bens confiscados aos antigos proprietários. Nas lojas privadas eles começaram “varrer” os diversos artigos e produtos alimentares em défice na URSS. Os proprietários começaram esconder os produtos temendo a sua escassez, que por sua vez originou a “requisição e confiscação dos bens burgueses”...
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Primeira onda de repressões
Os militares do exército polaco de diversas origens étnicas, foram as primeiras vítimas da repressão. Em Março de 1940 foi decidido o extermínio de cerca de 15 mil militares internados, além dos presos nas cadeias. No total foram fuzilados cerca de 40.000 pessoas, a elite militar, científica e religiosa da Polónia. Uma parte dessa acção é historicamente conhecida como Massacre de Katyn. Uma percentagem dos fuzilados era constituída pelos ucranianos e cerca de 2.000 judeus.

Depois se iniciaram as deportações. No dia 29 de Dezembro de 1939 começaram pelos “elementos polacos”. Pela ordem do Beria os “deportados especiais” eram enviados para o abate de arvores nas regiões russas de Kirov, Perm, Vologodsk, Arkhangelsk, Sverdlovsk, Omsk, a região de Krasnoyarsk e Altai, república autónoma de Komi. Deportavam-se as famílias inteiras que eram assentados nas barracas à razão de 3 m² por pessoa.
Depois foi a vez dos refugiados, pessoas que entraram na Ucrânia Ocidental, fugindo dos nazis, maioritariamente eram os polacos e judeus. União Soviética decidiu deporta-los, assim como os desempregados dos territórios da Ucrânia Ocidental e da Belarus Ocidental. No quarto trimestre de 1939 foram deportados 33 mil refugiados e 15 mil desempregados. Uma parte foi enviada aos trabalhos forçados na indústria de carvão das províncias de Stalin (atual Donetsk) e Voroshilovograd (atual Luhansk), na Ucrânia Oriental. Os refugiados eram vistos como o elemento anti – soviético, contra-revolucionário, inútil ou pouco útil para o trabalho físico, sem a especialização definida. Em termos étnicos, por exemplo, entre os refugiados deportados da província de Stanislaviv (hoje Ivano – Frankivsk), os 2793 eram judeus, 1072 ucranianos e 647 polacos (4568 pessoas no total).
Pátio interno da cadeia na rua Lonckoho, cidade de Lviv, julho de 1941
Segunda onda das deportações começou no verão de 1940. A campanha se iniciou no dia 28 de Junho, quando foram deportados 38 mil famílias (83 mil pessoas), que foram dispersas por 14 regiões da Rússia soviética: Altai, Arkhangelsk, Gorki, Irkutsk, Komi, Yakutia, etc. O poder soviético seguia uma única regra: todos que vieram do território da Polónia potencialmente eram sabotadores, “alheios”, os “agentes alemães” ou “contra-revolucionários”.

No total, entre 1939 e 1941 a União Soviética deportou da Ucrânia Ocidental cerca de 10% da sua população. O historiador americano de origem polaca/polonesa Jan T. Gross afirma que URSS deportou 3 – 4 vezes mais pessoas do que os nazis durante 4 anos de ocupação do território. Uma parte substancial dos deportados, principalmente as mulheres e crianças morreram por causa da fome, frio e doenças...

Genocídio nas prisões
Em Junho de 1941 o exército soviético recuava perante o avanço alemão. As cadeias da Ucrânia Ocidental e Belarus Ocidental eram cheias dos prisioneiros. No dia 23 de Junho de 1941, no segundo dia da guerra entre Alemanha nazi e URSS, o vice – comissário popular do Interior da URSS, camarada Chernishov, ordenou a evacuação dos prisioneiros para as províncias orientais do país. Os documentos demonstram que naquele momento as 63 cadeias da Ucrânia tinham a capacidade de abrigar 31 mil pessoas, mas continham cerca de 73 mil. Com início da guerra o seu “enchimento” aumentou 1,5 – 2 vezes mais. Por isso a liderança soviética incumbiu NKVD de fuzilar a maior parte deste “contingente”.
Prisioneiros mortos pelo NKVD, cadeia na Lonckoho, cidade de Lviv, julho de 1941
Em Junho – Julho de 1941, NKVD fuzilou 4.000 em Lviv, 1.000 em Ternopil, 1.000 em Dobromyl, Sambir – 1.200, Lutsk – cerca de 3.000, Drohobych – 1.000, Stanislaviv – 2.500, Dubno – 1.500, etc. No total, em 35 cidades foram fuzilados sem nenhum julgamento e sem nenhuma condenação cerca de 22.000 pessoas. Os fuzilados eram deputados e embaixadores ucranianos, advogados, jornalistas, outros intelectuais.


Testemunham os documentos

O chefe do UNKVD na província de Lviv, capitão Diatlov ordenou o “descarregamento rápido” das três cadeias provinciais. Em resultado, das 2.239 pessoas presas foram fuzilados 1.808 “elementos inimigos”.

O chefe da Direcção prisional do NKVD da Ucrânia Soviética, o capitão do NKVD Filipov escreve ao Comissário Popular do Interior da Ucrânia Soviética sobre a “evacuação” das cadeias da Ucrânia Ocidental (províncias de Lviv, Drohobych, Stanislaviv):
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Província de Lviv
As 4 cadeias tinham 5424 presos. No primeiro dia foram executadas as sentenças contra 108 prisioneiros /.../ nas cadeias foram fuzilados 2464 prisioneiros /.../ Todos os prisioneiros fuzilados foram sepultados nos buracos cavados nas caves, na cidade de Zolochiv no parque...
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Província de Drohobych
Em duas cadeias ... eram detidos 2242 presos. Fuzilados durante a evacuação em duas cadeias 1101 prisioneiro. No dia 27 de Junho durante a evacuação na cadeia da cidade de Sambir ficaram 80 cadáveres por sepultar, o director da cadeia solicitou a ajuda do NKGB e NKVD para sepulta-los, eles responderam com a recusa categórica.

Os fuzilamentos tiveram o carácter de tal maneira massificado, que os carrascos simplesmente não tinham tempo de apagar os vestígios... Embora outros dirigentes do NKVD faziam as coisas com mais “cuidado” sem deixar as pistas. Na província de Ternopil o chefe provincial do NKVD, camarada Vadis delegou a tarefa ao chefe do 2° departamento Aleksandrov, que “levou da cadeia 560 pessoas. Nenhum vestígio foi deixado na cadeia, tudo foi executado conforme as ordens...
As vezes os métodos de extermínio mudavam. Assim o chefe da 1ª Secção da Direcção Prisional do NKVD da URSS escreve no seu informe especial, que “os 954 presos da cadeia de Chortkiv foram levados no dia 2 de Julho em direcção da cidade de Uman. Pelo caminho ... foram fuzilados os 123 prisioneiros – membros da OUN... No dia 20 de Julho, após a chegada da etapa a Uman, pela ordem do procurador militar e da chefia do NKGB da UcrSSR os prisioneiros sob a investigação e os condenados pelas actividades contra-revolucionários, em número de 767 foram fuzilados, os seus corpos enterrados”. Quando os alemães ocuparam a cidade, no terceiro dia eles abriram as sepulturas no pátio da cadeia e deixaram os corpos dos fuzilados para a observação. Muitos deles foram reconhecidos pelos parentes e familiares.

O chefe da Secção prisional do UNKVD na província de Volyn, sargento do NKVD Stan, reporta ao vice – chefe da Direcção Prisional do NKVD da UcrSSR sobre o fuzilamento dos prisioneiros da cadeia de Lutsk, ocorrido no dia 3 de Setembro de 1941. “Foram separados e levados para o pátio administrativo da cadeia cerca de 800 pessoas que foram imediatamente fuzilados naquele mesmo local pelo grupo operativo, pelos militares do destacamento do exército prisional do NKVD e pelos dirigentes e guardas da cadeia /.../ Todos os cadáveres dos mais de 70 condenados à pena capital e cerca de 800 prisioneiros sob a investigação foram enterrados por nós e o local do enterro foi regado com o petróleo e queimado, depois disso todos estes locais foram cobertos com a cal /.../ No total foram fuzilados na cadeia e nos arredores da cadeia cerca de 1000 pessoas...
Não há na Ucrânia Ocidental nenhuma cidade, nenhuma localidade onde não existem os locais de extermínio em massa das pessoas pelo poder soviético. Hoje, lá são edificados os monumentos, são encontradas os familiares e os parentes de todos estes mártires, que foram as vítimas inocentes do regime soviético.

Fonte:
http://blog.i.ua/community/2540/661388

1 comentário:

Carlos Scarllaty disse...

ESTE BLOGUE É MUITO IMPORTANTE PARA OS PORTUGUESES CONHECEREM A HISTÓRIA, E AS ATROCIDADES INCRÍVEIS PELO QUE PASSARAM OS POVOS DA UCRÂNIA PELO REGIME TOTALITÁRIO E ANTI-DEMOCRÁTICO SOVIÉTICO URSS.
ACONSELHO, UMA TRADUÇÃO MAIS RIGOROSA COM O PORTUGUÊS, E TAMBÉM SE POSSÍVEL QUE O BLOQUE SE CHAMA-SE DE "POVOS DA UCRÂNIA E PORTUGAL".
Bom trabalho de divulgação.