O
engenheiro ucraniano Valerii Reshetniak tinha um hobbie secreto, ele filmava quotidiano das pessoas comuns das
décadas de 1970-80, no auge do «socialismo desenvolvido soviético». Inclusivamente
na sua pequena Pátria – região ucraniana de Sumy.
A
primeira foto mostra o transbordo do pão de um camião/caminhão para a carroça
puxada por cavalos, que deveria levar o pão às aldeias, onde o “transporte de
pão” não chegava devido às péssimas vias de acesso. Estávamos no ano de 1987.
Preste atenção às costelas salientes dos cavalos coletivos do kolkhoze / da
fazenda colectiva.
Prestem
também atenção às bandejas de pão no chão. Eles voltarão ao centro do distrito à
padaria industrial e serão enchidos de pão novamente para serem levados para
outras aldeias e vilas. Sem mencionar a poeira, a sujeira e os “presentes” do
cavalo que balança a sua cauda. Tais eram os padrões sanitários da URSS no
final do século XX.
A
segunda foto – uma outra caroça numa outra vila. Pão lá dentro à granel. Normas
sanitárias? Não, não ouvimos. Quais são as normas se o cavalo fedorento e magricela
estiver carregando o pão? A propósito, notou como os aldeões soviéticos se
vestiam? Mais uma vez, foi o ano de 1987. O início da Perestroika comunista. Seria
interessante de saber como eles estavam pensando para “reconstruir” tudo isso?
A
terceira foto é um close-up. 1987, uma outra vila, outra carroça, outros cavalos,
pão diferente. Mas, mesmo assim, à granel numa lona suja numa caroça, que antes
disso carregava tudo, desde silagem ao adubo, e depois carregaria novamente. Até
o próximo “transportador de pão” vindo do distrito.
Outros
cavalos com as suas caudas por perto. Hoje alguém correria o risco de provar um pedaço de pão por “apenas 22 copeques”
debaixo da cauda do cavalo?
E
as viaturas não entravam nas próprias aldeias, porque as estradas eram
intransitáveis. Na quarta foto – um professor volta para casa do trabalho. Do
dia, ainda era uma tarefa possível, mas depois de escurecer, apenas as botas de
borracha podiam socorrer.
A
propósito, no outono de 1982 morreu o avô do autor deste
texto. Ainda tenho uma cena diante dos meus olhos – um trator de lagarta puxa
um carro com um caixão até um cemitério ao longo de uma estrada semelhante e todos
os presentes caminham vagando – todos em botas de borracha. Tudo na Donbas, à
apenas três quilómetros de uma cidade mineira, de cem mil habitantes...
E
quando algum amante do passado soviético lhe falar sobre o atual declínio das
vilas ucranianas, entenda – isso é exatamente o legado da URSS. E em muitas
aldeias, pela primeira vez em sua história, surgiram pontos de farmácia e postos
médicos nos últimos anos.
E também pergunte ao saudosista soviético o significado
do termo “liquidação de aldeias não promissoras”. Por alguma razão, esses
amantes do socialismo não gostam de se lembrar destas
coisas.
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