sábado, agosto 08, 2015

Oleg Sentsov: ucraniano – vítima da tortura russa

No dia 6 de agosto, na cidade russa de Rostov-no-Don, no tribunal da circunscrição militar (!) do Cáucaso do Norte, decorreu mais uma audição do julgamento dos cidadãos ucranianos, o cineasta Oleg Sentsov e ativista Oleksandr Kolchenko, acusados de “terrorismo”. O direito de palavra foi exercido pelo Oleg Sentsov (trechos). 

— Meritíssimo, eu já tinha dito que não considero este tribunal legítimo. Nós somos os cidadãos da Ucrânia, fomos detidos no território do nosso país. E nós somos julgados num caso falsificado. Mas eu não sinto nenhuma inimizade para convosco e para com outros participantes no processo.

Aqui já foram ditas muitas inverdades, e, portanto, eu considero que é necessário dar aqui alguns esclarecimentos, mas no futuro não tenciono participar neste processo.

Eu me considero um ativista da Maydan. Mas isso não significa que eu sou um criminoso. Maydan é a ação mais importante que eu fiz na minha vida. Mas isso não significa que eu sou um radical, que queimava (polícias) “Berkut” ou bebia sangue de alguém. Nos corremos com o nosso presidente-criminoso. Quando o seu país ocupou a Crimeia, voltei para lá e me dediquei ao trabalho voluntário, o mesmo do da Maydan. Comuniquei com muitos ativistas, com centenas, com diversas opiniões políticas. Nós estávamos pensando o que fazer depois [...]. Mas eu nunca exortei à qualquer ação que poderia fazer vítimas [...]. Não criei as organizações terroristas, e mais ainda, não tinha nenhuma relação com o “Setor da Direita”. Eu ajudava aos jornalistas, incluindo os estrangeiros.

Nós apoiávamos as unidades militares ucranianas bloqueadas pelas vossas forças especiais. Eu me dediquei à procura dos ativistas ucranianos raptados. Alguns (deles) nós não encontramos, duvido que eles ainda estão vivos.

Em 10 de maio eu fui detido à entrada da minha casa. Me atiraram no minibus, com um saco na cabeça, levaram ao edifício do antigo SBU na (rua) Ivan Franco. Começou um interrogatório muito duro, me perguntavam à quem dos ativistas conheço, quem pretendia explodir os monumentos. Começaram me agredir aos pontapés, com as mãos, bastões, de pé, deitado e sentado. Quando me recusei à falar, eles começaram aplicar o estrangulamento. Quando estrangulam com o pacote (plástico) – perdes a consciência.

Muitas vezes eu via isso nos filmes, e não entendia como as pessoas se quebram (em consequência) disso. Mas isso é uma coisa muito terrível. Comigo isso se fez 4 vezes. Eles me despiram e ameaçaram estuprar com o cassetete e outros objetos. Ameaçaram enterrar na floresta. Três ou quatro horas depois eles ficaram cansados e me levaram à minha casa, para busca e apreensão. Apenas lá eu fui saber que eles são os operativos do FSB. Eles esperavam ver os terroristas e armas, e encontraram somente o meu filho menor – ele estava presente durante a busca, o que não é mencionado no protocolo. Encontraram o dinheiro – são fundos da minha produtora para as filmagens do filme “Rinoceronte”.

Nada encontraram, levaram de volta ao FSB. Já não havia torturas, mas eu estava sentado com o saco na cabeça. Me propuseram testemunhar contra os líderes do (movimento) Maydan, que foram eles que deram a ordem de explodir os monumentos e assim (eu iria) receber (a pena) de 7 anos (de prisão), senão – iriam fazer de mim o líder e serei (condenado) aos 20 anos.

Depois disso me ameaçavam, mas não espancavam, pois começou o escândalo. Na segunda busca e apreensão aprenderam os meus filmes, (por exemplo) “Das Dritte Reich – in Farbe” (O 3º Reich em Cor), um filme documental (alemão de 1998), tenho a coleção de 500 filmes. Três dias depois “acharam” as armas, pois que grupo terrorista sem armas?!! Meio ano depois FSB achou no meu portátil 2 ficheiros sobre a fabricação de explosivos...

Eu disse tudo que queria, não vou participar mais nesta palhaçada. Façam o que quiserem, eu irei ficar sentado caladinho e não vou responder às questões (c).

Blogueiro

No momento, em que toda a federação russa cerrou as suas fileiras na luta mecanizada, sem quartel e sem piedade contra o queijo ucraniano, toucinho de porco preto espanhol, preservativos e tampões femininos ocidentais, e por último, as 55 toneladas de pêssegos e nectarinas gregas, queremos vós contar uma estória de embalar.
Algures na Itália...

Agosto de 2015... Rede de descanso, numa masseria... Estão deitados Parmesão e a sua gaja boa como o milho – Mozarela... Estão folhear um guia turístico...

Parmesão: é, pá, podemos visitar a Rússia...
Mozarela (se levantando bruscamente): mas tu és um idiota???
Parmesão (rindo-se complacentemente): é, pá, estou à brincar... (a abraça)... Vamos, mas é, visitar Kyiv...
Mozarela (o acarinhando e batendo com uma ervinha no nariz): Bobinho... Kyiv é uma outra coisa!

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