No dia 6 de agosto, na
cidade russa de Rostov-no-Don, no tribunal da circunscrição militar (!) do Cáucaso
do Norte, decorreu mais uma audição do julgamento dos cidadãos ucranianos, o cineasta
Oleg Sentsov e ativista Oleksandr Kolchenko, acusados de “terrorismo”. O direito
de palavra foi exercido pelo Oleg Sentsov (trechos).
— Meritíssimo, eu já
tinha dito que não considero este tribunal legítimo. Nós somos os cidadãos da
Ucrânia, fomos detidos no território do nosso país. E nós somos julgados num
caso falsificado. Mas eu não sinto nenhuma inimizade para convosco e para com outros
participantes no processo.
Aqui já foram ditas muitas
inverdades, e, portanto, eu considero que é necessário dar aqui alguns
esclarecimentos, mas no futuro não tenciono participar neste processo.
Eu me considero um
ativista da Maydan. Mas isso não significa que eu sou um criminoso. Maydan é a ação
mais importante que eu fiz na minha vida. Mas isso não significa que eu sou um
radical, que queimava (polícias) “Berkut” ou bebia sangue de alguém. Nos corremos
com o nosso presidente-criminoso. Quando o seu país ocupou a Crimeia, voltei para
lá e me dediquei ao trabalho voluntário, o mesmo do da Maydan. Comuniquei com muitos ativistas, com
centenas, com diversas opiniões políticas. Nós estávamos pensando o que fazer
depois [...]. Mas eu nunca exortei à qualquer ação que poderia fazer vítimas [...].
Não criei as organizações terroristas, e mais ainda, não tinha nenhuma relação
com o “Setor da Direita”. Eu ajudava aos jornalistas, incluindo os
estrangeiros.
Nós apoiávamos as
unidades militares ucranianas bloqueadas pelas vossas forças especiais. Eu me dediquei
à procura dos ativistas ucranianos raptados. Alguns (deles) nós não
encontramos, duvido que eles ainda estão vivos.
Em 10 de maio eu fui
detido à entrada da minha casa. Me atiraram no minibus, com um saco na cabeça, levaram
ao edifício do antigo SBU na (rua) Ivan Franco. Começou um interrogatório muito
duro, me perguntavam à quem dos ativistas conheço, quem pretendia explodir os monumentos.
Começaram me agredir aos pontapés, com as mãos, bastões, de pé, deitado e
sentado. Quando me recusei à falar, eles começaram aplicar o estrangulamento.
Quando estrangulam com o pacote (plástico) – perdes a consciência.
Muitas vezes eu via
isso nos filmes, e não entendia como as pessoas se quebram (em consequência) disso.
Mas isso é uma coisa muito terrível. Comigo isso se fez 4 vezes. Eles me
despiram e ameaçaram estuprar com o cassetete e outros objetos. Ameaçaram enterrar
na floresta. Três ou quatro horas depois eles ficaram cansados e me levaram à minha casa, para busca e apreensão. Apenas lá eu fui saber que eles são os
operativos do FSB. Eles esperavam ver os terroristas e armas, e encontraram somente
o meu filho menor – ele estava presente durante a busca, o que não é mencionado
no protocolo. Encontraram o dinheiro – são fundos da minha produtora para as
filmagens do filme “Rinoceronte”.
Nada encontraram,
levaram de volta ao FSB. Já não havia torturas, mas eu estava sentado com o
saco na cabeça. Me propuseram testemunhar contra os líderes do (movimento) Maydan,
que foram eles que deram a ordem de explodir os monumentos e assim (eu iria) receber
(a pena) de 7 anos (de prisão), senão – iriam fazer de mim o líder e serei (condenado)
aos 20 anos.
Depois disso me
ameaçavam, mas não espancavam, pois começou o escândalo. Na segunda busca e
apreensão aprenderam os meus filmes, (por exemplo) “Das Dritte Reich – in Farbe”
(O 3º Reich em Cor), um filme documental (alemão de 1998), tenho a coleção de
500 filmes. Três dias depois “acharam” as armas, pois que grupo terrorista sem
armas?!! Meio ano depois FSB achou no meu portátil 2 ficheiros sobre a
fabricação de explosivos...
Eu disse tudo que queria,
não vou participar mais nesta palhaçada. Façam o que quiserem, eu irei ficar sentado
caladinho e não vou responder às questões (c).
Blogueiro
No momento, em que toda
a federação russa cerrou as suas fileiras na luta mecanizada, sem quartel e sem
piedade contra o queijo ucraniano, toucinho de porco preto espanhol, preservativos
e tampões femininos ocidentais, e por último, as 55 toneladas de pêssegos e
nectarinas gregas, queremos vós contar uma estória de embalar.
Algures na Itália...
Agosto de 2015... Rede
de descanso, numa masseria... Estão deitados Parmesão e a sua gaja boa como o
milho – Mozarela... Estão folhear um guia turístico...
Parmesão: é, pá,
podemos visitar a Rússia...
Mozarela (se levantando
bruscamente): mas tu és um idiota???
Parmesão (rindo-se
complacentemente): é, pá, estou à brincar... (a abraça)... Vamos, mas é,
visitar Kyiv...
Mozarela (o acarinhando e batendo com uma ervinha no nariz): Bobinho... Kyiv
é uma outra coisa!
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