Dos
arquivos secretos da antiga União Soviética emerge a verdade sobre o mais
terrível crime de Estaline. O historiador italiano Ettore Cinnella conta a
história do esquecido genocídio ucraniano ao longo dos mais de 300 páginas do
seu livro “Ucraina: il genocidio dimenticato 1932-1933” (ISBN 9788896209172; 18,00
€).
Entre
o outono de 1932 e primavera de 1933, seis milhões de agricultores na URSS
foram condenados a morrer de fome: cerca de dois terços das vítimas eram
ucranianas. A fome de proporções sem precedentes não era devido aos caprichos
da natureza, mas foi uma campanha orquestrada por Estaline para punir todos
aqueles, em toda a URSS, que estavam se opondo à coletivização forçada. Na
Ucrânia o extermínio dos camponeses, o chamado Holodomor, estava entrelaçado
com a perseguição da elite intelectual e a guerra contra o sentimento
patriótico do povo.
Baseado
nas evidências que surgiram após o colapso da URSS, o livro reconstrói os
eventos dramáticos e explica as razões por detrás da decisão implacável do Estaline.
Na
entrevista ao Serviço ucraniano da Deutsche
Welle, Ettore Cinella, explica a importância do Holodomor na história da
Ucrânia de uma maneira muito simples: “Sem conhecer Holodomor, é impossível
compreender o conflito (atual) entre Ucrânia e Rússia”.
O historiador italiano Ettore Cinella |
DW:
Na questão, se o Holodomor era dirigido exatamente contra os ucranianos, não há
acordo entre os historiadores ucranianos e russos. À que conclusão Você chega?
EC:
Holodomor é um genocídio, em primeiro lugar social. O seu objetivo era destruir
as camadas mais laboriosas da
população rural. Mas o facto de que dois terços das vítimas são ucranianos não é
um acaso. Assim como não é uma coincidência a destruição da intelligentsia
ucraniana, no mesmo período. Estaline temia as manifestações de sentimentos
nacionais fortes, no Cazaquistão, na Ucrânia. Existem as cartas nas quais ele
fala do “risco de disseminação das escolas ucranianas”. Naquela época eram
muitas, inclusive fora da Ucrânia – na Rússia, no Cáucaso. Na época a cultura
ucraniana era muito atraente, e Estaline não gostava nada disso.
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