terça-feira, fevereiro 24, 2015

O moscovita que defenderá Ucrânia

Na realidade da Rússia atual, as pessoas são vítimas de violência por causa da sua origem étnica ucraniana. Se és ucraniano, és um inimigo. Essa é a conclusão lógica da estória pessoal do jovem ex-cadete moscovita, Vyacheslav Donguzov (20).


Na foto - Vyacheslav Donguzov, jovem de apenas 20 anos. A foto foi tirada nos arredores da cidade de Sumy. Muito recentemente, ele era um cadete de prestigiosa escola militar moscovita, mas apenas alguns dias atrás, o jovem cruzou ilegalmente a fronteira russo-ucraniana. Durante a sua visita ao vespertino “Panorama”, publicado em Sumy, Vyacheslav explicou as razões que o empurraram para a decisão tão drástica, pois na Rússia, se alguma vez lá voltar, ele será alvo de perseguição judicial, acusado de quebrar o juramento militar. Lá ficaram os seus pais e não se sabe se alguma vez os verá novamente...

Vyacheslav conta que os cadetes que tiveram a origem étnica ucraniana mencionada nas suas cadernetas de nascimento começaram ter problemas logo após o início da guerra russo-ucraniana. Nem importava se, porventura, apoiavam a política oficial do Kremlin e do Putin, os ucranianos eram alvos de bullying. Os espancamentos regulares, a chacota dos “camaradas”, à que a direção da escola fechava os olhos, levaram ao suicídio de um cadete ucraniano nas vésperas de Ano Novo de 2014, outro, recentemente tentou se suicidar, usando a arma de fogo. O último cadete foi salvo pelos médicos. Mas Donguzov ficou como único ucraniano na escola.
   
Vyacheslav Donguzov não consegue explicar a razão do seu apelido não ser ucraniano, sabe apenas que os pais são, pois, sempre quando queriam falar em casa sobre algo não para o “ouvido dos meninos”, conversavam em ucraniano. Já Vyacheslav não domina a língua dos pais em absoluto.

«Eu já não conseguia aguentar essas mentiras sobre Ucrânia, por isso foi embora. Desde os meus seis anos manejo a pistola automática, pratico a luta livre, foi graduado pela Escola de formação militar juvenil “Suvorov”. Eu sei combater».

O jovem já se inscreveu num dos batalhões voluntários e daqui à alguns dias irá para a zona de OAT. «Defender Ucrânia, — diz ele. – Pois eu sou ucraniano». Essa é estória dos nossos dias», — escreveu na sua página do Facebook o editor-em-chefe do jornal «Panorama», Yevhen Polozhiy.

Fonte:

O mesmo Yevhen Polozhiy conta que os voluntários ucranianos compraram ao Vyacheslav Donguzov o fardamento militar, ofereceram-lhe as botas. O jovem vive em casa da ativista ucraniana da cidade de Sumy, Tetyana Golub. As pessoas que gostariam de ajudar ao Vyacheslav podem contactar a redação do jornal “Panorama”.

São-Petersburgo contra a guerra
"Me disseram que eu devo crescer um homem de verdade. Quando eu crescer, eu vou à guerra e vou estuprar e matar!"
Artem, 7 anos
"O meu pai voltou da guerra sem as pernas agora ele diz que melhor bateria a bota"
"O meu pai é um herói mas ele não tem mais as mãos Deusinho! que lhe cresçam novas!!!"

Nas carruagens do metro de São-Petersburgo, na federação russa, nas vésperas do dia 23 de fevereiro, surgiram diversos cartazes anti-guerra, criados na estilística dos desenhos infantis. Os seus autores, aproveitaram a data, comemorada na Rússia como “O Dia do Defensor da Pátria”, por sua vez herdado do passado soviético, quando este dia simbolizava a criação do Exército vermelho em 1918.
1. "O meu irmão foi assassinado no exército no tempo da paz. Quando eu crescer também vou lá?".
2. "O meu pai é muito forte ele matava os inimigos e agora bate à mim e a mãe" Kâtia, 8 anos.
Fontes:
https://www.facebook.com/gerasymyuk.olena/posts/925475364153191

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa iniciativa e mt original esses protestos no metrô, e orgulhosos do jovem cadete que rompeu suas fronteiras pessoais para viver a realidade...
Força a Ucrânia e a tds as pessoas de bem nesse mundo louco...Não nos esqueçamos da Síria...