quarta-feira, outubro 05, 2011

Leitores escrevem Geórgia


Recentemente recebemos a carta de um dos leitores deste blogue que neste momento se encontra na Geórgia. Essa é a tradução fidedigna da sua carta, os leitores menores dos 16 anos devem lê-la na presença dos adultos. 

Há dias começou me doer fígado, fiz ultrassonografia, disseram que está inchado, perguntaram se bebo... veio o primo com a esposa claro que bebemos, também bebemos regularmente com Mikheil V., creio que a minha viagem terminará da mesma maneira, vão me meter no avião e olá! 

Ganhei 6 kg, aqui não dá de outra maneira, tem comida, álcool e doces para alimentar três Moçambiques, em todo o lado e de qualidade europeia. A vida é cara, fazer compras como deve ser no supermercado custa 100 dólares; gasolina – 1 Euro, gasóleo mais caro ainda, um Porsche Cayenne custa 14.000 dólares, toda a cidade conduz carros de prestígio, todos são bem tratados, vestidos, aparentem estar bem, mesmo os mendigos são limpinhos e sorriam. 

A cidade (de Tbilissi) não é possível reconhecer, para ser mais preciso foi muito renovada, novas ligações para os carros, semáforos europeus, carros de patrulha, novos edifícios, hotéis e restaurantes, clubes nocturnos às miríades, casinos, festa impossível, sentido – COUNTRY UNDER CONSTRUCTION. Claro, existe outro lado da moeda, mas sobre isso mais tarde, e como seria possível sem isso. Para mim não existe nenhum trabalho bem remunerado – pelo menos X.000 dólares e pelos vistos não haverá, embora ontem se abriu uma nova empresa privada e de prestígio, luxo, tudo de qualidade europeia e todos os modelos são de 2011, mas... 

O Presidente voa como um Karlsson mecânico, sozinho inaugura tudo, faz as RP. 

Em casa tudo está OK, o meu novo apartamento é quase uma casa de campo na fronteira com a cidade, mas a distância (do antigo apartamento) é de apenas 10 minutos de carro. Começo as obras. Azerbeijão e Arménia fazem amarelo e roxo, respectivamente, em comparação com Geórgia, onde as regiões começaram se desenvolver aos tempos iguais ao da capital!!! Baku, dizem, está melhor, mas fora da cidade é uma província e campo, aqui temos o turismo de vinicultura, a garrafa do vinho georgiano mais caro, vi hoje, custa 56 GEL, ou seja 33,73 dólares na loja. Basta por hoje, fui tirar as fotos, lembro das prendas, cumprimentos para os seus...

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Recebemos também uma carta do leitor anónimo brasileiro: 

Eu gostaria de lhe pedir uma informção sobre a questão religiosa na Ucrânia. Há pouco tempo atrás, quando o antecessor desse atual presidente estava no poder, eu li uma declaração num site de notícias na web, onde ele defendia a criação de um patriarcado próprio em Kiev e outro patriarcado para a Igreja Greco-Católica, separado do de Moscou.  

Parece-me que o patriarcado da igreja ortodoxa ucraniana não é canônica pois não é reconhecida, nem o patriarcado da Igreja Greco-católica é reconhecida pelo patriarcado de Moscou. 

Várias razões históricas ditaram que a fé ortodoxa na Ucrânia hoje tem três igrejas separadas: Igreja Autónoma Ortodoxa, também conhecida como Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Moscovo (UPC-MP), Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kyiv (UPC-KP) e Igreja Ortodoxa Autocéfala da Ucrânia (UAPC). O Presidente Viktor Yushchenko tentou promover o diálogo para reunir as três igrejas numa única, reconhecida pelo Patriarcado da Igreja Ortodoxa, mas a fortíssima oposição do Moscovo impediu essa unificação. Infelizmente, de momento, o actual presidente Yanukovych, mostra o tratamento preferencial ao UPC-MP, a parte integrante do “mundo russo”, promovido e financiado pelo Kremlin. 

O termo canónico é um termo muito usado e abusado pela Igreja Ortodoxa Russa (IOR), mas é um termo próprio do século XIX. Deste ponto de vista nenhuma igreja protestante é canónica, assim, por exemplo, os 30 milhões dos evangélicos no Brasil não são canónicos aos olhos da IOR. O patriarcado da Igreja Grego – Católica Ucraniana (UGCC) é plenamente reconhecido pelo Vaticano, como o seu nome indica faz parte do universo católico e não precisa de nenhuma aprovação ortodoxa e/ou moscovita.

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