Durante bastante tempo chiclete
era perseguida na União Soviética. Os seus usuários eram pesadamente trollados na
imprensa soviética, juntamente com todas as outras manifestações de moda viva,
brilhante e jovem – calças boca-de-sino, penteados hippie ou música ocidental.
Chiclete
«ideologicamente danosa»
Inicialmente,
chiclete foi submetida na URSS à perseguição ideológica. Possivelmente, os jovens
que mascavam chiclete não correspondiam à imagem do “construtor do comunismo, ideologicamente
experiente”.
O
ato de “apreensão de pastilha elástica” na alfândega soviética em 2/3/1978:
O
caso de chiclete mostra como funcionava o sistema soviético: o partido comunista
emitiu uma ordem de “proibir!”; depois disso, nas escolas e universidades os
professores, sem levantar as questões, começaram indoutrinar os seus alunos. Uns
diziam que a chiclete é muito prejudicial ao estômago, outros argumentavam que
mascando a chiclete uma pessoa “se torna novamente um macaco”; havia os que
inventavam estórias sobre as “lâminas infectadas”, que os estrangeiros marvados
colocam dentro da chiclete, que trocavam com as crianças soviéticas para
conseguir as insígnias “Made in URSS”.
Tragédia
em Sokolniky
No
dia 10 de março de 1975 no Palácio de Desportos do bairro moscovita de
Sokolniky, decorreu um jogo amigável de hóquei no gelo entre a equipa/time canadense
“Berry Cap” e a equipa de juniores do CSKA, que resultou em 21 pessoas mortas e
25 gravemente feridas.
A placa memorial colocada no local em 2013, 38 anos (!) após a tragédia |
A
produtora de chiclete “Wrigley” – patrocinadora da equipa canadense, forneceu
aos jogadores e técnicos as caixas de chiclete que estes começaram distribuir no fim do jogo – aparentemente, como parte do contrato de patrocínio. Os
canadenses não tiveram em conta, ou simplesmente não sabiam que na URSS
chiclete era um produto absolutamente inacessível, um défice absoluto. Os
jovens soviéticos presentes no jogo (mais de 4.000), correram para recolher o
artigo escasso, se transformando numa multidão incontrolável. Para piorar a
situação, a administração do Palácio de Desportos – temendo que as fotografias
da luta desenfreada dos cidadãos soviéticos pela posse de chiclete possam cair
na imprensa ocidental, deu a ordem para desligar as luzes e trancar as portas metálicas
de saída.
Na
escuridão total as pessoas começaram cair, pisadas pela multidão em fuga e
fúria. A imprensa soviética foi proibida de escrever sobre incidente – todas as
testemunhas oculares interrogadas pela polícia foram forçadas a assinar a
declaração de não-divulgação – a imprensa comunista da época escrevia apenas
sobre as obras e realizações.
Chiclete soviética
Já
em 1976 chiclete começou ser fabricado na URSS — o produto já não era chamado «ideologicamente
danoso», desapareceram todos aqueles que contavam sobre os perigos do seu uso.
A primeira fábrica era montada em Yerevan na Arménia, depois surgiram as
fábricas em Rostov-no-Don e “Kalev” em Tallinn na Estónia.
Na
década de 1980 chiclete era fabricado pela fábrica moscovita “Rot Front”, uma
cópia do clássico “Wrigley” — cinco barras num pacote de folha de alumínio, com
sabores de laranja, menta, morango e café. O pacote custava bastante caro aos
preços ocidentais, 50 – 60 copeque (0,85 – 1,2 dólares).
Chiclete "Aroma de café" |
A
chiclete “Rot Front” soviética era uma cópia fraca de “Wrigley”, o produto era
mais molhe e mais cinzento, impróprio para criar uma bolha de ar. Mesmo assim,
este chiclete era um défice tremendo, quase nunca disponível nas lojas soviéticas.
O sabor da chiclete com “sabor de café”, na realidade era mais parecido com o sabor
de “bebida de café”, na base da chicória com leite, a bebida barata, vendida em
quase todas as cantinas soviéticas.
«Vitória
capitalista»
Nos
anos finais da existência da URSS, cerca de 1990-91, no mercado apareceram, em
peso, os produtos ocidentais. O mais apetecível era chiclete “Donald” — muito gostoso,
vinha no seu interior com um míni folheto de quadradinhos do “Tio Patinhas”. Este
chiclete custava 1 rublo (1,7 dólares), o negócio era muitíssimo compensatório.
Comprando apenas uma caixa de chicletes na Turquia e a vendendo em 1-2 dias, o
vendedor ganhava o salário médio mensal soviético.
Sensivelmente
no mesmo período apareceu chiclete “Turbo”, com sabor de pêssego e imagens de
carros no seu interior. Além disso, no fim da URSS entre os jovens eram
populares chicletes ocidentais “Tipi-Tip”, “Final” (com cromos / jogadores de
futebol) e “Lazer” — com equipamentos militares.
Já
após o colapso da União Soviética, no mercado apareceram outras marcas: “Love
is”, “Bombibom”, “Boomer”, “Cola”, “Wrigley” e muitas outras. E chiclete
soviético de “Rot Front” deixou de existir de forma silenciosa – nunca mais foi
visto desde 1991.
Fotos:
reviewdetector.ru | stadiums.at.ua | picssr.com | Texto: Maxim Mirovich
2 comentários:
Não sabia disso , cada ideoligia que aparece kkkkkk.
leia isto:
https://www.kyivpost.com/ukraine-politics/russian-militant-ukraine-begs-money-return-home.html
Enviar um comentário