sexta-feira, setembro 05, 2014

A vida e a morte dos mercenários russos

Os jornalistas e ativistas sociais reconstruíram a vida de um jovem mercenário russo que participou ativamente na anschluss da Crimeia e na invasão posterior da Ucrânia continental. Assim, de vitória à vitória, ele caminhou na subjugação da Ucrânia até perder uma das pernas, ficando aos 21 anos um inválido para aquilo que resta da sua vida...

O jovem rapazinho russo, Nikolai Kozlov (o perfil já foi apagado), vivia na cidade de Ulianovsk (Rússia), fazia parte da unidade especial da tropas aerotransportadas da federação russa.

Em fevereiro de 2014 Nikolai visitou a Crimeia, onde escondendo o seu fardamento militar russo, vestiu a uniforme da polícia de choque ucraniana “Berkut”. Pois, como até agora defendem alguns ingénuos, o exército russo não participou ativamente na invasão da península ucraniana. Tudo eram vontades dos moradores locais, por assim dizer...

Visitou o edifício do Conselho Supremo da Crimeia.

Passeou lá dentro.

Voltou para casa, recebeu a medalha “Pela devolução da Crimeia”. Se casou.

Os seus familiares se orgulhavam dos feitios do filho. A foto com o pai, Vsevold Kozlov e a medalha dada pela Crimeia.

O pai também é um ex-para-quedista, agora o polícia na cidade de Ozyorsk (Rússia), na foto está no meio.

Tudo ia às mil maravilhas até que Nikolai novamente voltou à Ucrânia. Não se sabe que fardamento vestia, mas estive na região de Donetsk (se calhar também foi lá apenas para trabalhar). Mas que azar, foi gravemente ferido, levado para Moscovo, onde lhe foi amputada uma das pernas. E ninguém saberia disso, talvez até lhe concediam uma nova medalha, mas... O seu tio moscovita, Sergey Kozlov, afinal é um democrata, isso é nacional-traidor. Acontece muito bastante na Rússia...

No último dia 2 de setembro, este mesmo tio russófobo, escreveu no seu Facebook:

Ligou o irmão. Disse – o seu filho, o meu sobrinho, foi trazido ao hospital moscovita. Ele agora é um inválido sem a perna até o fim da vida.
Crimeia agora é nossa, com o caneco.

A história mexeu com o público e os jornalistas conseguiram achar o pai do mercenário aleijado. O irmão-polícia dos Montes Urais não concordou com a opinião do parente moscovita sobre a “Crimeiaénossa”:

Mas o que contar? Ele é um soldado. Ele fez um juramento e honestamente executou a ordem. E não fugiu, e não se acobardou, como vossos lá ... banderistas (ucranianos) estes, por quais vocês puxam todo este tempo. Entendem?
[...]

Nos nossos Urais começamos viver apenas sob Putin, reconstruir-se. E vocês vivem em Moscovo lá... vocês tem um país completamente diferente. Sabem por que na Ucrânia chamam os russos de moscovitas? Apenas por causa de Moscovo.

Moral da história: um jovem rapaz russo foi à guerra na Ucrânia e aos 21 anos tornou-se deficiente para o resto da sua vida. O seu tio de Moscovo, apoiante da democracia, sentiu a pena dele. Para que Nikolai agora precisará de Donbas e da Crimeia, se já não tem a perna para andar? O pai-polícia não sente pena nenhuma. O rapaz sob Putin apenas começou à viver...

Fonte:

As férias mortais

Se acreditar na propaganda estatal russa, todos os seus para-quedistas vão para Ucrânia apenas pela vontade própria e morrem lá, única e exclusivamente, durante o gozo das férias militares. O opositor russo Alexey Navalny divulga o texto do Primeiro Canal da TV russa:

“Hoje em Kostroma se despediram do pára-quedista Anatoly Travkin. Cerca de um mês atrás, ele foi para o Donbass e morreu em combate. Sobre a sua decisão ele não disse nada nem à esposa, com quem celebrou o casamento um pouco antes de sua partida, nem ao comando da unidade militar, em que servia. Oficialmente, ele simplesmente tirou as férias” (FONTE).

Bónus
"Perdoa, nos, Ucrânia!"
Hoje os moradores de São Petersburgo (Rússia) durante cerca de 10-12 minutos viram as imagens anti-guerra, colocados no painel publicitários pelos hackers russos em apoio a Ucrânia. No fim das imagens aparecia o pedido: Perdoa, nos, Ucrânia Depois, a ação dos nacional-traidores locais foi contida.....

2 comentários:

Anónimo disse...

E eu duvido que o rapaz em questao recebera qualquer indenizacao ou pensao. Ficara abanonado a proria sorte para o resto da vida.

Jest nas Wielu disse...

O mais provável que o rapaz receberá uma medalha e vão lhe dizer: "isso ai, pá, mãe-pátria se orgulha de sim, mas entendes lá, pá, a conjugação internacional, nos não estivemos lá, pá, sabes como é..."