O nosso blogue já escreveu sobre a oficial ucraniana Nadia Savchenko (AQUI,
AQUI
e AQUI),
que como voluntária do batalhão “Aydar” foi capturada pelos terroristas e
posteriormente raptada pelas autoridades russas que a levaram para o julgamento
na Rússia, sob uma acusação assumidamente falsa.
Hoje gostaríamos de divulgar algumas passagens de uma das cartas da Nadia,
que ela escreveu para a sua irmã Vira Savcenko, descrevendo as
condições do seu cativeiro na cadeia russa.
Joanesburgo (RAS), 23.08.2014: a comunidade ucraniana exige a libertação imediata da Nadia Savchenko |
“Ainda uma vez perguntei os (da Cadeia do Isolamento de Investigação, SIZO)
porque eles não tem o café. Responderam me: “Cadeia está habituada ao chá” e
depois acrescentaram: “São vocês, lá no Ocidente, bebem mais café, mas na
Rússia gostam de chá”. Nisso eu respondi: “Bem, toda a vossa Rússia é uma cadeia”.
“Me surgiu aqui um conflito com um carcereiro (da SIZO), em geral são as
pessoas comuns e normais, não mostram nenhuma atitude negativa em relação à mim.
Eles tem aqui uma forma de relatório que soa assim: “O cidadão chefe, na cela №
60 se encontra um prisioneiro. De plantão, Savchenko N. V.” E um 1º tenente
cheio de consciência (polícia-carcereiro), exige permanentemente que eu
pronuncio (a frase) na (hora de) verificação (dos presos). Eu sempre recuso
dizer essa bobagem, explicando que ele é cidadão da Rússia e eu da Ucrânia, não
sou nenhuma “prisioneira”, sou a pessoa ilegalmente levada da Ucrânia, e ele
não é o meu chefe (tenho os chefes próprios), e que para mim ele é o mesmo
criminoso como aqueles que eles estão deter nessa SIZO. Temos as discussões
sobre isso todas as manhãs e já sou ameaçada com a célula punitiva por causa
disso”.
“Quando me colocaram aqui, eu imediatamente comecei limpar a cela e persegui
uma aranha para matá-la, mas depois pensei: mas o que eu faço? Agora, esta é a minha
única amiga, uma criatura viva. Desde ai, arranha vive comigo e às vezes sobe
em cima da mesa e desfila quando eu almoço”.
Fonte: Facebook
Ordem militar da Ucrânia e psiquiatria punitiva russa
Nas vésperas do aniversário da independência da Ucrânia, o presidente
ucraniano Petró Poroshenko
condecorou a Nádia com a ordem militar “Pela Bravura” do 3º Grau. Praticamente
em resposta, no dia 27 de agosto, a (in)justiça russa condenou Nadia Savchenko
à continuação da prisão preventiva até o dia 30 de outubro e à peritagem
psiquiátrica compulsiva (Sic!). Teme-se que a “peritagem” com a duração de um
mês (Sic!) poderá ser efetuada no Instituto “Serbsky” de Moscovo, completamente
desacreditado pelo seu envolvimento na perseguição e tortura dos dissidentes
soviéticos nas décadas de 1970-1980.
A Sociedade Psiquiátrica da Ucrânia, exortou os seus colegas russos à salvarem Nadia Savchenko, classificando a decisão do tribunal russo como “retorno aos
tempos soviéticos da psiquiatria punitiva”, informou o presidente da Associação
Regional Prática-Científica de psiquiatras, narcólogos e médicos psicólogos, o
vice-chefe do departamento de Psiquiatria e Narcologia da Universidade Nacional
de Medicina “A. Bohomolets”, o Professor Olexander Napreenko. O apelo neste sentido também foi endereçado à Associação Mundial de Psiquiatria, à Associação Europeia de Psiquiatria,
aos líderes e equipas de cinco principais instituições psiquiátricas de Moscovo
e São Petersburgo, bem como às organizações públicas e não-públicas.
No texto do apelo os psiquiatras ucranianos advertem que decorre a
degradação, que a Rússia está voltando à psiquiatria punitiva e que isso não
pode ser permitido, escreve Censor.net.ua
O chefe da equipa legal que defende Nadia Savchenko, o advogado russo Mark Feygin, informou que a
defesa recorreu da decisão do tribunal sobre o internamento compulsivo,
propondo, caso necessário, uma curta peritagem ambulatória. Feygin também disse
que a defesa da Nadia Savchenko considera necessária a sua presença na
peritagem, devido ao facto de que Nadia previamente protestou categoricamente
contra: “a execução de quaisquer manipulações com ela, incluindo a eventual
introdução (injeção) de medicamentos”, informa a rádio Liberdade.
Bónus
A moça na foto se chama Yana. Ela tem 19 anos e é chefe do Departamento
médico de um dos batalhões voluntários, diariamente ela está presente na zona de
combates entre as forças da Ucrânia e os invasores russos, salvando os
militares e voluntários ucranianos (FONTE).
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