"Não sinto as sanções como as minhas pernas" |
Na sua genial distopia “1984”, George Orwell descrevia os “dois minutos de ódio”,
a ocupação diária, durante a qual os membros do partido externo da Oceania deveriam
assistir um filme sobre os inimigos do Partido, expressando o seu ódio à eles e
aos princípios da democracia.
Embora a atual federação russa ainda não se tornou totalmente a Oceania do Orwell,
o país não anda muito longe dos padrões do quotidiano orwelliano. Por exemplo, a propaganda patrioteira russa começou a campanha “popular”
exaltando as virtudes de ataque nuclear contra os países que aplicaram à
federação as sanções económicas e políticas na sequência da sua participação
directa na invasão e ocupação da Ucrânia.
Na campanha participam os localmente famosos, casos da atriz Olga Kabo
(neta do líder da juventude comunista da Ucrânia, vítima da repressão comunista
de 1937) ou a socialité voluptuosa Anna Semenovich, exibindo os T-shirts: “O (míssil)
Topol não tem medo das sanções” ou “Sanções? Não fazem rir os meus (mísseis)
Isaknder”.
Os designeres ucranianos decidiram auxiliar os seus “big brothers”, criando
mais temas patrioteiras, seguindo a mesma premissa ideológica: “Não sinto as
sanções como as minhas pernas”, “No caixão eu via as vossas sanções”.
"No caixão eu via as vossas sanções" |
Bónus
O famoso quadro do Édouard Manet, “Almoço na relva” (Le Déjeneur sur
l´Herbe), fortemente criticado pela sua suposta “imoralidade”, possui diversas
variações contemporâneas, uma das quais pertence ao pintor russo Vasilii Shulzhenko, o visualizador da Rússia profana...
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