Após os meses dos esforços propagandísticos que retratavam a Revolução
ucraniana como “golpe de estado nazi e anti-semita”, os mesmos propagandistas escolhem
a mudança radical de acusações, afinal, os diversos líderes ucranianos possuem “as
raizes étnicas judaicas” e isso é quase um crime...
Assim, no filme “documental” sobre Yulia Tymoshenko, demonstrado no horário nobre no último sábado pela TV russa
NTV, os propagandistas do regime, aparentemente antifascista, revelam aos seus
espectadores um segredo maior, Tymoshenko «esquece completamente as suas
origens, embora para muitos, já bastante tempo não é segredo que o pai da dama
com a trança – Viktor Abramovich Kapetelman – tem as origens judaicas».
Uma semana antes, uma “revelação” semelhante foi apresentada no filme Agente da Ordem Secreta, dedicado ao primeiro-ministro ucraniano em funções,
Arseniy Yatsenyuk. Os autores do filme exortaram os espectadores “à ter em
conta as origens judaicas do Yatsenyuk – judeu pela parte materna, ele faz a
parte da lista dos 50 sionistas mais famosos da Ucrânia […] Embora ele não é judeu
(pela fé), pela lei judaica ele é judeu” (18’15’’).
O reforço da incitação anti-semita na propaganda estatal russa foi notado
pelo grupo ucraniano de Monitoramento dos direitos das minorias nacionais.
“A propaganda televisiva estatal que para justificar uma intervenção armada
usa os slogans da defesa das minorias étnicas, especialmente os judeus, da
ameaça representada pelos nacionalistas radicais, usa ativamente o
anti-semitismo para caluniar o país que tem sido vítima de agressão," –
diz o serviço de imprensa do Congresso Judaico Euro-Asiático (EAJC), escreve Israelinfo.
Blogueiro
Toda essa viragem de 180° dá que pensar, será que nos próximos tempos uma
certa esquerda portuguesa não poderá optar pelo mesmo discurso anti-semita? Pelo
menos o PCP, dado que no passado recente promovia a obra falsa dos Protocolos
dos Sábios de Sião e tradicionalmente abomina os “sionistas”.
Enquanto refletia nisso, o cientista político russo Andranik Migranyan,
bastante próximo ao poder político do seu país disse publicamente que: “é
preciso distinguir Hitler antes de 1939 e Hitler após 1939”. De acordo com Migranyan,
“se ele ... seria glorioso apenas pelo que sem uma única gota de sangue unir a
Alemanha e a Áustria, os Sudetos com Alemanha, Memel (cidade de Klaipeda na Lituânia) com a Alemanha, de facto,
terminando aquilo que não conseguiu Bismarck, e se Hitler teria parado nisso,
ele ficaria permanecido na história do seu país como político de altíssima
classe". [Izvestia]
Bem, depois de ler isso, os propagandistas da NTV ou do PCP já não me
parecem tão clinicamente condenáveis, Migranyan, conseguiu ser muito mais e bastante
pior, na sua simples exortação pública do Hitler...
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