segunda-feira, abril 30, 2012

Venda de perohê em Mallet

Para angariar fundos para a realização do XIX Festival Nacional de Danças Ucranianas, o Folclore Ucraniano Spomen está realizando venda de perohê (varenyky) congelados.

Dia 1 de maio (feriado) no salão da igreja UCRANIANA de Mallet, Paraná, Brasil.
Preço: R$3,50 / dúzia.

Compre antecipadamente com os dançarinos do Folclore Spomen e ajude a fazer um grande evento!

domingo, abril 29, 2012

Limpeza étnica dos ucranianos na Polónia comunista

No dia 28 de abril a Ucrânia recorda a Operação Vístula (Akcja Wisła), ato de limpeza étnica perpetuado pelo estado comunista polaco contra a população civil ucraniana que após o fim da II G.M., vivia nos territórios etnicamente ucranianos da República Popular da Polónia.

por: Bohdan Havryluk *

A meta principal da operação era a deportação da população ucraniana, polonização forçada dos ucranianos e apenas mais tarde a eliminação da resistência do movimento guerrilheiro ucraniano. A deportação forçada da população ucraniana e das famílias mistas era feita de um modo brutal, acompanhada por diversos assassinatos. Os deportados eram levados para oeste e norte do país, rompendo (de modo consciente), as ligações paroquiais, de vizinhança e até familiares. Além disso, foram liquidadas todas as formas da vida nacional ucraniana, que ainda existiam.

[]
Até 1947 os ucranianos do sub – grupo étnico Lemkos viviam de forma compacta no seu território habitual no sudeste da Polónia. No fim da operação eles foram deportados para o território da onde nas vésperas a Polónia socialista expulsou as populações alemãs.

[…]
O Comité Polaco de Libertação Nacional (PKWN), uma organização pró – soviética de inspiração estalinista, concordou com a oferta de Estaline, sobre a fronteira polaco – soviética, baseada na linha traçada pelo Lorde Curzon. Polónia recebeu um território semelhante à Eslováquia atual, onde viviam cerca de 700 mil ucranianos, por vezes este território é chamado na Ucrânia de Zakerzonnia. Os comunistas polacos também declararam que pretendiam ver a nova Polónia como um país mono nacional (na 2ª República polaca as minorias étnicas perfaziam cerca de 1/3 de população), ideia que agradava Estaline.

Por isso, já em setembro de 1944, o Comité Polaco de Libertação Nacional assinou os acordos com Ucrânia, Belarus e Lituânia soviéticos, sobre a “troca” de populações, que permitia transformar as fronteiras políticas em fronteiras etnográficas. Nesta base, entre outubro de 1944 e agosto de 1946 cerca de 482 mil ucranianos foram repatriadas da Polónia para Ucrânia e cerca de 788 mil polacos saíram da Ucrânia para a Polónia.

Apenas nos primeiros meses da ação, oficialmente chamada de “repatriação”, a parte polaca seguia, mais ou menos, o princípio de voluntariedade. Mas já no verão de 1945, ao pedido da URSS, começou a deportação forçada, apoiada pelas três divisões militares.

O terror comunista anti – ucraniano, organizado pelo novo poder polaco, era secundado pelas formações da guerrilha anti – comunista e os bandos criminais polacos. Um dos exemplos deste terror é o extermínio de 366 ucranianos, residentes na aldeia de Pawlokoma, perpetuado em março de 1945 pala unidade da Armia Krajowa.

No outono de 1946, no território polaco deveriam continuar a viver cerca de 20 mil ucranianos. O que originou o plano estatal de deportação forçada dos ucranianos para os territórios que até 1939 pertenciam a Alemanha (na linguagem polaca da época essa zona era chamada de “territórios Reunificados”). Um dos promotores desta filosofia era o general Stefan Mossor, o vice – chefe do Estado – Maior general do exército polaco. No memorando endereçado ao Ministro da Defesa e ao chefe do KGB polaco, Mossor argumenta que os ucranianos a viver na Polónia representam o “perigo de sublevação no futuro”. E como já não havia a possibilidade de os deportar para a URSS, general propunha “organizar uma ação enérgica de deportação destas pessoas aos núcleos familiares e separa-los nos territórios Reunificados, onde (estes) rapidamente se irão assimilar”.

Já que uma operação destas exigia o aval da liderança política, na reunião da cúpula do KGB polaco foi decidido que a questão seria levada à apreciação do Comité Central do Partido dos Trabalhadores da Polónia (PPR). Coincidência organizada ou não, mas já no dia seguinte, em 28 de março, morreu o Ministro da Defesa da Polónia, general Karol Swierczewski. A sua morte foi atribuída aos guerrilheiros do Exército Insurgente Ucraniano (UPA). A sua morte ditou a decisão da Polónia de deportar os ucranianos.

Inserido na ação repressiva contra a população ucraniana, – está escrito no protocolo do Bureão Político da Comité Central do PPR, – foi decidido: 1. Rapidamente deportar os ucranianos e os membros das famílias mistas para os territórios Reunificados (primeiramente para a Prússia do Norte), sem formar os grupos compactos e não menos que 100 km da fronteira”.

Em breve, a deportação foi justificada pela necessidade de eliminar a guerrilha do UPA, ativa no território. Na realidade, na primavera de 1947, UPA contava apenas com cerca de 1500 combatentes, que desde a deportação dos ucranianos para Ucrânia, não organizava as ações de vulto contra exército e KGB polacos. Além disso, as deportações abrangiam mesmo os territórios onde UPA não possuía unidades militares ou as estruturas da clandestinidade.

Eram deportados ucranianos – membros do partido comunista e até os ativistas da luta contra guerrilha ucraniana, colaboradores e funcionários do KGB, polícia e organização paramilitar ORMO.

Operação Vístula (Akcja Wisła)
No dia 16 de abril de 1947, surgiu o “Projeto da organização conjunta especial «Leste»”, assinado pelos ministros da Defesa e da Segurança, que tinha como a sua meta: “Resolver definitivamente a questão ucraniana na Polónia”. O projeto recebeu o nome de código Vístula (Wisła), foi criado o grupo operacional “Wisła” que dispunha de 17,5 mil soldados, comandados pelo general Mossor.

Operação Vístula começou no dia 28 de abril de 1947. Na madrugada, o exército polaco cercava as aldeias ucranianas, os seus moradores geralmente recebiam 2 horas (por vezes menos), para se preparar para a saída. Cada família tinha o direito de levar apenas uma caroça com os seus bens, por vezes a coroça era partilhada por 2-3 famílias, outros levavam os seus bens nas costas. 

Nas zonas de Sanok e Przemysl, onde OUN – UPA realmente possuía as estruturas de resistência organizadas, as deportações tinham o carácter mais brutal, seguido de queima das casas, maltratos das famílias dos resistentes ucranianos, detenções em massa. Os deportados eram levados para os centros de deportação, onde permaneciam durante vários dias, ao céu aberto, debaixo da chuva e do frio. Aqui era feita a seleção inicial, durante a qual os deportados eram levados ao transporte que os levava ao local de uma nova residência.

Oficialmente, a Operação Vístula durou três meses, até o dia 28 de junho de 1947 (alguns deportações sob o código Vístula duraram nos meses seguintes e aconteciam mesmo em 1950), o exército polaco calcula que foram deportados 140,5 mil ucranianos.

Os deportados considerados pertencentes à clandestinidade ucraniana, assim como aqueles que tentavam voltar para as suas casas, eram colocados no Campo de Concentração de Jaworzno, assim o poder comunista polaco usou um dos filiais do Auschwitz nazi. Este campo de concentração existiu até o janeiro de 1949, por lá passaram 3,9 mil pessoas, entre eles cerca de 800 mulheres e cerca de 27 padres. Por causa das más condições da vida e maus tratos físicos, entre 160 à 200 pessoas morreram e foram sepultados em valas comuns (em 1998 os presidentes da Polónia e da Ucrânia inauguraram no local o monumento para recordar os ucranianos mortos naquele campo).

Nos locais da sua nova residência os ucranianos recebiam as casas alemães já degradadas e pilhadas, pois as melhores residências eram ocupadas pelos polacos retornados dos territórios da URSS.

Já que as autoridades polacas não eram preparadas para receber o número dos ucranianos que foram deportados, por vezes, oficialmente chamados de “moradores «W»”, os ucranianos conseguiam criar os assentamentos bastante compactos, embora isso contradizia a ordem do poder central que ordenava não ultrapassar a percentagem dos ucranianos superior aos 10% sobre a população total de cada distrito.

Na instrução secreta destinada à administração local, datada de 1947 se dizia: “A meta principal da deportação dos moradores «W» é a sua assimilação no novo habitat polaco, devem ser despendidos todos os esforços para alcançar disso. Não usar o termo “ucraniano” em relação aos estes deportados. No caso em que entre os moradores nos territórios reunificados aparecer o elemento intelectual, este deve sem duvida, ser assentado longe das comunidades camponesas, onde vivem os deportados da ação «Vístula»”.

Uma prática semelhante era seguida já na 2ª república polaca, quando a administração escolar não permitia empregar os professores ucranianos nas escolas da Galiza Ucraniana ou Volyn, propondo lhes a possibilidade de fazer a sua carreira profissional na Polónia Central.

As atas jurídicas, adotadas em 1949, legalizavam a perda, por parte dos ucranianos, de todos os seus bens móveis e imóveis, deixadas durante a deportação. O estado polaco nacionalizava todos os bens das organizações ucranianas e da Igreja Grego – Católica Ucraniana (por exemplo, a Casa Popular em Przemysl, cuja devolução a comunidade ucraniana continua a reclamar).

A liderança do grupo operacional Vístula avaliou em abril – maio de 1947 as perdas do UPA na ordem de 1300 militantes, entre mortos em combate, capturados e condenados à pena capital e aos termos prisionais. A maioria dos historiadores considera estes números exagerados, através da inclusão na lista dos civis detidos e julgados sob acusação de colaboração com a clandestinidade ucraniana.

O comandante da circunscrição militar do UPA, “Syan”, coronel Myroslav Onyshkevych (“Orest”), avaliava o número das suas forças em cerca de 1400 combatentes. Após a deportação quase total dos ucranianos, na situação em que já não havia as populações ucranianas a defender, entre setembro e outubro de 1947, o coronel Onyshkevych emitiu a ordem de dissolução das unidades da guerrilha e libertou os combatentes do seu juramento militar.

[…]
Lançada no momento da preparação da Operação Vístula, a paradigma da propaganda anti – ucraniana não parou até 1989, produzindo um retrato injusto dos ucranianos e a atmosfera de inimizade contra eles, na qual as vítimas desta operação deveriam construir a sua vida e criar os filhos fora da sua região natal.

Embora em 1990 a Ação Vístula foi condenada pelo Senado polaco e em 1997 pelo presidente Aleksander Kwasniewski, mesmo nos dias de hoje não existe na sociedade polaca a atmosfera favorável à uma correção mínima dos males infringidos aos ucranianos.   

* Poeta, prosaico, historiador, editor-em-chefe da revista da União dos Ucranianos de Podlachia “Nad Buhom i Narwoju” (Polónia)

Fonte:

sábado, abril 28, 2012

Agressão provada contra Yulia Tymoshenko


A página “Verdade Ucraniana” publicou as provas documentais da agressão e violência física da qual foi vítima a ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko.

As fotos foram tiradas no dia 25 de abril, 5 dias após a transferência coerciva da Yulia Tymoshenko do seu estabelecimento prisional para o hospital. A ombudsmen da Ucrânia, Nina Karpachova, divulgou estas fotografias entre os diplomatas da União Europeia, durante o encontro na representação da UE em Kyiv nesta sexta-feira. Nina Karpachova também tornou pública a conclusão dos peritos em medicina legal, sobre o carácter das lesões sofridas pela Yulia Tymoshenko.

A divulgação das provas aconteceu após a declaração do serviço da imprensa do Partido das Regiões, em que o partido – governo acusava “Tymoshenko e o seu estado-maior” de “provocação contra a liderança da Ucrânia e o desvio da atenção sobre as atividades criminosas da líder da oposição”.

No entanto, na sua conclusão os peritos (31 e 18 anos de experiência como médicos legistas), afirmam o seguinte (26.04.2012):

11) As lesões no corpo da Yulia Tymoshenko “são resultado da ação de um objeto contundente”.
22) As lesões “poderiam ser infringidas não menos que 4 – 6 dias antes da sua documentação fotográfica. As lesões da mão esquerda é o resultado provável da tentativa de agarra-la com uma mão exterior”.
33) Nódoa negra com a equimose interna, situada na parede frontal do estômago, ao seu lado direito também é o resultado da ação de um objeto contundente. Pela sua forma e outras características o mais provável é o resultado de um murro com o punho, infringido com uma força considerável”.

Fonte e fotos:

Explosões na Ucrânia: poder tira os proveitos


A velha máxima ensina que para saber quem é culpado em uma determinada situação, basta ver quem tira o proveito desta mesma situação.

Por exemplo, o vice – chefe da bancada parlamentar do Partido das Regiões, Mykhailo Chechetov (na foto) disse no programa televisivo ucraniano Shuster-LIVE, que “aquilo que aconteceu em Dnipropetrovsk mostrou a fraqueza do poder!” e por isso, “para a luta contra o terrorismo, o poder deve substancialmente reforçar as suas posições”, efetivamente “reforçar o serviço secreto e a polícia”, escreve Censor.net.ua

O primeiro – ministro da Ucrânia, Nikolay Azarov, na sua página mantida em russo em uma rede social (primeiro-ministro não domina o ucraniano escrito e fala pessimamente, criando constantemente “pérolas” aproveitadas pelos humoristas), afirma que as explosões são proveitosas às forças que estão interessadas em “desestabilização do país” e que não gostam que na Ucrânia “são aumentadas as pensões, os salários, os preços dos alimentos são estáveis, são construídas as fábricas”, cita as palavras do primeiro-ministro, o serviço da BBC Ucrânia

sexta-feira, abril 27, 2012

Explosões colocam Dnipropetrovsk no topo do twitter


As explosões de bombas artesanais, 4 pelos dados da polícia e entre 6 e 10 pela informação não oficial, colocaram a cidade ucraniana de Dnipropetrovsk no topo mundial dos temas do twitter.

A discussão do tema pode ser seguida através dos hashtags #dnepr e #Днепр, lá é possível obter a última informação sobre os acontecimentos na cidade. A imprensa tradicional fica por trás e a telefonia móvel funciona com interrupções.

Hoje a imprensa ucraniana publicou as fotos da Yulia Tymoshenko após sofrer as agressões físicas no estabelecimento prisional. Dnipropetrovsk é a terra natal da Yulia Tymoshenko, escreve Watcher.com.ua

Entretanto, o número de feridos soube para 30 pessoas, entre eles 10 crianças.

As fotos, vídeos e a diversa informação sobre o acontecimento também é agregada aqui:

Explosões na Ucrânia: 27 feridos


Promotores do país acreditam na possibilidade de ter sido um ataque terrorista (a oposição teme o início da repressão e anulação das eleições).

Pelo menos 27 pessoas ficaram feridas numa série de quatro explosões que atingiram nesta sexta-feira (27 de abril) o centro da cidade de Dnipropetrovsk, no leste da Ucrânia, informaram autoridades locais. Promotores acreditam na possibilidade de um ataque terrorista.

A primeira explosão ocorreu numa parada de bonde (elétrico), ferindo 13 pessoas, segundo a porta-voz do Ministério de Situações Emergenciais, Yulia Yershova. A segunda foi perto de uma escola, deixando 11 feridos, entre os quais nove crianças, e a terceira feriu outras três pessoas nas proximidades de uma estação ferroviária.

Uma quarta explosão foi ouvida, mas não há relatos de feridos. As informações são da Associated Press, escreve Gazeta do povo.com.br

Blogueiro

Na Ucrânia os cidadãos esclarecidos e a oposição temem o início da repressão em massa, possibilidade de anulação das eleições e outras medidas totalitárias, ligados ao crescente isolamento da Ucrânia, após o caso provado do espancamento da ex-primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Tymoshenko.

O deputado da assembleia provincial de Kharkiv, Arsen Avakov (no exílio na UE), compara no seu blogue as explosões em Dnipropetrovsk com o incêndio do Reichstag, organizado pelos nazis em 1933.

O partido da oposição VO Svoboda informa que a polícia de Dnipropetrovsk já começou as inquerições, para já informais, sobre o paradeiro dos deputados da sua formação, residentes na cidade.

O blogueiro Evgeny Gendin escreve que Na cidade não se vê o pânico, as crianças foram levadas pelos pais das escolas e dos jardins-de-infância, novamente funcionam as redes móveis, circulam os elétricos. Algumas avenidas estão cortadas ao trânsito pelas pessoas armadas e blindados. Há muitos carros do serviço de minas e armadilhasJornalistas e forças de segurança não sabem o que aconteceu. Começaram circular os rumores mais exóticos sobre a vingança da elite “judaica” ao clã de Donetsk, se fala sobre a possibilidade de anulação das eleições e a situação péssima em que está o poder nas vésperas do Euro – 2012. Com muita segurança se sabe sobre 6 explosões, existe a informação não confirmada sobre a promessa (dos executantes) de efetuar 9 explosões, até agora ninguém foi detido. Ninguém morreu até agora”.

Na conferência de imprensa extraordinária, o representante do serviço secreto da Ucrânia (SBU), desmentiu o facto da detenção das pessoas em conexão com as explosões, se recusando a especular sobre os possíveis autores das mesmas.

Arquimandrita Nikanor que vive na cidade escreve que testemunhou as movimentações dos militares ANTES das explosões: “Ontem (26.04), cerca das 19h00, vi uma coluna de 6 blindados ligeiros (BTR), acompanhada pelos dois carros da polícia... Hoje de manha, vi cerca de 5-6 autocarros da polícia de choque acompanhados pelos carros de polícia com as luzes de emergência ligadas... Pergunta, será que é uma coincidência? Ou talvez essa situação leva a pensar em porquê aparecem os blindados e as pessoas fardadas e acontecem as explosões??? A me isso parece como um atentado planeado!!!!

Ver vídeo:

Ver fotografias:

Chornobyl: como URSS lutou contra radiação


«No dia 26 de abri do ano em curso, às 1h25, nas instalações do 4° bloco energético, durante a sua colocação em regime de reparação média planificada e durante os testes dos turbogeradores № 7 e № 8 se deu a explosão seguida do incêndio, que passou para o telhado do 3° bloco. Em resultado da explosão foi destruído o pavilhão do telhado do 4° bloco e a sala de máquinas. No momento da avaria nas instalações estavam presentes 17 funcionários do turno. 9 foram hospitalizados, 4 em estado crítico, um deles na reanimação. Incêndio foi localizado».

por Volodymyr Viatrovych, historiador ucraniano

Isso é o texto do primeiro relatório sobre a avaria na estação nuclear do Chornobyl, preparado pela direção do KGB da província de Kyiv e enviado para Kyiv e Moscovo à noite do dia 26 de abril. A única coisa que distingue o texto dos outros semelhantes sobre os desastres tecnológicos na URSS é a informação sobre o nível de radiação: “no território da estação 20 – 25 mRöntgen por segundo, na cidade de Pripyat 4 – 14 mR por segundo” (uma dose típica de radiação de fundo para uma humano é de 200 mR por ano).

Algumas horas mais tarde, o KGB da Ucrânia apresentou aos dirigentes um relatório mais detalhado, na qual reportava a morte de um dos funcionários e o desaparecimento do outro.

Relatório após o relatório, as grandezas da radiação emitida aumentavam e a tentativa de encobrir a envergadura da catástrofe se tornava cada vez mais irreal. «Às 15h00 do dia 26 de abril a situação radioativa na zona de estação nuclear se caracterizava pelo nível da emissão das partículas gama nas proximidades imediatas do incêndio até 1000 mR por segundo, no território da estação nuclear até 100 mR e em alguns bairros de Pripyat até 2–4 mR por segundo».

No relatório ao Comité Central do Partido Comunista da Ucrânia do dia 28 de abril já se fala sobre 1000 – 2600 mR no 3° e 4° blocos e sobre 30 – 160 mR na cidade. Nos documentos sobre a informação do nível da radioatividade na cidade, no terceiro dia após a avaria, o líder do PC e do governo da Ucrânia, Volodymyr Sherbytskiy colocou uma única resolução: “O que isso significa?” Isso significava que pela incompetência nos momentos críticos tiveram que pagar com as suas vidas e a sua saúde os cidadãos que não tinham a informação sobre o tamanho da tragédia.

As primeiras vítimas foram os bombeiros, convencidos que estavam apagar um incêndio normal numa unidade industrial. Vítimas seguintes foram os moradores dos arredores da estação, a sua evacuação começou apenas 36 horas após a avaria.

Um dos liquidadores da avaria, Mykola Tsymokh recorda: «No dia 27 de abril, às 12h10 na rádio local eu ouvi uma voz feminina que em nome do poder executivo da cidade informou: “Camaradas, como vocês sabem, por causa da avaria na estação nuclear de Chornobyl na cidade estão se formar as condições radioativas adversas […]. Com vista de garantir a segurança total dos cidadãos, a comissão estatal temporária tomou a decisão de ordenar a evacuação temporária da população da cidade (de Pripyat), em primeiro lugar as mulheres e as crianças. Debaixo de cada prédio estarão colocados os autocarros. Se deve levar os documentos, os objetos urgentemente necessários e o kit alimentar para 2-3 dias. Início da evacuação a partir das 14 horas”».

As pessoas que tiveram 50 minutos para abandonar as suas casas para sempre, estavam convencidas que voltariam após alguns dias. O relatório do KGB de 4 de maio informa que apenas no dia 3 de maio foram evacuadas todas as pessoas num raio de 10 km em redor do Chornobyl, para os dias 4 – 5 foi planeada a evacuação total em um raio de 30 km.

Já no dia 26 de abril se iniciou a investigação sobre as origens da catástrofe. A versão inicial, “negligência” ficou inalterada. «Pelos dados das fontes operativas, - escreviam os investigadores do KGB no dia 1 de maio, - nas vésperas da avaria, o reator do 4° bloco funcionava em regime diferente do normalpois neste períodosem uma coordenação oficial com o construtor, estavam decorrer os testes do turbogerador. As inquerições prévias das pessoas mencionadas, assim como o estudo dos processos tecnológicos do funcionamento dos equipamentos do reator, no período anterior a avaria, permitem supor que entre 1h10 e 1h23, ou seja, antes da avaria, o pessoal do bloco poderia se desviar do regulamento de explotação do sistema do bloco».

O informe do dia 7 de maio afirma que “causa geral da avaria foi a cultura laboral baixa dos funcionários da estação […] baixa disciplina interna e o sentido de responsabilidade”. «A explosão se deu, – está escrito no outro relatório, – em resultado de uma série de violações graves das regras laborais, tecnologia e não seguimento do regime de segurança no 4° bloco da estação. Mesmo no momento da explosão, no reator e na turbina em funcionamento, estavam a decorrer os testes… Em resultado da explosão, avaliada pelos especialistas em algumas toneladas (de carga equivalente de TNT), foi arrancado o telhado e possivelmente as paredes do reator».

No dia 1 de maio, quando o nível da radiação em Kyiv atingiu o seu nível máximo, os alunos das escolas foram levados a participarem na manifestação pública na avenida Khreshatyk, alusiva ao dia 1 de maio.

No dia 27 de abril, um posto de controlo parou a automóvel VAZ, o seu condutor explicou que ele e os amigos saíram de Pripyat de manha (antes do início da evacuação geral). O grupo nada sabia nem sobre a avaria, nem sobre o marco que esta deixou neles próprios. «Verificação mostra, – escreveu o capitão do KGB, Kholod, – que o nível de radiação na superfície do automóvel superava o normal em 5000 vezes».

Dezenas de anos a URSS se treinava nas aulas da defesa civil, esperando a guerra atómica com o Ocidente capitalista. Como confirmou o “ataque civil” interno, a sua prontidão em uma situação crítica se aproximava ao zero. «Foi revelado o desconhecimento da população sobre as questões de radiação, – escreviam os oficiais do KGB, – e mais importante, nas ações profiláticas da defesa contra a radiação. Testemunhos disso são os casos de envenenamentos em massa (através de automedicação) com os remédios na base do iodo».

Entretanto, não foi só a população despreparada, mas também o poder. «Durante a instalação do sistema de pontos sanitários e de lavagem, – se escreve no relatório do dia 12 de maio, – dos 47 pontos no dia 2 de maio estavam em condições 5, nos dias 3–10 de maio outros 7… O seu pessoal não possui nenhuns meios da defesa pessoal e também foi contaminado. Além disso, cerca de 70 % dos seus funcionários são mulheres idosas e mães de famílias que se recusaram a trabalhar na zona de impacto».

Para trabalhar lá foram destacados militares. Os documentos do KGB mencionam factos interessantes: «Durante a mobilização, alguns funcionários dos comissariados, nomeadamente na Letónia, Lituânia, províncias de Lviv e de Ivano – Frankivsk, recorriam às mentiras no processo de recrutamento. As pessoas eram informados que serão enviados não para Chornobyl, mas para as terras virgens, prometiam lhes os salários 5 vezes superiores ao normal, a obtenção de viagens gratuitas aos sanatórios, a atribuição de outros tipos de benefícios às famílias». Interessante, porque o poder soviético tentou fraudulentamente recrutar os voluntários nos territórios onde gozava o menor nível do apoio popular?

Menos de um mês após a tragédia, no dia 20 da maio, o Serviço químico do Ministério da Defesa soviético emitiu a declaração sobre a «possibilidade do retorno da população aos seus antigos locais de domicílio, em algumas localidades na zona de 30 km de exclusão». Os dispositivos de medição de radiação ainda mostravam os números horríveis às centenas de quilómetros do Chornobyl. Mas, com o retorno das pessoas era possível controlar o crescimento do pânico. Por isso a proposta, apesar do seu carácter homocidário, realmente foi ponderada pela liderança soviética. Pois para a elite comunista, a propagação da informação representava o maior perigo em comparação com a propagação da radiação.


Fonte: