À
desgraça de todos os burgueses,
lançaremos
o incêndio mundial,
Incêndio
mundial sangrento –
Abençoa,
o Senhor!
Aleksandr Blok, «Os
Doze», 1918
"Morte aos burgueses e aos seus lacaios. Viva o terror vermelho!!" A propaganda bolchevique, Petrograd, 1918 |
Em
breve, muito em breve
Sangue
será derramado como um oceano
As
gargantas infiéis
Vacilarão
nas facas.
Al
Hayat Media Center, nasheed
do Daesh, 2015
"Em breve, muito em breve...." A propaganda do Daesh, 2015 |
Em
termos da realização prática da sua ideologia, quer bolcheviques, quer Daesh
são idênticos, pois se baseiam nos dogmas disfuncionais. A URSS sobrevivia,
comprando as fábricas e roubando as tecnologias ocidentais (não militares),
explorando as suas próprias populações e recursos naturais. Daesh não produz
nada, usando as armas ocidentais capturados e AK produzidas na União Soviética.
Os
seus métodos são praticamente idênticos. Daesh usa jihad, os bolcheviques
usavam o terror vermelho,
decretado em 5 de setembro de 1918 pelo Conselho dos Comissários do Povo: “Sobre
o Terror Vermelho”. Daesh usa fiqh,
os bolcheviques – comunismo
de guerra. Diversos nomes, mesmo sentido.
Daesh
mata os “infiéis” ou os obriga à pagar jizya. Os bolcheviques matavam
os inimigos da classe: nobres, proprietários de terras, padres, policiais,
intelectuais, industriais, kulaks, cossacos, prostitutas e outros, nacionalizando
as suas posses. Karl Marx escreveu que o meio para “reduzir, simplificar e
concentrar a agonia dos assassinos da antiga sociedade e as dores do parto
sangrentas da nova, existe apenas um meio — o terrorismo revolucionário” (em “A
Vitória da Contra-revolução em Viena”, publicado em “Neue Rheinische Zeitung”, №
136, de 7 de novembro de 1848). Já o Jihadi John resume todo o programa no seu
nome.
Os
bolcheviques não escondiam, absolutamente, os seus planos e objetivos, eles exibiam
o terror, o incluíram na sua doutrina, o chamavam de coisa necessária, útil e
certa. Da mesma forma procede o Daesh, interpretando os versos do Alcorão sobre
a jihad, como uma especial maneira terrorista de chegar à um futuro (após a
morte) brilhante. Os bolcheviques criavam os gigantescos campos de
concentração, o Daesh possui diversas cadeias. Os bolcheviques consumiam o «cocktail
das trincheiras» (cocaína misturada com vodka), os militantes do Daesh, parece
que usam as anfetaminas.
Daesh
dinamitou o templo de Bel em Palmira, os bolcheviques dinamitaram e destruíram
milhares de igrejas. Daesh afogou algumas pessoas, filmando o processo em Full HD,
os bolcheviques afogavam as pessoas às centenas.
Templo cristão ortodoxo destruído pelos bolcheviques em Kyiv |
Os
bolcheviques usavam os militares czaristas, no Daesh combatem os generais do
Saddam Hussein. Daesh toma os reféns, os bolcheviques tomavam os reféns aos
milhares, seguindo as dicas do Lenine:
“Eu
proponho não tomar os “reféns”, mas os nomear individualmente por cada província.
O propósito da nomeação – exatamente os ricos, pois eles são responsáveis pela
indemnização, respondem com a vida pela coleia imediata e entrega dos
excedentes de trigo em cada província” (As obras completas do Lenine, volume 18
(1931), pp. 145—146, citação D. Volkogonov, Le Vrailenine, Paris, R, Laffont,
1995: 248).
Alguma liderança militar do Daesh, de origem baathista, porventura estudou na URSS... |
Os
camponeses na URSS não podiam mudar da residência sem uma permissão especial,
eles simplesmente não possuíam os documentos de identificação até a década de
1960, em alguns casos até 1974. Daesh também confisca os documentos e
passaportes dos cidadãos e lhes permite a viajar apenas munidos dos “guias de
marcha” espaciais. Daesh
queimou vivo um piloto jordano, os bolcheviques amarravam os oficiais monárquicos
às tábuas e os queimavam nos fornos. Daesh corta as gargantas aos cristãos; os
bolcheviques afogaram o bispo ortodoxo Teofan (Ilmienski)
na água gelada no inverno de 1918; fuzilaram dezenas de bispos, milhares de padres
e centenas de milhares de crentes.
Os
bolcheviques justificavam o terror vermelho com as lutas contra o terror branco
e contra a contra-revolução, o jihad é justificado pela intervenção ocidental
na vida dos países islâmicos.
Semanário do CheKa, 1ª edição, 22 de setembro de 1918 |
Daesh
criou Al Hayat Media Center que filma as torturas e execuções; o chefe da CheKa,
Dzerzhinski criou “Semanário do CheKa” (saíram 6 edições) e a revista “Terror
Vermelho” (em novembro de 1918 saiu a sua 1ª e única edição). Na sua 4ª edição o
semanário publicou a carta do chefe do CheKa da província Vyatka, intitulada “Por
que vocês são sentimentais?”, na qual este exigia o endurecimento do terror
vermelho. A carta foi debatida na reunião do Comité Central do PCUS (b) em
outubro de 1918 e considerada “errada”. Em resultado, o Conselho dos
Comissários Populares decidiu suspender definitivamente a publicação dos mujahideens chekistas.
Os
documentos atribuem ao terror vermelho de 1918-1922 cerca 50.000 vítimas, mas
uma parte das pessoas foi exterminada pelos bolcheviques sem nenhuma fixação
documental. Por exemplo, a morte de mulheres “burguesas”, em consequência das violações
brutais no decorrer das suas detenções eram registadas como “mortes naturais”.
Daesh
vs bolcheviques
Temos
que reconhecer, Daesh é um mero aprendiz (pelo menos para já), na escala, no
envolvimento, nas relações públicas, no derramamento de sangue, na engenhosidade
e na insanidade de aniquilação de pessoas, em comparação com o PCUS (b). Em
comparação com Lenine, Dzerzhinsky, Estaline, Petrovski, Khrushchev, Kamenev,
Zinoviev, Trotsky e outros, as figuras como Jihadi John, Abu Bakr
al-Baghdadi, Abu Zubair al-Rusi ou Abu Turab Al Mugaddasi são uns miúdos brincalhões,
embora as suas ações não se tornam menos sangrentos por causa disso.
Nascidos no Daesh soviético
Diversas
pessoas consideram a vida no Daesh soviético (isso, é, na URSS) era normal por um único motivo,
na sua juventude e maturidade, os bolcheviques já não matavam as pessoas em
público e os milhões não morriam, secretamente, no GULAG. Mas isso não é uma razão
para considerar a União Soviética como um estado normal. Mesmo porque a URSS não
revogou a sua ideologia genocidária e expansionista pelo menos até 1985,
reprimindo qualquer resistência com a mesma brutalidade bolchevique. As execuções
e prisões em massa foram substituídas pelas cadeias e psiquiatria punitiva, mas
nos momentos em que a URSS recorria aos métodos antigos, no Afeganistão ardiam
as aldeias, juntamente com os seus habitantes.
Temos
que reconhecer honestamente, em diversas cidades (do espaço pós soviético) temos
até hoje os monumentos do al-Baghdadi e as ruas chamadas Jihadi John. Simplesmente
nós acostumamos à isso. E uns ainda os consideram heróis, não devemos ficar surpreendidos,
eles ou foram educados no Daesh vermelho ou foram criados pelos seus fãs.
E
se olhando à promoção da carnificina sangrenta do Daesh você sente a
necessidade urgente de delegar à alguém o direito sagrado de o bombardear preventivamente
(dentro ou fora da coligação internacional), primeiro deveria derrubar o
monumento ao Jihadi John na sua cidade. E, certamente, deve parar de repetir
que a “causa do al-Baghdadi está viva”, assim como parar de dizer que “al-Baghdadi
viveu, vive e viverá enquanto estão vivos os seus fiéis e seguidores do seu
caminho”. Caso contrário, alguém irá bombardear a porra da sua fábrica metalúrgica
“Jihad Vermelho” ou o seu kolkhoze “Lenin al-Rusi”; a sua rua dos “26 mujahideens da Raqqa” ou avenida “Quinqiénio da tomada do Mosul” poderão ser atingidos
por algum míssil de cruzeiro.
Um jovem pertencente ao Daesh em execução do refém |
Concluímos
este texto com a canção da adaptação cinematográfica do romance juvenil comunista “Os
diabos vermelhos”. O livro, já agora, conta a história das tradições gloriosas
do uso de crianças e adolescentes para as necessidades dos regimes terroristas
totalitários.
Há
balas no revólver, se deve conseguir
Lutar
com inimigos e terminar a canção.
Não
temos sossego! Arder, mas viver!
A
perseguição, perseguição, perseguição, perseguição de sangue quente!
A
perseguição, perseguição, perseguição, perseguição de sangue quente!
Ler o artigo integral em russo:
https://www.youtube.com/watch?v=E5VNdhdFBgA
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