quinta-feira, novembro 05, 2015

Desertar para não matar: os militares russos fogem da guerra na Ucrânia

Em agosto deste ano o nosso blogue já escreveu sobre os militares russos que desertam do exército para não combater na Ucrânia. A reportagem da Aljazeera English foi corroborada pelo artigo no jornal oficial russo, Gazeta.ru, embora o Ministério da Defesa negou categoricamente o sucedido.

Recordamos, que o caso se deu na cidade russa de Maikop, no local de aquartelamento da 33ª Brigada especial de infantaria motorizada (a unidade militar № 22179). A unidade foi abandonada por quase uma centena de militares profissionais russos, o que resultou em abertura de 23 casos criminais e preparação de outros 79 processos (fonte).
Apenas três meses mais tarde, no dia 29 de outubro de 2015, o tribunal de apelação da cidade de Rostov-no-Don, apreciou o recurso interposto por um dos visados, 2º sargento Alesksandr Enenko (nas fotos em cima) que em setembro de 2014 abandonou o polígono de Kadamovski, para não participar na invasão russa do leste da Ucrânia. O tribunal, após ouvir o jovem de apenas 22 anos, desagravou a sua pena de prisão efetiva, transformando a em 1,5 anos de pena suspensa.
Após essa decisão do tribunal russo, o jovem deu a entrevista ao canal Noga-tv.com no YouTube, onde agradeceu os jornalistas pelo empenho que deu a visibilidade ao seu caso. Quando o jornalista perguntou se Alesksandr hoje faria o mesmo, recuse à participar numa guerra injusta, o ex-militar respondeu afirmativamente: “Eu não me arrependo de nada, isso foi a minha escolha e foi deliberada, eu recebi por isso aquilo (o castigo) que recebi, mas eu não acho que foi um erro”.

Segundo a estatística oficial do tribunal da guarnição militar de Maikop, na 1ª metade de 2015 já foram tomadas 62 deliberações, baseadas no artigo 337º, parte 4ª (“abandono não autorizado da unidade militar”). Nos últimos 5 anos, de 2010 à 2014, o mesmo artigo foi evocado apenas 35 vezes.
Aleksandr Evenko
Sabe-se também que outro militar da mesma brigada, veterano russo da guerra na Chechénia e também de origem ucraniana, Aleksandr Evenko (35 anos, a diferença de apenas 1 letra no apelido), que igualmente foi acusado ao abrigo do artigo 337º, parte 4ª, também viu a sua pena efetiva de um anos de cadeia à ser transformada em pena suspensa.
https://www.youtube.com/watch?v=UCLfRLJLnME
Bónus

Em Moscovo, em 4 de novembro, decorreu a habitual manif anual, dedicada ao Dia da Unidade Nacional. O dia, geralmente é aproveitado pelos diversos grupos nacionalistas, saudosistas, nazis (que por vezes formam a sua própria coluna), antiliberais, antidemocratas e anti-ucranianas, para andarem em grupo com as bandeiras e dísticos mais ou menos homicidas ou ridículos. Neste ano o slogan mais homicida foi: “Dê a limpeza à quinta coluna” (que é uma clara propaganda extremista e incitamento ao ódio) e a mais ridículo: “O terrorista № 1 – UEA! O terrorista № 2 – o Banco central da federação russa!”.  
"O terrorista Nr. 1 - EUA! O terrorista Nr. 2 - o Banco Central da federação russa!" 
"Dê a limpeza da quinta coluna"

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