sexta-feira, janeiro 18, 2013

Presidente que odiava e temia o grafiti

foto@ gazeta.ua
O morador da cidade ucraniana de Sumy, Volodymyr Nykonenko (24), foi condenado à 1 ano da colónia laboral por causa do grafiti, onde aparece uma pessoa, parecida com o presidente Yanykovych com um pontinho vermelho na testa.

por: Bohdana Evseeva (resumo)

O tribunal também condenou sob as acusações idênticas outros jovens de Sumy: Ihor Gannenko à 1,8 anos; Dmytro Danylov e Mykhaylo Pysartsov à 2 anos da cadeia. Tribunal os acusou de hooliganismo em grupo, tentou-lhes imputar diversos atos de vandalismo.

O jornal “Gazeta Ucraniana” entrevistou Volodymyr Nykonenko, cuja arte assustou o atual regime ucraniano.

– Dizem que você foi obrigado a admitir que desenhou o molde do grafiti. Isso é verídico?
– O molde foi desenhado por mim, não me obrigavam a reconhecer este facto. Inicialmente me incriminavam o “cinismo extremo”, depois o facto de “tratar de modo impolido os cidadãos da Ucrânia, os moradores de Sumy”. O caso já está se arrastar por um ano e meio. Foi aberto o processo criminal sob artigo 296, parte 2 do Código Penal da Ucrânia. O procurador convocou a testemunhar toda a gente: os moradores dos prédios, responsáveis pelas torres da eletricidade, onde foram colocados os desenhos. Todos foram abanados para achar qualquer valor de prejuízo. Na condenação não há nenhuma palavra sobre o presidente.

– Faz a ideia porquê a condenação foi tão severa?
– Tenho, mas não posso dizer, a cultura da expressão oral não o permite. […] Irei contestar a condenação com todas as minhas forças, não tenciono recuar.

– O que queriam dizer com a imagem?
– Se dedicávamos à arte de rua. Cada um poderá ver no desenho algo que quiser. Expliquei ao procurador que pontinho vermelho é o sinal do Movimento Hare Krishna. Este foi cético.

– O que são os “trabalhos laborais”?
– Colônia corretiva. Se situam em todas as capitais provinciais. Os detidos vivem em dormitório comum no seu território, trabalham, recebem as ninharias pelo seu trabalho. Podem comprar a comida. Durante a semana laboral não podem sair. Provavelmente, no caso do bom comportamento poderão sair à casa no fim-de-semana.

– Conte sobre si e sobre os rapazes.
– Todos estudavam no ensino superior, estou no último ano. Não bebemos, não fumamos, praticamos desporto, faço sambo.

– Se interessa pela política? Como reagiram os pais?
– Sim, mas ultimamente tudo é um pântano. Não vejo a luz no fim do túnel. Os pais trabalham, mãe é enfermeira, recebe 1000 UAH (120 USD), pai na fábrica recebe 2000 (240 USD). Isso é injusto. Não vivemos neste país muito bem, dai as ideias radicais de mudar tudo. Mãe fica muito preocupada.

– Vocês viram que nas redes sociais muitos ucranianos colocaram o vosso grafiti nas suas páginas e perfis, mostrando, dessa maneira, o seu apoio à vossa causa, protestando contra o poder atual?
– Muito obrigado. Me escrevem nas redes sociais, apoiando. Não perco as esperanças graças à isso.

– Se voltar ao tempo, faria o mesmo?
– É uma pergunta difícil.

Fonte: Gazeta.ua

Sem comentários: