sexta-feira, agosto 26, 2016

As perdas secretas militares russas na Síria e Ucrânia

No dia 19 de junho de 2016 na Síria morreu o tenente-coronel do exército russo, Vladimir Bekish, sepultado em 24 de junho com as honras militares e na presença dos militares russos e belarusos na cidade belarusa de Grodno, a sua terra natal. O Ministério da Defesa russo, até hoje, não confirmou a sua morte.
Mas a morte do militar do exército regular russo foi confirmada pelos seus familiares,  o pai, também Vladimir, recebeu a cópia da certidão da morte do filho em que está escrito que este morreu em 19 de junho na “república árabe de Síria”.
O oficial e a sua família viviam na cidade russa de Ulan-Ude, na capital da região de Buryatia, onde Bekish desempenhava as funções de comandante da companhia de batedores da 5ª Brigada especial de blindados, a unidade militar № 46108. A 5ª Brigada se baseava em Ulan-Ude, era formada, na sua maioria, pelos buryatos e se tornou conhecida pela sua participação direta na agressão contra Ucrânia durante os combates pela cidade de Debaltsevo no inverno de 2015-2016.   
Um dos militares russos de origem buryata (operador do blindado Dorzhi Batomunkuev)
queimado em Debaltsevo
Não se sabe se Bekish participou na guerra russo-ucraniana, mas tendo em conta a sua patente e a especialidade militar, essa hipótese é muito provável. As opiniões anti-ucranianas do Bekish também contribuiriam à essa participação, por enquanto ainda hipotética. Numa das postagens, compartilhada no seu perfil na rede social OK estava escrito: «Se achas que devemos ir ao Kiev para livrar o país do poder criminal banderista – coloque “curtir”. Bekish «curtiu», mas não chegou ao Kyiv ;-)
Mais tarde, a página dele na rede social VK foi “limpa” da informação sobre o seu local do serviço, mas os jornalistas belarusos repararam na coroa de flores da sua campa, com o nome abreviado da brigada, colocado numa das fitas (foto @Igar Remzik, tut.by).
(Da) "5ª Brigada especial da guarda"
As circunstâncias da morte do Vladimir Bekish são desconhecidas, sabe-se apenas que ele foi mortalmente ferido nos arredores de Aleppo. Os militares russos contaram aos seus familiares que ele morreu e outros 8 militares [russos] foram feridos, atingidos pelo obus ou morteiro durante um jantar.
Nas cerimónias do enterro em Grodno não estava presente nem o adido militar russo em Belarus, nem as chefias militares da 5ª Brigada ou de 36º Exército russo, à que a brigada pertencia. Apesar disso, os jornalistas belarusos detetaram a presença de dois generais russos anónimos que vieram numa viatura com a matrícula diplmática. A presença dos majores-generais (que no exército russo comandam as divisões, ou seja, cerca de 15.000 militares) confirma a importância do Berish aos olhos do exército russo, escreve a página belarusa Camarade. Os militares russos também informaram os familiares que Bekish (que deixa viúva e filho) irá receber a ordem militar “Pela Coragem”, à título póstumo.
Até hoje, o estado russo confirmou oficialmente a morte dos 20 militares seus na Síria, 14 deles já após a declaração do presidente Putin de 15 de março de 2016 sobre “o fim da parte principal da operação” no país, informa a TVrain.ru
   
Mais militares russos mortos

No dia 18 de agosto, o grupo de investigação OSINT russo, Conflict Intelligence Team (CIT) contou que achou na região de Moscovo as campas dos militares russos mortos, pertencentes às forças de operações especiais (SSO) e cuja morte ainda não foi divulgada pelo Ministério russo da Defesa.  
A campa do capitão Arkhireev
O capitão Oleg Arkhireev e capitão Maksim Sorochenko foram sepultados no cemitério da cidade de Solnechnogorsk, ambos morreram na Síria, informação confirmada pelos seus familiares e colegas das forças armadas russas. 
O capitão Oleg Arkhireev, pára-quedista graduado em 2010 e operador de metralhadora, morreu em 9 de junho de 2016, o mais provavelmente em resultado da explosão de um engenho explosivo improvisado. Perdeu os seus membros inferiores e superiores e morreu dois dias depois.
O capitão Maksim Sorochenko morreu em 19 de novembro de 2015, as circunstâncias da sua morte são desconhecidas. A sua pertença às forças especiais russas é confirmada pela insígnia da SSO, colocada na lápide da sua campa.
A campa do capitão Zhuravliov
No mesmo dia 19 de novembro de 2015, na Síria morreu outro oficial russo – o capitão Fedor Zhuravliov. À partir das fontes OSINT é possível verificar que as duas viúvas, do Sorochenko e do Zhuravliov, receberam as chaves de duas viaturas, lhes entregues num torneio de judo, onde competem os oficiais de polícia e do exército russo. Essa informação permite chegar à conclusão que, possivelmente, os dois militares morreram no mesmo combate, algures na Síria.
Perto das campas do Arkhireev e Sorochenko, é possível ver a campa de mais um militar do SSO, Sergey Suslov. Segundo a sua lápide, Suslov morreu em 14 de junho de 2014 e foi condecorado pela ordem “Pela Coragem” à título póstumo. Em junho de 2014 o exército russo oficialmente não estava presente na Síria e como tal, existe uma forte hipótese do que Suslov é mais um terrorista ao serviço do estado russo que morreu na Ucrânia, em circunstâncias ainda por esclarecer e apurar.
A lápida do capitão Suslov, morte aos 14.06.2014
A cidade russa de Solnechnegorsk é conhecida por abrigar a unidade militar № 92154 — centro das operações especiais do exército russo «Senezh»....

1 comentário:

Anónimo disse...

Ficou lindo o terrorista asiático! Esta com a cara que merece!