O
nosso blogue já contou como os EUA alimentaram o império russo no século XIX.
No século XX a história se repetiu, em, pelo menos, três ocasiões os Estados
Unidos forneceram ajuda alimentar à União Soviética, em larga escala, salvando as
vidas dos milhões, algo que esquerda mundial faz questão de esquecer e fazer
esquecer.
Ler mais |
1.
Fome na região de Volga
Em
1921-22, a União Soviética foi avassalada por uma terrível fome, afetando
principalmente a região do Volga – a fome foi causada pela política inepta do
governo soviético, ceifando as vidas de cerca de 5 milhões de pessoas. Os
Estados Unidos, que, na altura, ainda não reconheciam formalmente a Rússia
soviética, decidiram ajudar as pessoas comuns e enviaram ajuda alimentar no
valor de cerca de 80 milhões de dólares (largos bilhões aos preços atuais). O
trabalho foi feito pela missão humanitária americana da American Relief
Administration (ARA) – uma das maiores missões humanitárias do século XX.
Na
foto acima, vemos o camião/caminhão da ARA na região do Volga. No verão de
1922, a comida em cantinas da ARA, tal como as rações especiais de milho, foi
recebida por quase 9 milhões de pessoas e no final do verão de 1922 – por mais
de 10 milhões. Nos meses mais ativos do seu serviço, ARA tinha cerca de 300 funcionários
americanos, bem como cerca de 120.000 empregados, entre os cidadãos soviéticos.
Camponeses russos agradecem, de joelhos, a ajuda alimentar americana Década de 1920, aldeia de Vasilievka |
Milhões
de cidadãos russos, com antepassados de algum lugar da região do Volga – foram
salvos da morte dolorosa pela fome, graças à ajuda humanitária americana.
Duas
décadas após a fome na região do Volga, ocorreu a Segunda Guerra Mundial em que
os EUA se opuseram à Alemanha nazi – em combates diretos em diversas frentes, mas
o mais importante – os Estados Unidos forneceram imensa assistência material à
URSS, que é conhecida como Lend-Lease.
Ler mais sobre Lend-Lease |
Através
do Lend-Lease, a URSS recebeu ajuda americana no valor de 9,4 bilhões de
dólares (multipliquem N vezes para obter os valores atuais), cerca de 40% dessa
ajuda consistia em equipamentos militares (armas de pequeno calibre, blindados,
viaturas, etc.), o resto eram os diversos outros bens essenciais e alimentos.
Os soldados soviéticos comiam guisado, manteiga, chocolate, ovos em pó e muitos
outros alimentos americanos.
Até os botões do exército soviético eram produzidos em Chicago nos EUA |
A
esquerda (e não só) pró-soviética adora dizer que “lend-lease não era nada”, que
os soviéticos venceriam na mesma, pois essa gente não entende nada nem de
guerra, nem da economia – grande quantidade de batalhas foi perdida apenas porque
as tropas na frente não possuíam o apoio logístico suficiente, não havia nada
para comer ou reabastecer os seus equipamentos.
Outra
deixa esquerdista é que os EUA de alguma forma “fizeram o dinheiro” com a URSS,
vendendo os bens. Na realidade, de acordo com os termos do Lend-Lease, deveriam
ser pagos apenas os bens que não foram usados durante a II G.M. Assim, a URSS
pagou apenas 7% do custo total do estoque recebido, e mesmo assim, isso
aconteceu anos após o fim da guerra.
Na
foto de 1944: os camiões/caminhões americanos Studebaker numa base soviética
nos arredores de Mojaisk:
3.
Fim da URSS e as «pernas de Bush»
Nos
derradeiros anos soviéticos, a URSS vivia uma escassez terrível de alimentos mais
básicos. Os Estados Unidos vieram em auxílio, organizando a entrega da ajuda
humanitária; mais, Mikhail Gorbachev acordou pessoalmente com George H. W. Bush
o fornecimento à URSS de cochas de frango congelado – mesmo a comida tão
simples como a carne de frango (amplamente considerada como comida dos pobres e
também a fonte mais acessível de proteína animal) era um défice terrível na União
Soviética. Graças ao acordo histórico informal entre Gorbachev e Bush, as cochas americanas eram conhecidas,
não oficialmente, como “pernas de Bush”.
Curiosamente,
mesmo depois da relativa estabilização da economia na década do [malfalado capitalismo]
do Yeltsin, muitos ex-cidadãos soviéticos costumavam comprar as cochas de
frango – estas continuavam sendo um produto protéico relativamente barato que
até mesmo as pessoas de baixa renda podiam pagar – usando um par de “pernas de
Bush” era possível, por exemplo, preparar a sopa para toda a família.
Na
foto acima: a fartazana socialista nos derradeiros anos soviéticos.
Como
podem ver, os “marvados” dos EUA, por três vezes serviram, no século XX, de bóia
de salvação à pátria socialista...
Foto:
GettyImages | Internet | Texto: Maxim
Mirovich
Bónus
I
Desde
janeiro de 1964, a União Soviética, que prometeu, nas palavras do Nikita Khrushev
de “alcançar e ultrapassar os EUA”, começou as negociações longas e difíceis com os
EUA para a compra de trigo e arroz – no total de cerca de 6 milhões de
toneladas.
"Alcançaremos os EUA na produção de leite e da carne" |
As compras acabaram por se
realizar, em março de 1964, já após a queda do Khrushev. Pela
decisão do Conselho de
Ministros da União Soviética foram alocadas 407 toneladas de ouro puro e, em setembro desse mesmo ano,
o Presídio do Comité
Central do
Partido Comunista da URSS concordou
com
a exportação
[aos mercados ocidentais] das pedras
preciosas e metais não ferrosos para obtenção de algumas
dezenas de milhões de dólares.
Bónus
II
Rússia
proíbe A
Morte de Estaline
Ler mais sobre o filme |
O
filme “A Morte de Estaline” não vai passar em qualquer sala de cinema
russa. O país proibiu a distribuição do filme, chamado pela diretora da
Sociedade Histórica e Militar russa de “desprezível”, acrescentando que “é um
mau filme, é um filme aborrecido e é vil, repugnante e nojento” (ler
mais):
1 comentário:
Que foto aquela, hein! Camponeses de joelhos agradecendo os americanos. E ainda os russos dão tratamento negativo aos cidadãos americanos.
Enviar um comentário