A
crise na Venezuela não acabou de forma alguma – aparentemente, tudo está apenas
começando. As pessoas são pobres, há um deficit total de bens, a economia
é atingida pela inflação galopante (2.616% em 2017), queda do PIB é de 15%
anuais e pela desvalorização da moeda nacional. Os protestos nas ruas e os
confrontos com a polícia não pararam.
Esquerda
gosta de comparar as ações de protesto de Venezuela com as da Ucrânia, dizendo “vejam
no que se tornou Ucrânia após Maydan, que pesadelo”, etc. Na realidade a Venezuela
atual é um excelente exemplo no que se tornaria da Ucrânia se Maydan não
ganhasse, enquanto isso, Ucrânia se estabilizou e em 10-15 anos, será um estado
bastante desenvolvido e avançado.
02.
Devido à crise prolongada e depreciação diária dos bolívares, uma das comunas (bairros)
de Caracas emitiu a sua própria moeda chamada “panal”. Essa é aparência da nova
moeda:
03.
Panal pode ser trocado por dólares ou por bolívares, mas só é aceite dentro da
comuna, onde pode ser usado para compras locais: açúcar, arroz, pão e outros.
Na foto, as pessoas ficam na fila de uma casa de câmbio.
04.
Devido à crise prolongada, em todo o país e até mesmo na capital de Caracas são
frequentes as cortes de energia elétrica. Numa foto tirada em dezembro de 2017,
é mostrada a vida no decorrer dos apagões – os funcionários da empresa de distribuição
dos produtos alimentícios estão trabalhando com a luz de celulares.
05.
Um dos centros de negócios em Caracas durante o apagão – uma pessoa desce as
escadas absolutamente escuras.
06.
Uma pequena mercearia, também fechada por falta da eletricidade.
07.
A falta de eletricidade provocou uma crise de transporte – o metro parou
completamente em Caracas. A capital é uma cidade bastante grande, tem mais de
dois milhões de habitantes e, devido à paragem de metro, os transportes
públicos rodoviários começaram se transformar nisso:
08.
Um autocarro urbano superlotado em Caracas:
09.
Pessoas na paragem de autocarro/ônibus esperando por transporte público:
10.
Autocarro/ônibus urbano:
11.
Devido às cortes constantes com a eletricidade e a situação geralmente instável
no país, quase toda a construção civil parou. Em Caracas e outras cidades, é
possível ver as obras inacabadas, preservadas “até as melhores oportunidades”
(que chegarão não se sabe quando, a crise não mostra nenhum abrandamento).
12.
Por causa da queda total no padrão de vida, dos salários e em tudo o resto, a
Venezuela entrou em uma grave crise de medicina. Não há medicamentos – o país não
produz nada e, para as compras no exterior, precisa de divisas, que também não
tem, porque não exporta quase nada. A crise da medicina formal leva
venezuelanos doentes aos curandeiros e à “medicina alternativa”.
13.
Normalmente, as “instalações de saúde alternativas” se situam nas áreas mais
pobres. Aparência do local de atendimento de um dos famosos curandeiros da
favela Petare em Caracas, milhares de pessoas vêm aqui todos os meses.
14.
Métodos de tratamento – fumigação,
15.
O acariciamento pelos ramos,
16.
Uso do triângulo mágico, desenhado com giz, com as velas nas pontas, uma
garrafa de plástico com água, e no interior, aparentemente uma instrução de
uso. Está escrito algo como: “Desde os tempos imemoriais, a pirâmide era uma
concentração de força, olhe para as pirâmides do Egito, você precisa colocar as
extremidades inferiores no centro da pirâmide e colocar as palmas das mãos para
cima, para uma melhor circulação da energia solar e todos os males passarão”.
Algo assim.
17.
Outro processo de cura, o principal é segurar a vela corretamente – caso
contrário, não funcionará devidamente, o menor desvio matemático nos rituais da
bruxaria pode levar às consequências completamente imprevisíveis)
Mas
na verdade, não é nada engraçado – se percebe que as pessoas estão desesperadas
em obter ajuda da medicina convencional, que simplesmente não possui remédios.
18.
Na parede do apartamento do curandeiro aparece a imagem do Chavéz. O curandeiro
tem a sua razão, o regime bolivariano é o seu ganha-pão – enquanto durar a
crise, ele sempre terá os clientes.
19.
A crise alimentar é tão má quanto a dos remédios, na foto podemos ver uma “cesta
alimentar” do venezuelano que conseguiu alguma coisa num supermercado – bolachas, sopa de pacote e possivelmente especiarias. Foi uma boa compra.
20.
As prateleiras de muitas lojas têm essa aparência. As lojas mais abastadas
colocam nas prateleiras todos os bens disponíveis: champôs, salgados, sais de
banho e pacotes de macarrão – para recriar a aparência de abundância. Em geral,
muitas vezes tudo se parece exatamente com a da União Soviética – as
prateleiras parecem estar cheias, mas na verdade exibem apenas 5-7 tipos do
mesmo tipo de bens.
21.
A Venezuela está cheia de contrafacções chinesas de produtos de higiene íntima
feminina, veja os nomes das marcas:
22.
Os mercados ajudam às pessoas à não morrer de fome. No mercado, por exemplo, se
pode comprar ovos. Todas as bancas recebem os cartões de débito e de crédito. A
explicação é simples – a moeda local é desvalorizada diariamente pela
hiperinflação, (2.616% em 2017), todos os cálculos são vinculados ao algo mais
estável – por exemplo, ao dólar americano. Praticamente toda família
venezuelana tem alguém trabalhando no exterior, que pode enviar algum dinheiro diretamente
à conta ligada ao cartão (isso é mais fácil do que enviar via transferência
postal ou bancária) – então os cidadãos optaram pelas compras com cartões.
23.
Mesmo os vendedores ambulantes de rua aceitam cartões:
24.
E os vendedores de bananas. Se comprar algumas bananas, conseguir alguma
farinha e ovos – se pode fazer boas panquecas.
25.
Os pequenos quiosques privados também funcionam, no entanto, aqui são vendidos
apenas coisas de pouca utilidade, como doces e barras de chocolate. E sim, eles
também aceitam cartões. Preste atenção, na vitrina não aparecem os preços.
26.
Apesar de todas as fábulas contadas pelo Chávez, e agora pelo Maduro, na
Venezuela, existem muitas favelas – uma família alargada vive, frequentemente,
em um pequeno quarto sem janelas, e a cozinha se situa num apêndice, feito de
chapas de zinco, com a uma extensão de 2 metros quadrados. Na foto, este tipo
da cozinha. A menina à direita usa embalagens descartáveis de produtos
alimentares em vez de louça...
27.
Os pobres estão vasculhando o lixo – estão procurando algo comestível.
28.
Recentemente, novas formas de ganhar a vida apareceram na Venezuela – os jovens
vão aos Internet cafés, onde tentam “minar” um pouco de alguma moeda
criptográfica, ou criar e desenvolver uma personagem do vídeo game que pode ser
vendido por um bom dinheiro. Notem os monitores de computadores, são em desuso,
na maior parte dos países, por cerca de uma década.
29.
Os protestos ativos na Venezuela também continuam, embora os meios de
comunicação dedicam-lhes muito menos atenção. No início de dezembro, as barricadas
novamente arderam em Caracas:
30.
A polícia está preparando para atacar as posições dos manifestantes:
31.
As ruas de Caracas cheias de fumaça:
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