Em
fevereiro de 2018, na Polónia, será publicado o livro histórico Skazy
na Pancerzach: czarne karty epopei Zolnierzy Wykletych (Crostas na Armadura.
Páginas negras da epopeia dos soldados amaldiçoados), dedicado aos crimes de
guerra, cometidos pela resistência anticomunista polaca contra as populações
civis belarusas, judias e ucranianas.
Na
historiografia polaca, as forças nacionalistas polacas, que lutaram contra o
regime comunista, tais como: Narodowe
Siły Zbrojne (NSZ), Armia Krajowa Obywatelska (AKO), Wolność i Niezawisłość (WIN),
receberam a designação geral de “soldados amaldiçoados”.
Como
escreve no seu Facebook o autor do livro, historiador polaco/polonês Piotr
Zychowicz: “Não há dúvida de que os “soldados amaldiçoados” lutaram corajosamente
por uma causa certa. No entanto, isso não significa que todos eram heróis, como
nos querem convencer os “bronzeadores” da nossa história”. Além disso, o jovem
historiador exorta os seus concidadãos: “Não somos comunistas – não mentiremos
sobre a nossa própria história”.
O
livro conta a verdade histórica sobre os vários crimes de guerra cometidos por
diversos comandantes conhecidos e destacados da resistência anticomunista polaca,
ativos durante e após a II G.M.: Romuald Rajs “Bury”; Józef Kuraś “Orzeł” (desde
junho de 1943 “Ogień”); Zygmunt
Szendzielarz “Łupaszka”; Mieczysław Pazderski “Szary”; Józef Zadzierski “Wołyniak”;
Józef Biss “Wacław” e diversos outros “soldados amaldiçoados”.
Zygmunt
Szendzielarz “Łupaszka” cometia os crimes contra populações civis belarusas e
lituanas. Romuald Rajs “Bury” queimava e destruía as aldeias belarusas,
juntamente com os seus moradores na região de Podlachia. Józef Kuraś “Ogień”
é conhecido pelos pogroms e perseguição das comunidades judaicas, sobreviventes
do Holocausto nazi (por exemplo, assassinato, à sangue fria, das 13 pessoas de
etnia judaica nos arredores da aldeia de Krościenko
nad Dunajcem em 2 de maio de 1946).
Mieczysław
Pazderski “Szary” participou no ataque do grupo armado polaco Narodowe Siły
Zbrojne (NSZ) contra a a aldeia ucraniana de Verhovyny, em 6 de junho de 1945,
que resultou em assassinato bárbaro de entre 240 à 196 ucranianos – 45 homens
adultos e 149 mulheres e crianças de todas as idades. Os nacionalistas polacos usavam
as armas de fogo, machados, pás, enxadas,
os assassinatos eram acompanhados pelas violações em massa (ler mais Zbrodnia w Wierzchowinach).
Combatente anticomunista polaco pousando sob os corpos dos ucranianos assassinados. Aldeia de Verhovyny, 1945. |
Józef
Zadzierski “Wołyniak” é conhecido por comandar a unidade de NSZ que na noite de
17 à 18 de abril de 1945 queimou e destruiu a aldeia ucraniana Piskorowice, assassinando,
de forma violenta, entre 160 à 400 ucranianos étnicos (ler mais). No
total, entre 1944 e 1947 as diversas unidades da resistência anticomunista
polaca/polonesa mataram na região de Piskorowice e nos seus arredores cerca de
700 civis ucranianos.
O
comandante Józef Biss “Wacław” dirigia a unidade da Armia Krajowa (AK) que
queimou entre os dias 2 e 3 de março de 1945 a aldeia ucraniana de Pavlokoma (Pawłokoma),
resultante no assassinato de 365/6 ucranianos (entre eles 157 mulheres e 59
crianças menores de 14 anos, apenas os meninos até 5/7 anos e as meninas até 7/10
anos foram poupados neste massacre perpetuado pelos nacionalistas polacos).
“Os
factos dramáticos descritos podem chocar muitos leitores. A verdadeira
história, no entanto, foi mais complicada do que os livros de leitura patriótica,
brancos e vermelhos” [as cores da bandeira polaca/polonesa], adverte o historiador.
Notas sobre o autor:
Piotr
Zychowicz (1980), nasceu em Varsóvia, é jornalista e historiador polaco/polonês.
Desde 2013 é vice-editor do semanário Do Rzeczy e editor-chefe da revista
mensal Historia Do Rzeczy.
Foto @FB do Piotr Zychowicz |
É
autor dos livros Pakt Ribbentrop-Beck. Czyli jak Polacy mogli u boku Trzeciej Rzeszy
pokonać Związek Sowiecki (Pacto Ribbentrop-Beck. Ou como os polacos podiam vencer
a União Soviética ao lado do 3º Reich), Obłęd '44. Czyli jak Polacy zrobili prezent
Stalinowi, wywołując Powstanie Warszawskie (Loucura'44. Ou como os polacos
fizeram oferta ao Estaline, começando a revolta da Varsóvia), Pakt Piłsudski-Lenin.
Czyli jak Polacy uratowali bolszewizm i zmarnowali szansę na budowę imperium (Pacto
do Piłsudski-Lenine. Ou como os polacos salvaram o bolchevismo e perderam o chance
de criar o império), etc.
Os restos da igreja ucraniana na aldeia de Pavlokoma/Pawłokoma, destruídos pelos populares polacos/poloneses em 1963 |
Blogueiro:
o nosso blogue, durante uma década, se abstinha em “meter a lenha na fogueira” das
relações polaco-ucranianos. Mas quando hoje, a Polónia definitivamente tenta ditar aos ucranianos
quem pode e quem não deve ser o herói nacional da Ucrânia, chegou a hora de
rever o passado e divulgar, com mais pormenor e de forma desapaixonada, os
crimes cometidos pela Polónia e pelos polacos contra Ucrânia e contra os
ucranianos. Para que estes crimes não sejam esquecidos ou repetidos...
Sem comentários:
Enviar um comentário