quarta-feira, janeiro 03, 2018

O que está acontecendo no Irão (15 fotos)

No Irão decorrem protestos em massa, que começaram com exigências puramente económicas, mas em poucos dias se transformaram em políticas — os manifestantes exigem a demissão do governo e do poder teocrático dos que “se acham deuses”.

O governo iraniano está tentando bloquear Internet [principalmente o serviço Telegram que no país é usado por cerca de 40 milhões de usuários]. Poucas fotos saem fora do Irão, mas as que saem mostram claramente, os slogans antiamericanos não são comestíveis, os iranianos não entendem porque o levantamento do embargo ocidental não se refletiu na sua vida económica e financeira.
As ruas das cidades iranianas em dezembro de 2017 — janeiro de 2018
País chamado Pérsia, mudou o seu nome para Irão em 1935, quando começou a modernização e industrialização massificadas. O desenvolvimento continuava após a II G.M., quando Irão optou por uma via de desenvolvimento que privilegiava a laicidade e o estilo de vida ocidental.   

02. Em 1979 no país decorreu a “revolução islâmica” que impôs uma ditadura teocrática. As mudanças radicais se deram em quase todos os aspetos da vida do país, é difícil acreditar, mas antes da chegada dos ayatollah ao poder, as mulheres iranianas tinham essa aparência:

03. ou então essa:

04. ou mesmo essa:

05. Após a “revolução islâmica” as moças, meninas e mulheres iranianas se transformaram nisso. As letrinhas tortas no fundo da foto afirmam que “os iranianos estão prontos de sacrificar as suas vidas e lutar contra o imperialismo americano”:

06. Atmosfera no país é bem ilustrada com a foto de uma manif anti-ayatollah que decorreu na França em 1982:

07. Nas vésperas do Ano Novo, no Irão começaram os protestos populares — no dia 28 de dezembro alguns milhares de pessoas saíram às ruas em Mexed, a 2ª cidade mais populosa após o Teerão. Depois disso, os protestos se espalharam por várias cidades e vilas [mais de 90 no total], em 30 de dezembro as manifestações chegaram ao Teerão.
Na foto — os estudantes iranianos nos protestos junto à Universidade de Teerão.

08. 30 de dezembro no centro de Teerão, os manifestantes tentam bloquear as ruas.

09. Os iranianos explicam a sua decisão de protestas pela corrupção absolutamente avassaladora da elite reinante. Os dirigentes fazem o que querem, protegidos pelo clero. No país vigora um grande número das proibições, na Internet são bloqueadas centenas de páginas e redes sociais, Irão manda os seus militares à Síria.
... e os militares iranianos que voltam da Síria | foto@ViceNews
10. Como já acontecia no passado histórico, de gatilho às ações em massa serviu um evento insignificante: a revolução democrática russa de 1917 começou com um cena de pancadaria numa loja; o movimento EuroMaydan ucraniano começou com ataque brutal do destacamento da polícia “Berkut” contra a manifestação dos estudantes e os protestos no Irão começaram com manifestações contra a subida do preço dos ovos.

11. Nas ruas do Irão, os manifestantes gritam “As pessoas mendigam e o clero se acham deuses”, "Não – Gaza, não – Líbano — a minha vida é no Irão” – o segundo slogan significa que as autoridades iranianas estão gastando mundos e fundos em jogos geopolíticos no Iêmen, na Síria e no Iraque, em vez de investir no bem-estar dos seus próprios cidadãos.

12. A polícia, EGRI e titushki Basij já começaram o uso de munição de gás e canhões de água, conta-se que morreram pelo menos 20 manifestantes e alguns polícias...

13. As redes sociais ajudam à reunir os manifestantes – especialmente popular no Irão está o serviço Telegram, usado por cerca de metade da população do país de 80 milhões habitantes. O fundador do Telegram, russo Pavel Durov escreveu que um dos canais populares iranianos com 1 milhão de assinantes foi bloqueado por causa da “publicação da receita de cocktails Molotov” – isso, falando sobre a questão da “liberdade de expressão e do anonimato” nesta rede social. 
14. Os guardiões da revolução islâmica EGRI já ameaçaram os manifestantes que no caso de continuação dos seus protestos os espera “punho de ferro”, enquanto Donald Trump apoiou os manifestantes, afirmando, na sua postagem, que “no Irão chegou o tempo de mudança”:

15. No dia 2 de janeiro no Irão decorreu uma greve nacional, parcialmente bem-sucedida.
Uma das ruas de Teerão em 2 de janeiro de 2018
16. As últimas informações que chegam do Irão dão conta que o poder obriga os funcionários do estado à participar nas manifestações pró-governamentais, sob ameaça dos despedimentos e da chegada à cidade de Isfahan das unidades dos xiitas afegãos Liwa Fatemiyoun [financiadas pelo Irão] para participar na perseguição dos manifestantes e na tentativa de aniquilação dos protestos.

Fotos: GettyImages | Internet | Texto Maxim Mirovich e [Ucrânia em África]

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