O pastor Oleksandr Khomchenko após as torturas russo-terroristas |
A
ativista ucraniana de Yasynuvata, Iryna
Dovhan (foto em cima), foi raptada pelos terroristas e amarrada à um poste elétrico no centro
de Donetsk, onde foi agredida, insultada e humilhada pelos separatistas. Estudante
ucraniano, Yuriy
Yatsenko, passou um ano na cadeia russa, falsamente acusado de ser portador
de 41 (!) gramas de pólvora de caça. O pastor protestante Oleksandr Khomchenko (na primeira foto) foi severamente espancado e submetido às torturas apenas por rezar publicamente
pela Ucrânia no centro de Donetsk.
Oleksandr, Yuri e Iryna nas vésperas da sua ida à Bruxelas |
O
nosso blogue já escreveu sobre a iniciativa da deputada do parlamento polaco, Małgorzata Gosiewska em produzir o relatório
dedicado aos crimes da guerra russos, cometidos no leste da Ucrânia contra os
civis e militares ucranianos (ler AQUI
e AQUI).
Todos estes depoimentos poderão contribuir, através dos casos concretos, para
que os grupos separatistas, conhecidos pelas siglas de “dnr” e “lnr” sejam
considerados as organizações terroristas, patrocinadas pela federação russa.
Maratona de orações
Na
primavera de 2014, no centro de Donetsk, na praça de Constituição, o pastor evangélico ucraniano, Oleksandr
Khomchenko, ancião da igreja “Palavra da Vida” (http://wolua.org/en),
colocou uma tenda e convidando os representantes de todas as confissões
religiosas, começou as orações diárias pela paz. Apenas a Igreja Ortodoxa
Ucraniana – Patriarcado de Moscovo estava ausente. No início, as orações
reuniam até 300 pessoas, mas com o tempo, o número dos terroristas na cidade
aumentava e as pessoas deixavam de aparecer, amedrontados. Na altura, era possível
ser assassinado apenas por ostentar na sua roupa a fita com as cores da
bandeira ucraniana. Em julho de 2014 a tenda foi 4 vezes atacada pelos
terroristas do bando separatista “Oplot”, e pelos ex-polícias “Berkut” que
passaram para o lado dos terroristas. A explicação que se orava pela Ucrânia e
todos os seus cidadãos, não ajudava. Os padres das outras igrejas já não
vinham, uns foram ameaçados com o fuzilamento, outros, eles próprios tiveram o
medo. No total, a maratona durou 158 dias...
Oleksandr em 2014 durante as orações pela paz na Ucrânia, cidade de Donetsk |
Nas
masmorras do “NKVD”
Oleksandr
foi preso em 4 de agosto de 2014, quando veio à oração, após retirar da cidade
mais uma família. [Os terroristas disseram]: “Somos da inteligência do exército
ortodoxo. Você está preso”. A permissão emitida pelo Município foi rasgada
pelos terroristas e Oleksandr e uma das suas paroquianas foram levados à sede provincial
da polícia [em poder dos terroristas]. A acusação foi: “Vocês não têm o crucifixo. Que tipo de ortodoxos são vocês?” A
paroquiana mostrou o seu crucifixo e acabou por ser libertada, o pastor e o seu
ajudante Valério foram levados à cidade de Makeevka. Num dos momentos, Oleksandr
achou que estava à sonhar, quando viu a escrita no edifício: “NKVD”.
Oleksander
foi espancado, torturado, amarrado com as suas mãos atrás das costas, pendurado
numa espécie de patíbulo.
Num dos quartos deste “NKVD” ele viu um conjunto completo de ferramentas para a
tortura. “Lembrei-me de tudo o que eu tinha lido sobre a Inquisição”, – conta o
pastor. Após encontrar nos seus bolsos as senhas de gasolina e percebendo que a
matrícula do seu carro é de Dnipropetrovsk, os terroristas o acusaram de
trabalhar para o industrial Igor Kolomoisky, tentando arrancar a informação para quem pastor
trabalhava e à quem relatava as suas atividades...
O
bandido que o torturou em Donetsk contou que vinha de Belgorod (Rússia)
para combater o dito fascismo. Oleksandr conta que mais uma vez ficou perplexo, pois
pela ortodoxia lutava o terrorista com alcunha de “Bes” (Demónio), contra o
fascismo lutava um tal de “Abwehr”.
Três
fuzilamentos em quatro dias
Em
quatro dias de cativeiro, Oleksandr foi três vezes levado ao fuzilamento. Na
primeira vez a rajada passou por cima da cabeça, embora o pastor conta que
estava preparado para morrer. No primeiro dia do cativeiro ele via e ouvia como
matavam os ucranianos: alguém foi morto com a espingarda automática, outro foi
alvo do “teste” do morteiro. Uma pessoa foi colocada de joelhos e levou a bala
na nuca. Pela segunda vez pastor foi levado ao fuzilamento em Makeevka,
colocado na berma do buraco cheio de corpos dos prisioneiros fuzilados. “Após a
guerra, iremos encontrar muitas valas comuns deste tipo”, – diz Oleksandr e
conta que após se confessar instantaneamente, disse às canalhas que estavam à
sua frente: «Obrigado, vós, meus amigos. Eu sei à onde vou, o vosso caminho é o
lugar nenhum». Mais uma vez os terroristas dispararam ao lado…
A
vida após o cativeiro
Oleksandr
não sabe porque não morreu, pensa que talvez o chefe da “contra inteligência”
dos terroristas teve medo da repercussão do caso. Os crentes da sua igreja
estavam na porta do “NKVD”, orando em voz alta e o pastor lhes foi entregue. Na
condição de não voltar ao Donetsk, pois ele foi colocado na lista daqueles que
seriam fuzilados. As pessoas que ficaram em Donetsk, contam que, de todos os
que o torturavam, hoje nenhum está vivo.
Após
o cativeiro, Oleksandr foi à cidade de Mariupol, onde por ele esperavam os seus estudantes, a filha com os netos e o genro. Embora recebeu as propostas de servir
a igreja em Kyiv ou Odessa, para já ficou em Mykolaiv, na companhia de um dos seus
melhores amigos. Vive em um quartinho junto à igreja. Fica contente com pouca
coisa. Considera como a sua missão principal as visitas à zona da Operação Antiterrorista,
para salvar as almas dos jovens militares ucranianos. Quando estes lhe fazem as
perguntas pouco religiosas, por exemplo, sobre o significado da guerra, lhes
explica: “não confundem o país e o Estado; o Governo e o povo”.
Para
Bruxelas pastor Oleksandr levou os desenhos infantis e as imagens do seu Maydan de
oração de Donetsk, o mesmo que sobreviveu por 158 dias.
Ler
o texto integral (em russo):
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