sexta-feira, setembro 04, 2015

Os batalhões de punição de “oficiais soldados”

Desde 1919, pela iniciativa de Lev Trotsky, no Exército Vermelho (RKKA), foram criadas as primeiras unidades militares de punição (da castigo), para onde eram enviados os desertores e outros militares, acusados de mais diversos atos de indisciplina. Durante a II G.M., a URSS tinha formado 65 batalhões de punição (Shtrafbat), que oficialmente funcionaram entre 28 de julho de 1942 e 6 de julho de 1945 e pelas cujas fileiras passaram cerca de 427.910 pessoas.

No entanto, na URSS também existiam os batalhões de punição, formados quase exclusivamente de oficiais, chamados Batalhões Especiais de Assalto (Extermínio) de Oficiais (OShSB) ou Batalhões de Punição de Oficiais (ShOB). Estes batalhões eram formados em 90% pelos oficiais do RKKA, os seus efetivos eram designados de “oficiais soldados”.
A única culpa dos oficiais enviados à estas unidades era a sua passagrem pelo cerco inimigo ou facto de serem capturados pelos nazis. As unidades, eram usados como as de assalto, em média, cada unidade funcionava entre 2 à 5 meses, ou, em alternativa até o ferimento, morte ou a condecoração do oficial (segundo a ordem do Comité nacional da defesa da URSS № 2/1348). Os mortos, feridos ou condecorados eram tidos como indivíduos que conseguiram se redimir da sua “culpa” perante a pátria. Nas mesmas unidades serviam os oficiais do NKVD e da guarda-fronteira soviética, pela “culpa” de serem aprisionados pelos nazis ou pela “permanência passiva nos territórios ocupados”.
Os membros destas unidades não perdiam os seus galões militares e não eram registados como “punidos”, mas, tal, como os efetivos dos batalhões de punição formados pelos soldados, eram usados nas direções mais perigosas da frente de combate. A eficiência das suas unidades superava a média do RKKA, pois os seus membros tinham a experiência e a visão de combate, que os soldados não poderiam ter. Em contrapartida, as perdas definitivas dos efetivos, em média eram de 52%, ou seja 4-6 vezes superiores às unidades regulares do exército soviético. Por exemplo, o 12º OShSB da 3ª Frente do Báltico do RKKA, em apenas alguns dias de 1944 perdeu ¾ do seu efetivo.

A dita ediciência fez com que no Cerco de Budapeste o RKKA usava simultaneamente quatro batalhões de punição, formados exclusivamente pelos oficiais.

Uma vez, durante ao assalto ao Budapeste, nós vimos muitos combatentes com aquelas facas (Trud-Vacha). [...] Nas suas cadernetas militares estava escrito “militar do RKKA-tenente”, “militar do RKKA-major”, “militar do RKKA-coronel”. Pois na guerra “nada, e mesmo a ameaça da morte não devem forçar o militar do Exército Vermelho se render”. Assim rezava o Estatuto (do RKKA).

Soube-se que estes combatentes foram armados com as facas raras, pois eles deveriam entrar em combate, onde as obrigatoriamente usariam. Antes do ataque foi anunciado que a colina de Gellért deveria ser tomada em um único assalto. Quem, cair durante o ataque, será fuzilado como covarde e alarmista. [...] No topo da colina, aos oficiais sobreviventes foi anunciado que pela sua bravura eles pagaram, perante a pátria, todas as suas transgressões”.  
Memórias do Herói da União Soviética, Mikhail V. Ashik
A faca da fábrica "Trud", (localidade) de Vacha
Nota: as facas militares «Trud-Vacha» eram fabricadas na URSS entre 1937 e 1945 na unidade fabril, pertencente ao NKVD, especialmente para as unidades de NKVD, SMERSH, sapadores, sabotadores e pára-quedistas. Primeiramente, a faca foi adotada em 1937 pela marinha militar soviética, a mesmas foram usadas na guerra civil espanhola, na agressão soviética contra a Finlândia e na II G.M.

Fonte:

Blogueiro
A medalha americana "Prisioneiro da Guerra"
As unidades semelhantes, conhecidas genericamente como Strafbattalion, existiam no exército alemão nazi e em alguns outros exércitos, antes, durante e depois da II G.M. No entanto, nenhum outro exército do mundo, colocava nas unidades de punição os soldados e oficiais, pelo simples facto, destes caírem no cativeiro inimigo. Pelo contrário, diversas nações, como Bélgica ou os EUA tinham criado as medalhas para condecorar os seus militares que se tornaram prisioneiros da guerra no decorrer do seu dever militar. 

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