por: Bispo Borys Gudziak
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Neste sábado, dia 15 de março, entre 10h00 e 11h00, em Sebastopol, na Crimeia
as forças separatistas pró-russas raptaram o padre Frei Mykola Kvych (na foto em cima), o
sacerdote greco-católico ucraniano, directamente do dormitório da paróquia
ucraniana da Mãe de Deus, localizada na rua Silska № 5 (perto de km 5 da auto-estrada
da Balaclava).
Frei Kvych foi raptado por dois homens de uniforme paramilitar e quatro
homens em roupas civis. O jovem capelão da Marinha ucraniana foi levado para um
local desconhecido, onde ele está mantido em cativeiro. Um paroquiano que ligou
para o seu telefone celular ouviu a linguagem insultuosa dirigida ao padre
antes da chamada foi interrompida. Fontes confirmam que o Padre Kvych está vivo.
No início desta semana, ao pedido da hierarquia greco-católica ucraniana,
padre Kvych e outros sacerdotes greco-católicos na Crimeia evacuaram as suas famílias
para a Ucrânia continental (os sacerdotes greco-católicos podem constituir as
famílias). Os próprios sacerdotes retornaram às suas paróquias para estar com
seus fiéis em um momento de crise e do perigo moral e físico.
O apelo do Papa Francisco aos pastores “de sentirem o cheiro de suas
ovelhas” guiou o clero católico na Ucrânia durante os meses de protesto
pacífico de milhões de cidadãos, que começou em 21 de novembro após o
presidente Yanukovych se recusou a assinar o acordo de associação da Ucrânia
com a Europa.
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Ontem, no dia 14.2.2014, um outro padre greco-católico, voltou à sua casa
na Crimeia (local não revelado para preservar a identidade do sacerdote), para
encontrar a porta de seu apartamento destruída e uma inscrição ameaçadora: “Vai
embora, espião do Vaticano”. A polícia se encontrava ao lado do seu prédio.
Os sacerdotes greco-católicos da península foram orientados a não celebrar
serviços em suas igrejas neste domingo, mas servir em igrejas católicas romanas
onde, na companhia de outros clérigos, a sua segurança pode ser garantida com mais
facilidade.
O governo do Yanukovych ameaçou ilegalizar a Igreja Greco-Católica Ucrânia na
época do (último) Natal, devido à atenção pastoral que os sacerdotes davam aos fiéis
em protesto. De 1946 à 1989, a UGCC foi a maior igreja proibida no mundo e o
corpo mais substancial de oposição social ao domínio soviético na Ucrânia. Uma
vez que não colaborou com as autoridades soviéticas, UGCC tem a especial
autoridade moral na sociedade ucraniana no período pós-soviético e durante a
atual crise social e política.
* Bispo Borys Gudziak é o Chefe do Departamento de Relações Externas da
Igreja Greco-Católica Ucraniana. É pároco da Paróquia de St. Volodymyr em Paris
dos greco-católicos ucranianos na França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Suíça.
Original em inglês:
Blogueiro
A perseguição da Igreja Greco-Católica Ucraniana é apenas a ponte de
iceberg do terror físico e psicológico que espera aos ucranianos e tártaros na
Crimeia nas próximas semanas e meses. É muito claro que a criminalidade
pró-russa irá usar o terror para obrigar os tártaros e os ucranianos a
abandonar a península.
Baste ler a história dos três jovens de Kyiv, sobre as humilhações e
ameaças que estes foram alvo durante o seu rapto na Crimeia: “Tiros à 10 centímetros da cabeça, espancamentos, corte de cabelo, colocação
de uma faca sobre o corpo com ameaçar de cortar uma orelha ou nariz, retirada
de roupa, e tudo isso às risadas e com as filmagens de telefones celulares”.
Ler mais (em ucraniano):
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