O poeta e tradutor ucraniano de origem judaica, Moses Fishbein é uma voz irrequieta, que clama pelo reconhecimento do Holodomor como genocídio do povo ucraniano, mas também exige o julgamento daqueles que permitiram essa tragédia.
Intervenção do Moses Fishbein no encontro solene dedicado à memória das vítimas do Holodomor (Opera Nacional de Kyiv, 26.11.2006)
A nação ucraniana é assassinada e não morta, exterminada e inexterminável. Dos ucranianos tiraram a terra, a língua, a cultura, a história, o poder, até a própria vida. Exterminavam pela raiz a intelegentzia ucraniana, a elite ucraniana. Prendiam e fuzilavam. Exterminavam a fina-flor da nação ucraniana – os camponeses ucranianos. Matavam pela fome. Faziam o genocídio. Aqueles, que hoje tentam negar que o Holodomor dos anos 1932 – 1933 foi um genocídio da nação ucraniana, não temem e não conhecem o Deus. Eles conhecem e temem apenas o chefão e os assassinos. São criados. “Escravos, lambe botas, o lixo de Moscovo”. Eles não são ucranianos. Eles são diabritos com a aparência ucraniana. Eles são os descendentes dos assassinos do povo. Com aqueles que negam que o Holodomor era o genocídio devem falar não os publicistas, não os politólogos, não os políticos, mas os investigadores criminais ucranianos (chamo a atenção: os investigadores criminais ucranianos). Recentemente, o Presidente ucraniano da Ucrânia (chamo a atenção Presidente ucraniano da Ucrânia) fez alguns passos em direcção não das pessoas abstractas, mas à nação ucraniana, recentemente ele chamou em voz viva o Holodomor de genocídio, e os diabritos gritaram. “Não é precisa a palavra genocídio, podemos chamar de outra maneira”, gritou um. “Ele abre a ravina entre os povos eslavos!”, gritou outro. A ravina foi aberta no ano de 1933. Uma ravina enorme. Uma enorme campa ucraniana. Nela se deitaram não as dezenas, não as centenas, não os milhares, não as centenas de milhar – milhões de camponeses ucranianos: as crianças, as mulheres, os homens… E não tinham nenhuma ajuda. Não havia junto a eles os Justos entre as Nações.
A nação ucraniana é assassinada e não morta, exterminada e inexterminável. Dos ucranianos tiraram a terra, a língua, a cultura, a história, o poder, até a própria vida. Exterminavam pela raiz a intelegentzia ucraniana, a elite ucraniana. Prendiam e fuzilavam. Exterminavam a fina-flor da nação ucraniana – os camponeses ucranianos. Matavam pela fome. Faziam o genocídio. Aqueles, que hoje tentam negar que o Holodomor dos anos 1932 – 1933 foi um genocídio da nação ucraniana, não temem e não conhecem o Deus. Eles conhecem e temem apenas o chefão e os assassinos. São criados. “Escravos, lambe botas, o lixo de Moscovo”. Eles não são ucranianos. Eles são diabritos com a aparência ucraniana. Eles são os descendentes dos assassinos do povo. Com aqueles que negam que o Holodomor era o genocídio devem falar não os publicistas, não os politólogos, não os políticos, mas os investigadores criminais ucranianos (chamo a atenção: os investigadores criminais ucranianos). Recentemente, o Presidente ucraniano da Ucrânia (chamo a atenção Presidente ucraniano da Ucrânia) fez alguns passos em direcção não das pessoas abstractas, mas à nação ucraniana, recentemente ele chamou em voz viva o Holodomor de genocídio, e os diabritos gritaram. “Não é precisa a palavra genocídio, podemos chamar de outra maneira”, gritou um. “Ele abre a ravina entre os povos eslavos!”, gritou outro. A ravina foi aberta no ano de 1933. Uma ravina enorme. Uma enorme campa ucraniana. Nela se deitaram não as dezenas, não as centenas, não os milhares, não as centenas de milhar – milhões de camponeses ucranianos: as crianças, as mulheres, os homens… E não tinham nenhuma ajuda. Não havia junto a eles os Justos entre as Nações.
Senhores, vocês sabem como morria, como agonizava de fome a aldeia ucraniana no centro da Europa? Primeiro comiam as cascas de batata. Depois as bolotas. Depois as gomas. Depois as raízes e as folhas. Comiam os cães, gatos, pardais, vermes, as peles, as solas de sapatos. Depois a aldeia se transformou em um deserto. As crianças gritavam a noite, pediam às mães o pãozinho. As mães não tinham o pãozinho. Depois as vozes de crianças já não se ouviam. Depois a aldeia começava uivar piedosamente. Depois gemia baixinho. Depois se calou e se transformou no cemitério. Mas o país tinha o pão. Isso era o assassínio do povo. Isso era o genocídio.
Eu conheço o Holodomor não dos historiadores, não dos publicistas, não dos escritores. Eu sei sobre o Holodomor da minha mãe. A minha mãe, Sara Aronivna Matusovska, em 1932 – 1933 era a professora de língua e literatura ucraniana na aldeia de Horozhene, na província de Mykolaiv. Ela foi sobrecarregada com as aulas extra de canto. As crianças ficavam encharcadas de fome. Adormeciam nas aulas. Acontecia, que nem acordavam. Mas no programa escolar estão as canções. Canções! Na primavera começaram comer o capim. Iam aos cemitérios, nos cemitérios sempre havia um capim farto. Um rapaz vizinho saiu de casa. Com muita dificuldade rastejou até o cemitério. Sem forças, caiu no capim. Mãe espera – não vem. Começou a procurar. Encontrou-o. De repente, viu que alguém é sepultado. Aproxima o rapaz, o puxa pela mão.
— Filhinho, lá sepultam alguém. Já está pronta a campa. Vamos, eu te lá coloco. De qualquer maneira, você não sobreviverá. Eu vou morrer brevemente, quem o sepultará?..
À muito custo as pessoas defenderam o menino. Em alguns dias morreram, a mãe e o rapaz. As pessoas os sepultaram.
Quantas são, estas trágicas campas sem o nome na Ucrânia? Esquecidas. Inesquecíveis. Quando serão julgados os carrascos? Quando? Eu espero.
Glória eterna aos assassinados.
Fonte: olena-nekora.livejournal.com/61513.html
Eu conheço o Holodomor não dos historiadores, não dos publicistas, não dos escritores. Eu sei sobre o Holodomor da minha mãe. A minha mãe, Sara Aronivna Matusovska, em 1932 – 1933 era a professora de língua e literatura ucraniana na aldeia de Horozhene, na província de Mykolaiv. Ela foi sobrecarregada com as aulas extra de canto. As crianças ficavam encharcadas de fome. Adormeciam nas aulas. Acontecia, que nem acordavam. Mas no programa escolar estão as canções. Canções! Na primavera começaram comer o capim. Iam aos cemitérios, nos cemitérios sempre havia um capim farto. Um rapaz vizinho saiu de casa. Com muita dificuldade rastejou até o cemitério. Sem forças, caiu no capim. Mãe espera – não vem. Começou a procurar. Encontrou-o. De repente, viu que alguém é sepultado. Aproxima o rapaz, o puxa pela mão.
— Filhinho, lá sepultam alguém. Já está pronta a campa. Vamos, eu te lá coloco. De qualquer maneira, você não sobreviverá. Eu vou morrer brevemente, quem o sepultará?..
À muito custo as pessoas defenderam o menino. Em alguns dias morreram, a mãe e o rapaz. As pessoas os sepultaram.
Quantas são, estas trágicas campas sem o nome na Ucrânia? Esquecidas. Inesquecíveis. Quando serão julgados os carrascos? Quando? Eu espero.
Glória eterna aos assassinados.
Fonte: olena-nekora.livejournal.com/61513.html
Sem comentários:
Enviar um comentário