segunda-feira, novembro 23, 2009

Ucraniano – brasileiros, quem eles são?

O arcebispo da Igreja Ortodoxa Auto – Cefálica Ucraniana na América do Sul, Dom Jeremias Ferens e um dos maiores e mais respeitados mestres na arte do teatro de bonecos, Manoel Kobachuk, são apenas dois exemplos de ucraniano – brasileiros, que singraram na sociedade brasileira, sem esquecer a pátria dos seus antepassados.

Ve hovórete po ucrainski?” dispara à queima-roupa dom Jeremias Ferens à fotógrafa Priscila Forone, da Gazeta do Povo, ao se ver diante de um rebento da Ucrânia. Quer saber se ela fala a língua dos antepassados. “Ni, ni” – desconversa Pri, com as bochechas rosadas de uma florista de Kyiv. “Tsc-tsc-tsc. Os jovens não conhecem mais o idioma dos seus,” decreta o arcebispo da Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana na América do Sul. Ele é solene: tem um dedo em riste na Panagia – sua medalha episcopal – e outro num fumegante Marlboro. Eis o homem.

Dom Jeremias é um fenómeno. Tem apenas 46 anos e nada menos do que 15 de episcopado. Sagrou-se bispo aos 30 e arcebispo ano passado. Sob sua tutela estão famílias ucranianas ortodoxas da Argentina, Paraguai e Brasil. Com tantos afazeres, passa quase metade do ano em viagens pastorais. Só aos Estados Unidos foi 34 vezes, sem falar na Turquia, Bélgica, Inglaterra, Espanha, Grécia e Guaratuba. Isso mesmo.

Ferens gosta tanto de Guaratuba quanto de Constantinopla, onde vira-e-mexe faz o beija-mão do patriarca Bartolomeu I, “papa” de 300 milhões de ortodoxos. Além da travessia no ferry-boat, não dispensa, idem, um batuque na cozinha, na qual manda tanto quanto na sua catedral bizantina – a pequena São Demétrio, erguida em 1960 num capão da Cândido Hartmann. O templo é uma das melhores paisagens curitibanas: fica a meio caminho do Parque Barigui, tem um sino pequeno no pátio e, heresia, é vizinho de um megacentro de fitness e wellness.

Ler mais por: José Carlos Fernandes
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/colunistas/conteudo.phtml?id=877994

O paranaense Manoel Kobachuk é um dos mestres mais respeitados do Brasil na arte do teatro de bonecos e se prepara para novas aventuras

Na entrada do teatro Dr. Botica, um senhor com seus 60 anos, cabelos brancos bem curtos e roupas pre­­­tas – o nome dele é Manoel Ko­­ba­­chuk –, aparece para abrir as por­tas e colectar os ingressos, destacando metade para si e metade pa­­­ra o espectador. “Qual delas você quer?”, pergunta para um menino de 4 anos, que leva um tempo para es­­colher entre os dois pedaços de papel.

Dentro do teatro, que é pequeno e aconchegante, pais e crianças vão se abancando. Não demora muito e o porteiro entra e diz que está todo mundo ali e que o espectáculo deve começar. Mas nada acontece. Ele grita o nome de alguém que não aparece, se desculpa, grita de novo e então diz que não há o que fazer. A peça precisa ser cancelada e ele deve recolher as caixas espalhadas sobre o palco.

Assim começa Surpresa, peça vencedora do Troféu Gralha Azul 1997 nas categorias espectáculo, texto e direcção. Ela é uma das 13 montagens do grupo que leva o nome do senhor de cabelos brancos bem curtos. Manoel Kobachuk é um dos maiores mes­­tres bonequeiros do Brasil, daqueles que são chamados para se apresentar em festivais europeus. E o porteiro do teatro Dr. Botica é só mais uma das sacadas de um profissional com mais de quatro décadas de experiência.

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