sábado, março 23, 2019

As operações de “medidas ativas” russas contra os EUA e Ucrânia

O ex-agente especial do FBI, ex-oficial do exército dos EUA e especialista em segurança cibernética, Clint Watts, oferece um olhar devastador e essencial das campanhas de desinformação, notícias falsas e operações de espionagem eletrónica, que se tornaram a vanguarda da guerra moderna russa contra os EUA e contra Ocidente.
De momento, Clint Watts é o principal perito americano em “higiene digital”, ele chegou a testemunhar perante a Comissão do Senado no âmbito da investigação sobre o presidente Trump e da interferência russa nas eleições dos EUA. As imagens são extraídas do seu livro Messing with the Enemy.
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Clint Watts explica como funciona o sistema russo dos hackers, trolls e “medidas ativas”, que neste momento está sendo estudado por outros países no intuito de o perceber para poder contrariar, usar e se defender dele.

As “medidas ativas” russas estão estruturadas em três níveis.
Profissionais (IRA), conhecidos como “trolls de Olgino”;
Apoiantes;
“Idiotas úteis”, que são a maioria.

Os trolls de Olgino reúnem os apoiantes em grupos em que estes se comunicam, sem desconfiar que o grupo é organizado pelos agentes/operativos russos, em seguida, no grupo são despejadas determinadas informações, os apoiantes partilham a informação pela Internet e o trabalho principal é feito por “idiotas úteis”, que buscam e distribuem a informação no resto da sociedade.

Assim é criado o vírus das determinadas informações que são úteis aos russos.

O blogueiro Michael Bernadsky explica como as táticas russas são usadas na Ucrânia:

“Cria-se uma conta no FB. A foto de uma pessoa é selecionada, roubada na Internet. À foto é anexada a bandeira ucraniana. Ou a frase “Free Sentsov!”. A conta é ativa. Usuário reposta constantemente notícias ucranianas sem qualquer importância. Faz parte de várias comunidades ucranianas. Desde “Kiev Interessante” até “Amantes de bordados ucranianos”. Usuário analisa os perfis dos visitantes e/ou dos seus amigos. Seleciona os “apoiantes”. Comunica com eles em privado. Cria o seu próprio grupo, por exemplo, “Diga não à corrupção na Ucrânia!” Convida os amigos e apoiantes à aderir ao grupo, depois convida toda a gente fazer o mesmo. O mesmo usuário opera várias contas, que se “comunicam” ativamente umas com as outras. Os usuários deste tipo (trolls de Olgino) são vários. Todos são amigos uns dos outros, todos se “comunicam” ativamente. Qualquer tópico escolhido por seus bots e bots de seus colegas parece uma conversa real. Nela participam os “apoiantes” e até os usuários desavisados que não percebem que estão envolvidos numa teia de “medidas ativas”. Eles são o alvo. Os chamados “idiotas úteis”. Eles reagem à qualquer “isca” e a espalham pela Internet. Além de notícias simplesmente polarizadas e pré-selecionadas, são lançadas as notícias falsas, as chamadas fake news. Eles também se espalham pela rede.

Fábrica de Lipetsk! Offshores! Férias nas Maldivas! Alcoolismo! Patronato dos corruptos. Lucrando com a guerra. Ficou rico em suprimentos militares!

Toda essa porcaria como um vírus se espalha pela rede”...

A receita do Clint Watts para combater as fake news – as refutar imediatamente na Internet para que as notícias falsas não tenham tempo para ganhar o impeto. Clint Watts também avisa que neste momento o poder total do sistema usado na Ucrânia está direcionado contra Presidente Petró Poroshenko.

Como uma vez disse o jornalista russo Arcady Babchenko: “a primeira coisa que Ucrânia deveria criar, é o instituto do estudo da Rússia”...

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