terça-feira, março 05, 2019

A comandante separatista de blindados se entrega à Ucrânia

A notória comandante separatista Svitlana “Veterok” Dryuk passou ao lado ucraniano, e juntamente com os seus filhos foi retirada de Donetsk. Na saída, Svitlana  participou na destruição de 9 blindados T-72, incluindo do seu pessoal – T-72B3 “Prizrak” (Fantasma).

Na Donbas ocupada, Svitlana Dryuk (1978), conhecida pelo seu nom de guerreVeterok” (Ventinho) era vista como símbolo do movimento separatista, entre 2014 e 2018 ela fez uma carreira brilhante, passando de uma simples paramédica até vice-comandante do regimento de blindados. As peripécias da sua vida serviram aos propagandistas russos como guião do primeiro blockbuster da “novaróssia”, filmado na Donbas com dinheiro russo, e que deveria ser exibido nos cinemas da Donbas ocupada já no dia 9 de maio de 2019, informa na sua reportagem a TV ucraniana 1+1 (tsn.ua)
Svitlana Dryuk, 28.08.1978
Não se sabe se o filme ainda será mostrado ao público, já que Svitlana Dryuk fugiu para Ucrânia livre e já declarou que deseja testemunhar no Tribunal Internacional de Haia sobre os crimes da guerra russos, cometidos no leste da Ucrânia:

Enredo do filme propagandista é simples, três ucranianas de Donbas estão combater Ucrânia e os ucranianos sob a bandeira da “novaróssia”. A publicidade do filme separatista usava as imagens reais da Svitlana Dryuk.
Quando a secreta ucraniana SBU retirou Svitlana de Donetsk, ela contava aos seus ex-comparsas que estava na cidade russa de Rostov, à tratar das feridas da guerra.

A memória fenomenal e a capacidade de trabalho rapidamente elevaram Svitlana até a liderança das unidades mercenárias. Ela ocupou as posições de destaque no assalto russo contra a cidade de Debaltseve; passou pelo batalhão Cheburashka”, “A 9ª” – ​unidade russo-terrorista que atacou Shyrokyne. O topo da sua carreira é o posto do vice-comandante do “11º regimento, a unidade mais combativa dos separatistas.

“Me dizem – você estava lutando, você matava as pessoas, sim, por isso me tornei a chefe da divisão de artilharia reativa em 2014. Não estou se justificando [...] eu fazia aquilo que me diziam” – diz Svitlana.
Mas o motivo pessoal forçou-a a mudar completamente sua vida e passar para o lado ucraniano: “Eu tenho aqui, espero, um amigo, que me está muito próximo. Ele é um oficial de serviço secreto [ucraniano], e a atitude de todos os envolvidos no meu presente destino é muito diferente daquilo que eu via lá [na Donbas ocupada]. Não me arrependo”.

Svitlana Dryuk comandava o blindado russo T-72B3. A versão russa do clássico T-72, que após uma modificação profunda até o nível de T-90. As forças armadas russas usam, em grande segredo, os territórios da Ucrânia ocupada para rodagem dos seus equipamentos militares. Svitlana entregou à Ucrânia os documentos que provam que os equipamentos mais modernos russos são ilegalmente levados até Donbas através da fronteira controlada pelas forças russas e separatistas.

O T-72B3 da Svitlana com código de identificação “Prizrak” (Fantasma) foi lhe trazido pelo capitão do exército russo Yuri Prilutsky. O capitão deveria receber a nova patente e se tornar o major. Poderá ficar surpreendido, quando souber que este blindado e outros oito T-72 “mais simples” foram dinamitados pela resistência ucraniana em novembro de 2018 no polígono militar nos arredores da cidade de Chystiakove (ex-Torez).
Publicado em 19/11/2018
A informação sobre a explosão dos blindados foi publicada na Internet, embora naquela altura as fontes ucranianas escreviam, no esforço de proteger os agentes e a rede da resistência, que os blindados foram perdidos, basicamente, devido ao excesso de álcool no seio dos separatistas.  

Alguns dias após a explosão, Svitlana já estava fora do território ocupado. Mas seus dois filhos, Dmytro e Natália, ficaram em Donetsk. Svitlana colocou apenas uma única condição para cooperar em pleno com a contra-inteligência ucraniana. Os filhos deveriam ser levados para Ucrânia livre.

“Realmente poderiam (matar as crianças). Em primeiro lugar, iriam maltratá-las, fazendo com que esta informação chegasse até mim, para me atrair novamente ou obter outra coisa qualquer. Seriam vítimas dos maus-tratos – isso com certeza. Mas se não conseguissem nada – as matariam”, – explica Svitlana.

A retirada dos filhos foi feita por etapas. Um erro e quer os jovens, quer os agentes ucranianos poderiam ser presos e torturados. Mas operação corre bem, Svitlana se reúne com os filhos já na Ucrânia livre.
Dmytro Dryuk, 24.02.1998
Dmytro também foi separatista ativo, por isso seu perfil está registado na página Myrotvorets. Zombificado pela propaganda separatista e russa, ele esperava que será detido, maltratado. Diz que se souber de início que mãe o chamou para ficar na Ucrânia livre, recusaria. “Mas a mãe disse – confia em mim”, – conta Dmytro.

Após a explosão dos blindados, o comando militar russo enviou ao regimento o novo comandante – alemão étnico Alexey Berngard (1978). Oficial de carreira, ele participou na ocupação e anexação da Crimeia, no ataque das forças regulares russas contra Debeltseve. Oficialmente, o tenente-coronel Berngard é comandante da 810ª Brigada dos fuzileiros navais russos em Sebastopol ocupada, na realidade, sob o nome fictício de “Tarasov” ele comanda o 11º regimento separatista de blindados no Donbas. Svitlana era a sua vice-comandante.  
Alexey Berngard, 22.10.1978
Svitlana está pronta para testemunhar no Tribunal Internacional de Haia sobre ele e diversos outros oficiais russos no ativo, que vieram até Ucrânia ocupada para não deixar terminar a guerra no leste do país.   

O próprio Berngard é caraterizado pela Svitlana como “um carreirista, interessado em realizar as tarefas à qualquer custo”, homem que chegou à Donbas com intenção de subir na carreira militar.

“Chegando cá [na Donbas], eles imediatamente assinam uma ordem que não tenham o direito de se comunicar connosco, aborígenes, fora do âmbito do serviço”, diz Svitlana.

Segundo Svitlana, o exército russo criou o algoritmo secreto para a eventual invasão do território ucraniano. Em cada unidade ilegal armada da dita “dnr” existe o departamento de RH. O departamento possui os documentos forjados dos soldados russos, que serão usados no ataque contra Ucrânia na qualidade dos “cidadãos locais”. Um único regimento da dita “dnr” em questão de horas, pode se desdobrar em três regimentos russos. Em toda a Donbas, podem chegar aos cerca de 100.000 militares.

“Todos os russos da lista são [registados] como locais. Um regimento local desdobra-se em três – se unidade possuir duas mil pessoas, virão seis mil russos”, explica Svitlana.

Tudo isso Svitlana está disposta repetir no Tribunal de Haia. Assim como está pronta para voltar à linha da frente no caso de agressão russa – trajando a uniforme ucraniana.

Blogueiro: o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) confirma o fa(c)to da passagem aos territórios controlados da Ucrânia da mercenária das unidades ilegais armadas russas na Donbas, Svitlana Dryuk, a “chefe do 11º batalhão de tanques do 1º corpo da milícia popular da dita dnr”, com o nome de código “Veterok”.

O chefe do SBU, general Vasyl Hrytsak disse: “Esta operação foi uma competição da inteligência e profissionalismo entre os serviços secretos russos e ucranianos, e o resultado obtido é mais uma prova da agressão armada russa”.

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