segunda-feira, outubro 27, 2014

A vitória da “junta” liberal, o fim do comunismo

As legislativas ucranianas decorreram sem maiores sobressaltos, oferecendo algumas boas e menos boas surpresas. Os dados não são finais, dado que cerca de metade dos 450 deputados são escolhidos pelas listas partidárias e outra metade nos circuitos uninominais (a Crimeia e territórios ocupados não elegem os deputados pelos circuitos uninominais).

A participação eleitoral foi de 52,42%; em 2007 a mesma era de 43,11%; em 2006 – 41,46%; em 2012 – 57, 98%. A não participação da Crimeia e dos territórios ocupados contribuiu positivamente para a futura organização do parlamento, impedindo a chegada massificada dos ex-quadros do Partido das Regiões, aniquilando os comunistas.
O primeiro-ministro em funções, Arseniy Yatsenyuk (Frente Popular)
Mais de 50% dos eleitores votaram na “junta sangrenta”, nos partidos da base governamental, que declaram a sua escolha liberal, ocidental, pró-NATO, etc. É quase certo que o futuro governo será criado muito rapidamente na base do Bloco do Petró Poroshenko (65 deputados), “Frente Popular” (58) e VO Svoboda (Liberdade) que terá pelo menos 16 deputados.

Pela primeira vez na história da Ucrânia independente, no parlamento não haverá os comunistas, o KPU não passará dos 5%, assim como não deverá eleger nenhum deputado nos circuitos uninominais. Portanto, a queda dos Lenines não se deu apenas fisicamente, nas mentes das pessoas o fantasma comunista também foi derrotado.
Cidade de Nikopol, província de Dnipropetrovsk
O populismo ainda funciona, o populismo pró-Ucrânia, “Partido do Oleh Liashko” e o populismo anti-Ucrânia, “O bloco da Oposição”. Espera-se que Liashko terá muito espaço para ir às fuças da “oposição”, que, em princípio, deveria estar na cadeia e não no parlamento.

VO Batkivshyna da Yulia Tymoshenko não se conseguiu posicionar na Ucrânia pós-Maydan e passará ao novo parlamento à tangente. Boa notícia, a piloto-aviadora Nadia Savchenko, o 1º número do partido já foi eleita como deputada. Os ocupantes russos terão maior grau de dificuldades de condena-la à prisão efetiva, apesar do seu cativeiro numa cadeia russa.

VO Liberdade estive no governo e como tal, sentiu algum desgaste político. Parcialmente, os seus eleitores na Ucrânia ocidental votaram em “União Samopomich” (Auto-ajuda), no entanto o partido consolidou a sua base eleitoral, avançando imensamente para o centro e leste do país, transformando-se em um verdadeiro partido de toda a Ucrânia.

No parlamento haverá a 5ª coluna separatista e anti-ucraniana, “O bloco da Oposição”, no total, com ajuda dos circuitos uninominais eles terão cerca de 30 deputados. Boa notícia, mais um clone das “regiões”, Serhiy Tyhipko e a sua “Ucrânia Forte” não entram no parlamento.

O “Setor da Direita” não entrará no parlamento, ausência de estrutura política e do trabalho político não foi compensado pelo desempenho brilhante na frente da batalha. No entanto, o seu líder, Dmytro Yarosh vence folgadamente no 39º circuito uninominal de Dnipropetrovsk e será eleito deputado com cerca de 35,3% dos votos, escreveu no seu FB o vice-chefe da administração estatal de Dnipropetrovsk, Svyatoslav Oliynyk. Tal como em Kyiv, no circuito uninominal foi eleito o porta-voz (de facto, o ideólogo), do partido, Boryslav Bereza.
Boryslav Bereza (de azul) e Dmytro Yarosh (de casaco preto)
Diversa boa gente estará no parlamento, casos dos comandantes dos batalhões voluntários “Donbas” – Kostiantyn Hryshyn (“Semen Semenchenko”), Yuriy Bereza (“Dnipro-1”) ou Andriy Biletskiy do regimento “Azov”. O eleitorado desesperadamente quer ver as caras novas, talvez isso explica os resultados da “União Samopomich”, que usou como os trunfos os bons resultados do seu líder, Andriy Sadoviy, como prefeito de Lviv. Mas na lista partidária Sadoviy ocupa a 50ª posição e não será eleito.

O futuro parlamento terá a maioria parlamentar pró-ocidental que poderá adoptar as reformas mais corajosas e necessárias. Mas só o futuro dirá se a chance será usado de maneira sábia e se Ucrânia finalmente romperá com o passado colonial, se juntando à Europa, nem que seja até 2020, como prometeu presidente Poroshenko.

No dia das eleições o presidente Petró Poroshenko visitou a cidade de Kramatorsk, onde conviveu com os civis e militares. A cidade foi liberada pela Ucrânia após uma curta ocupação pelos terroristas russos, que, no entanto, mantêm a ameaça constante de avançar contra a urbe.

O voto da Diáspora

Os ucranianos de todo o mundo mandam as fotos e vídeos que mostram o seu voto nos circuitos eleitorais fora da Ucrânia: http://goo.gl/3oqPbq

Nas fotos em cima e em baixo o voto em Pretoria, na África do Sul:



Sem comentários: