As legislativas ucranianas decorreram sem maiores sobressaltos, oferecendo
algumas boas e menos boas surpresas. Os dados não são finais, dado que cerca de metade
dos 450 deputados são escolhidos pelas listas partidárias e outra metade nos
circuitos uninominais (a Crimeia e territórios ocupados não elegem os deputados pelos circuitos uninominais).
A participação eleitoral foi de 52,42%; em 2007 a mesma era de 43,11%; em 2006
– 41,46%; em 2012 – 57, 98%. A não participação da Crimeia e dos territórios
ocupados contribuiu positivamente para a futura organização do parlamento,
impedindo a chegada massificada dos ex-quadros do Partido das Regiões,
aniquilando os comunistas.
O primeiro-ministro em funções, Arseniy Yatsenyuk (Frente Popular) |
Pela primeira vez na história da Ucrânia independente, no parlamento não
haverá os comunistas, o KPU não passará dos 5%, assim como não deverá eleger
nenhum deputado nos circuitos uninominais. Portanto, a queda dos Lenines não
se deu apenas fisicamente, nas mentes das pessoas o fantasma comunista também
foi derrotado.
Cidade de Nikopol, província de Dnipropetrovsk |
O populismo ainda funciona, o populismo pró-Ucrânia, “Partido do Oleh
Liashko” e o populismo anti-Ucrânia, “O bloco da Oposição”. Espera-se que
Liashko terá muito espaço para ir às fuças da “oposição”, que, em princípio,
deveria estar na cadeia e não no parlamento.
VO Batkivshyna da Yulia Tymoshenko não se conseguiu posicionar na Ucrânia
pós-Maydan e passará ao novo parlamento à tangente. Boa notícia, a
piloto-aviadora Nadia Savchenko, o 1º número do partido já foi eleita como
deputada. Os ocupantes russos terão maior grau de dificuldades de condena-la à
prisão efetiva, apesar do seu cativeiro numa cadeia russa.
VO Liberdade estive no governo e como tal, sentiu algum desgaste político.
Parcialmente, os seus eleitores na Ucrânia ocidental votaram em “União
Samopomich” (Auto-ajuda), no entanto o partido consolidou a sua base eleitoral,
avançando imensamente para o centro e leste do país, transformando-se em um verdadeiro
partido de toda a Ucrânia.
No parlamento haverá a 5ª coluna separatista e anti-ucraniana, “O bloco da
Oposição”, no total, com ajuda dos circuitos uninominais eles terão cerca de 30
deputados. Boa notícia, mais um clone das “regiões”, Serhiy Tyhipko e a sua “Ucrânia
Forte” não entram no parlamento.
O “Setor da Direita” não entrará no parlamento, ausência de estrutura
política e do trabalho político não foi compensado pelo desempenho brilhante na
frente da batalha. No entanto, o seu líder, Dmytro Yarosh vence folgadamente no
39º circuito uninominal de Dnipropetrovsk e será eleito deputado com cerca de
35,3% dos votos, escreveu no seu FB o vice-chefe da administração estatal de Dnipropetrovsk, Svyatoslav Oliynyk. Tal como em Kyiv, no circuito uninominal foi eleito o porta-voz (de facto, o ideólogo), do partido, Boryslav Bereza.
Boryslav Bereza (de azul) e Dmytro Yarosh (de casaco preto) |
O futuro parlamento terá a maioria parlamentar pró-ocidental que poderá
adoptar as reformas mais corajosas e necessárias. Mas só o futuro dirá se a
chance será usado de maneira sábia e se Ucrânia finalmente romperá com o
passado colonial, se juntando à Europa, nem que seja até 2020, como prometeu
presidente Poroshenko.
No dia das eleições o presidente Petró Poroshenko visitou a cidade de
Kramatorsk, onde conviveu com os civis e militares. A cidade foi liberada pela
Ucrânia após uma curta ocupação pelos terroristas russos, que, no entanto,
mantêm a ameaça constante de avançar contra a urbe.
O voto da Diáspora
Os ucranianos de todo o mundo mandam as fotos e vídeos que mostram o seu
voto nos circuitos eleitorais fora da Ucrânia: http://goo.gl/3oqPbq
Nas fotos em cima e em baixo o voto em Pretoria, na África do Sul:
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