Simplesmente até as lágrimas. Sobre a “Pátria real”. Desde os tempos da
Maydan a vida dos supermercados noturnos de Kyiv se tornou um mundo à parte da
capital ucraniana. Este mundo é engraçado, irónico e ilimitado...
por: Tetiana
Marinova
E já que eu volto tarde, muitas vezes observo cenas diferentes.
Sexta-feira, uma de manha. Supermercado à funcionar 24/24 horas, “Velyka Kyshenya”
(Grande Bolso) na rua “Académico Vernadsky”. Entro e no departamento das frutas
vejo um militar da Guarda Nacional... A face batida pelo vento, tudo empoeirado,
um forte cheiro de suor masculino... Tudo estava claro – o homem voltou da área
da OAT e tenta não voltar para casa de mãos vazias.
Aqui o meu telefone tocou. Enquanto eu conversava, ele olhava para mim. Os
seus olhos... Nós tivemos esses olhos nos dias 18-20 de fevereiro (de 2014).
Nesses olhos estava a mistura de emoções e sentimentos que ainda não foi capaz de
compreender o cérebro da pessoa que não passou pelo inferno e não quebrou lá.
– Você voltou para casa? – perguntei eu.
– Bem, mais um quarteirão falta para voltar. Passei pela loja.
– Você é uma jornalista?
– Sim. E você tem a família, os filhos?
– Sim, a esposa Olga e filha Vita de 4 anos.
– E como se chama?
– Sasha (Oleksander)!
– Não se pode ter com Vita de mãos vazias. Quero lhe oferecer estes
pêssegos, e você comprará tudo o resto que ela gosta.
– Sim, mas não haverá uma festa. Ainda não há dinheiro no cartão. Apenas 40
hryvnias (3,04 dólares). A Pátria avaliou...
E aqui me levei! Francamente falando, o meu cérebro deixou de ser sano...
Por trás estava uma semana realmente difícil, praticamente a luta de 24/24
horas contra a máquina do Estado, contra as suas mentiras e tentativas de
encobrir a verdade, o voluntariado, a procura pelas pessoas, tentativas de
acalmar as mães... E aqui um Sasha concreto sem dinheiro...
– Pátria – não é Ministério das Finanças, Pátria são pessoas... Veja isso...
As frutas ficam perto das caixas. Durante a noite (trabalha) uma caixa. E uma
eterna fila de 10-12 pessoas. Em geral, homens, as companhias dos estudantes...
Pela loja ainda as pessoas vagueavam às pares... E eu falei em voz alta com a
fila.
– Apresento, é Sasha. Ele volta da zona de OAT para casa, vai ter com a
filha Vita.
Começaram os aplausos... E então as pessoas foram lhe apertar as mãos, bater
no ombro. E o mais importante, começaram as questões de fundo masculinas... Sem
estes: “Bem, como é que lá?”
– Você está vazio? Então, toma lá, Sanya,... As carteiras dos homens se
abriam e o nosso povo tirava simplesmente as notas de 100 e 200 UAH. Oleksander
no início ficou mudo, depois começou recusar, corando de orelha a orelha,
resistia, dizendo que ele não é um mendigo.
– Você não recusa, toma e responda às perguntas.
– Você está lá proteger o povo ou o quê? – Povo. – Então o povo te apoia...
– E mais na mesma linha de pensamento...
– Você ficará muito tempo?
– Para já um mês.
– Voltas para lá?
– Sim, o que mais importa que não reaparecem os palradores e o bolor. Há
alguns... Temos que ter a unidade, e eles estão criando o ranho... Abateria estes
filhos da put@... Eu metia os pêssegos, ao lado uma moça escolhia as bananas, outra
– ameixas. Uma, atrás da outra fomos até a caixa vazia. Eu paguei. No meu
pacote com os pêssegos, a moça se ofereceu colocar bananas e ameixas. Afinal,
as moças escolhiam as para Sasha, não para elas. Ao lado ficou amontanhado o segundo
pacote, e uma alta voz feminina, de uma mulher de uns 55 anos.
– Então, homens, trocaram os números de telefone e depois vão discutir a
guerra. E você, Sasha, tome estes pacotes e corre para casa. Pois aqui há legumes, carne... É quente...
– Sim, – foi ouvida mais uma voz feminina... e mais um pacote cheio foi
depositado. – Eu tenho para você iogurte, queijo fresco, nata... Tudo isso se deve
colocar na geleira e mais rápido...
– E nós temos a tarte – acrescentou uma outra moça, cercada pelo seu
grupinho, já se afastando da caixa.
– E 10 embalagens de sorvete ... e sumo – uma outra moça com uma amiga já
na caixa...
– E os cigarros com a cerveja ... Fres-qui-nha! – Rapazes-estudantes...
Houve uma pausa. Sasha confuso, olhos esbugalhados, olhou para nós mudo. E depois
disse: “Sim, mas não é precisa!!! Vocês, pá-a-a-a?” As pessoas começaram a reclamar...
– Então, eu estou de carro, – disse um homem. – Toma lá o dinheiro. Agora
eu vou pagar as minhas coisas e depois te levo.
Quando nós carregamos tudo dentro do carro, Sasha, confuso, agradeceu todos
nos, olhou para nós e preferiu:
– Povo, bem, eu estou surpreendido de c@ralho... Vocês são a Pátria real...
Fonte:
https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=567023753420075&id=100003373651993
Fotos@ Vasyl
Holoveshenko (ex-Pozyvnoy Marshal e não são relacionadas diretamente com o
artigo).
Os militares da guarda-fronteira da Ucrânia são ovacionados pelo povo na estação dos caminhos-de-ferro de Lviv, não é um vídeo promocional, é a vida real...
Os militares da guarda-fronteira da Ucrânia são ovacionados pelo povo na estação dos caminhos-de-ferro de Lviv, não é um vídeo promocional, é a vida real...
https://www.youtube.com/watch?v=da54oztCDM0
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