terça-feira, fevereiro 19, 2013

Ouro cossaco da A. K. Shevchenko


O tríler políticoBequest(“Herança”, ainda não foi publicado em português), da escritora britânica nascida na Ucrânia, Anna Shevchenko, tem todos os ingredientes para se tornar uma ótima escolha de leitura e quem sabe, uma boa produção de Hollywood. Até agora o livro foi traduzido para 12 idiomas (Ein fatales Erbe, Héritage).

por: Laura Raiz, Bequest (texto adotado)

O livro explora a lenda do ouro cossaco perdido, supostamente depositado no Banco da Inglaterra, no século 18 por Hetman Pavlo Polubotok, assegurando o futuro independente para Ucrânia. Andriy Polobutko, um descendente de Hetman Polubotok, tenta reivindicar a herança da família, e instrui Kate, uma advogada inglesa com ascendência ucraniana, para o ajudar com aspetos legais da recuperação do ouro.

Como este súbito afluxo de dinheiro irá influenciar o equilíbrio de poder entre Rússia e Ucrânia recém-independente, e teria consequências graves para o Banco da Inglaterra, a tentativa de recuperação atrai a atenção dos serviços de inteligência e governos russo e britânico. Taras Petrenko, um ucraniano étnico e funcionário do Serviço de Segurança da Rússia (FSB), tem a missão de tentar evitar qualquer reclamação do ouro. Desde a independência da Ucrânia, Taras foi posto a trabalhar nos arquivos, pois as suas lealdades foram vistas com suspeição. Mas agora ele tem a chance de recuperar a sua carreira.

A ação leva-nos à Londres, Rússia, Argentina, Cambridge e Ucrânia, na procura da documentação que poderá ajudar na reivindicação de herança, é vista à partir das perspetivas de Kate e do Taras. A história das anteriores tentativas dos membros da família Polobutko de reivindicar o ouro cossaco (todos frustrados pelos serviços de inteligência russos), se entrelaçam na narrativa. Isso permite mostrar a jovem pungente do século XVIII, Sophia Polobutko e a sua descendente da década de 1960, a estudante Oksana, iludida por uma falsa sensação de segurança da Primavera do Khrushov.

Ambos, Taras e Kate, na sua caminhada, são vítimas da ordem política pós-Guerra Fria, embora com a infelicidade mais evidente do Taras, devido as suas lacunas de educação e abusos sofridos no exército.

Os factos e a ficção são cuidadosamente entrelaçados neste livro: a lenda de ouro dos cossacos foi fundada em uma verdadeira lenda (Ouro do Polubotok), os extratos do diário e as experiências de repressão acadêmica por parte das autoridades são tomadas à partir da experiência familiar da autora.

“Bequest” é um romance intrigante e agradável, lida com o tema central com subtileza surpreendente de caracterização. O enredo, as passagens entre as épocas diferentes, as perspetivas, são habilmente manipulados pela autora. Este romance deve agradar os fãs de John Le Carre and David Downing, interessados na era pós-soviética.

A entrevista de escritora:

2 comentários:

Mauricio Mazur disse...

Qual o parentesco dessa escritora com Taras Shevetchenko?

Jest nas Wielu disse...

Francamente, não se sabe, é possível que nenhum, Shevchenko é um apelido (sobrenome) bastante divulgado na Ucrânia.