O tríler político “Bequest”
(“Herança”, ainda não foi publicado em português), da escritora britânica nascida na
Ucrânia, Anna Shevchenko, tem todos os ingredientes para se tornar uma ótima
escolha de leitura e quem sabe, uma boa produção de Hollywood. Até agora o
livro foi traduzido para 12 idiomas (Ein fatales Erbe,
Héritage).
por: Laura Raiz, Bequest (texto adotado)
O livro explora a lenda
do ouro cossaco perdido, supostamente depositado no Banco da Inglaterra, no
século 18 por Hetman Pavlo
Polubotok, assegurando o futuro independente para Ucrânia. Andriy
Polobutko, um descendente de Hetman Polubotok, tenta reivindicar a herança da
família, e instrui Kate, uma advogada inglesa com ascendência ucraniana, para o
ajudar com aspetos legais da recuperação do ouro.
Como este súbito afluxo
de dinheiro irá influenciar o equilíbrio de poder entre Rússia e Ucrânia recém-independente,
e teria consequências graves para o Banco da Inglaterra, a tentativa de
recuperação atrai a atenção dos serviços de inteligência e governos russo e
britânico. Taras Petrenko, um ucraniano étnico e funcionário do Serviço de
Segurança da Rússia (FSB), tem a missão de tentar evitar qualquer reclamação do
ouro. Desde a independência da Ucrânia, Taras foi posto a trabalhar nos
arquivos, pois as suas lealdades foram vistas com suspeição. Mas agora ele tem
a chance de recuperar a sua carreira.
A ação leva-nos à Londres,
Rússia, Argentina, Cambridge e Ucrânia, na procura da documentação que poderá
ajudar na reivindicação de herança, é vista à partir das perspetivas de Kate e do
Taras. A história das anteriores tentativas dos membros da família Polobutko de
reivindicar o ouro cossaco (todos frustrados pelos serviços de inteligência
russos), se entrelaçam na narrativa. Isso permite mostrar a jovem pungente do
século XVIII, Sophia Polobutko e a sua descendente da década de 1960, a
estudante Oksana, iludida por uma falsa sensação de segurança da Primavera do
Khrushov.
Ambos, Taras e Kate, na
sua caminhada, são vítimas da ordem política pós-Guerra Fria, embora com a
infelicidade mais evidente do Taras, devido as suas lacunas de educação e
abusos sofridos no exército.
Os factos e a ficção
são cuidadosamente entrelaçados neste livro: a lenda de ouro dos cossacos foi
fundada em uma verdadeira lenda (Ouro do Polubotok), os
extratos do diário e as experiências de repressão acadêmica por parte das
autoridades são tomadas à partir da experiência familiar da autora.
“Bequest” é um romance
intrigante e agradável, lida com o tema central com subtileza surpreendente de
caracterização. O enredo, as passagens entre as épocas diferentes, as perspetivas,
são habilmente manipulados pela autora. Este romance deve agradar os fãs de John
Le Carre and David Downing, interessados na era pós-soviética.
A entrevista de
escritora:
http://tyzhden.ua/Culture/70004 (ucraniano)
2 comentários:
Qual o parentesco dessa escritora com Taras Shevetchenko?
Francamente, não se sabe, é possível que nenhum, Shevchenko é um apelido (sobrenome) bastante divulgado na Ucrânia.
Enviar um comentário